Minha Vida É Tua (Disponível Na Dreame, Hinovel E Lera)

Capítulo 5

Sem correção ortográfica

Pés descalços, saltam uma, duas poças de lama, meu corpo inteiro dói, já me acostumei a dor, feridas nos joelhos já não são mais uma novidade, busco por algo que não sei o que é, num instante o cenário muda, ainda estou procurando algo, olho embaixo da pequena cama que um dia teve espaço para comportar meu corpo inteiro, hoje sou maior que ela, tenho que me encolher ao máximo para dormir nela, ouço a porta da frente se abrir num baque, seguida por um grito.
- Silvia cadê você sua ratinha! Espero que tenha ido atrás do meu dinheiro, se eu não tiver um pouco de sossego você também não terá...-
Sua voz enrolada me diz que ela bebeu e fumou, sempre que ela fuma aquela coisa fedida ela me castiga até se cansar.
Saio devagar do meu esconderijo, me arrependo assim que sinto duas mãos pegarem meu pescoço...

Acordo suada e trêmula, mesmo com todos os anos de terapia não consegui superar, os medicamentos para dormir só aumentavam meus pesadelos, não me ajudavam apenas me deixavam lenta, e atrapalhavam meus estudos, tomei vários até perceberem que minha resposta era sempre negativa, então ficaram apenas as consultas, quando o Daniel chegou pensamos que eles teriam ido embora, e tinham, mas sempre que me sinto ansiosa ou sempre que acontece alguma coisa que me perturba eles voltam com tudo.

Segunda semana aqui, foi muito difícil deixar minha casa, deixar o Dan, mas foi preciso, ele ficou triste, precisei de uma semana inteira para convencer ele que era o melhor para mim, ele vem toda quarta feira e eu vou todos os finais de semana, jogo futebol, vídeo game, ele me ensinou a jogar o tal do free fire e confesso que já o venci várias vezes.

Ah já ia me esquecendo meu pai está saindo com a tenente Rute, já foram ao cinema, jantar e também em uma casa de show, eu super apoio, e amo ver o sorriso e o brilho voltar ao seu olhar, a Rute também tem uma filha,  uma garotinha linda de sete anos que gruda no Dan sempre que o vê, o que não o agrada muito, é muito engraçado vê-lo tentar se livrar dela, que é muito inteligente e sempre o pega desprevenido.

Morar só não tem todo aquele luxo que as pessoas pensam, muito pelo contrário, mas eu sempre cuidei das minhas coisas então não é difícil manter minha casa organizada, minha comida é congelada e uma vez na semana a Nice vem abastecer minha geladeira.

Escolho uma blusa social manga longa, uma calça djeans preta, amarro meu cabelo no alto da cabeça num rabo de cavalo o que faz meus cachos descerem em cascata, coloco um brinco pequeno que ganhei de aniversário de 15 anos da mamãe, eu não quis festa, fomos a pizzaria, ao shopping e eles me compraram muitos presentes, voltando ao momento, estou me arrumando para ir trabalhar no escritório do doutor Fernando um amigo de profissão do papai.

Hoje é meu primeiro dia de trabalho, fui transferida para o horário noturno na faculdade, as matérias estão um pouco atrasada então não terei nenhum problema em acompanhar a turma, se você me perguntar: e os amigos Sil?! Não tenho amigos, não sou uma pessoa sociável, não tenho interesse em ser, posso muito bem me passar por uma pessoa chata, metida a besta, mas na realidade as decepções e tudo que já vivi me tornou uma pessoa fechada.

Desço o elevador me lembrando das orientações do Jhon, basicamente vou atender telefone, agendar consultas, remarcar algumas...e por aí vai, entro no carro do motorista de aplicativo, sempre na parte de trás, para evitar qualquer tipo de transtorno.

O consultório fica em um edifício comercial, tudo muito requintado, não toco em nada a não ser os botões do elevador que me levam a uma recepção, a recepção é composta por um balcão de vidro espelhado, onde tem uma moça de sorriso nervoso, parece preocupada com alguma coisa, conheço quando alguém está incomodado.
- bom dia, sou a Sílvia, vim para...-
Ela me sorri mas seu sorriso não me convence, ela está triste, dá pra ver.

- sim... Sim você veio pela vaga... Vou te ensinar tudo em dois dias, eu me chamo Beatriz, seu pai me falou muito sobre você, disse que você é esperta e aprende rápido... E muito séria não vai dar espaço pra uns e outros...- resmunga baixinho, mas eu escutei e não entendi nada.

Ela não me olhou diferente, é um pouco atrapalhada mas muito organizada, ela se senta em uma cadeira e me observa repetir tudo que ela me ensinou, quarenta minutos depois que eu cheguei escuto a porta do consultório se abrir e sorrisos, escandalosos, sai de dentro da sala uma mulher alta muito bonita, pele muito branca, cabelos negros e longos, ela não olha para ninguém vai direto para o elevador, escuto um suspiro ao lado e olho para a Beatriz e vejo uma lágrima solitária rolar em seu rosto e entendi o que ela quis dizer, ela disfarça com o óculos joga uma mecha dos cabelos louro cacheados para trás, se levanta e toma água em um bebedouro ao lado da recepção, duas mulheres chegam e uma morena de voz bastante fina pergunta:
- meu noivo está... Ah não precisa responder...- seguiu para a sala, percebo os ombros da loura relaxar, mas parecem encurvados.

Ela segue com as orientações, alguns minutos depois a morena vai embora e as pacientes começam a chegar, algumas mulheres saem afobadas e remarcam a consulta, que só tem vagas para o mês de janeiro do próximo ano, até agora não vi o doutor Fernando.

O horário do almoço chega e ele sai da sua sala, e vejo que é um homem muito bonito, nada de especial apenas um loiro de sorriso cafajeste o doutor Fernando Lúcio é jovem ao contrário do que imaginei, por ser amigo do papai, encosta no balcão onde estamos e sorri de canto, não posso negar que ele é lindo mas seu charme, seu canto não me encanta então dou um sorriso profissional.
- bom dia meninas...- fala arrastado - não volto hoje...- morde o lábio inferior e olha a garota ao meu lado.
- ah você deve ser a Sílvia...prazer doutor Fernando, ou só Fernando.- diz voltando seu olhar azul impressionante para mim.
- Beatriz... Até amanhã.- e sai deixando a garota vermelha e suspirando.

- aqui perto tem um restaurante muito bom... Quer ir comigo?!- ela sorri sem graça, porque não?

- vou pegar minha carteira...- a garota fala o tempo todo.
- você deve estar se perguntando se já rolou algo entre eu e o doutor Fernando né? Mas te garanto, nunca rolou nada, ele não me vê como mulher, acho que devo ser feia... estou saindo por que não aguento mais ficar perto dele, não aguento mais aquele tanto de mulher que entra e sai do seu consultório...- ela sorri.
- O engraçado é que só deve entrar mulheres já que ele é ginecologista...- ela continua falando e falando sem respirar e mesmo assim não parece cansada.
Chegamos ao restaurante e fico impressionada com a decoração, mas não fico abobalhada olhando tudo como se viesse do mato, nos sentamos e uma garota de sorriso grande, grande é eufemismo, gigante, nos atende dando boas vindas.
E nos encaminha a uma mesa de dois lugares, almoçamos enquanto Beatriz fala sem parar, já falou dos seus gatos, livros preferidos, filmes, ela fala sobre tudo e todos, mas não me sinto incomodada com seu falatório.
Voltamos para o consultório e a garota continua falando, não estou ficando cansada por que eu aproveito para pensar em outras coisas, mas sou obrigada a voltar quando ela diz.

- hoje não precisamos fazer quase nada, só desmarcar e remarcar algumas consultas, respire fundo pois algumas madames vão ficar histéricas, é só ignorar e dar uma desculpa qualquer, já adoeci parte da família e matei alguns kkkk só tome cuidado pára não matar os pais, são muito conhecidos...- ela faz uma careta engraçada.

******

Chego na faculdade e vou direto para a sala, o professor de clínica médica dividiu a turma em quatro grupos, o primeiro grupo, vai falar de doenças parasitárias, o segundo de doenças tropicais, o outro de doenças sexualmente transmissíveis e o outro sobre cuidados com a saúde tipo prevenção de diabetes mellitus tipo 2 ( que é a diabetes adquirida), colesterol e hipertensão arterial.

Houve uma discussão, alguns rapazes queriam escolher suas colegas de grupo mas o professor sorteia os grupos.

Olá pessoas lindas!🥰🤩😍 Saudades!
Quem aí está ansioso/a por um certo encontro, calminha aí que teremos um encontro.
Mas antes disso vamos ver um pouquinho mais do desabrochar da Sílvia.