Purple Eyes •{MiChaeng}•

Capítulo um: Por que não?

– Mas mãe, é tão simples! É só a senhora e o papai deixarem, que eu vou 'pra lá, estudo e quando menos esperarem, estarei de volta - pedi fazendo minha melhor carinha de cachorrinho triste

– Já falei que não, por que ainda volta neste assunto, Myoui Sharon Mina? - falou a mais velha se levantando da mesa e inda lavar a louça, acho que dessa vez vai ser mais difícil

– Por que é sempre não? - minha voz saiu com um tom de choro

– Porque sabemos o que é melhor para você, e o dinheiro que temos não pode ser gasto com bobeiras de adolescente.  - disse com uma cara nada agradável, okay, acho que falhei novamente. – Limpe a sua bagunça e não toque mais neste assunto, está encerrado. Além do mais, você já sabe a minha resposta e a do seu pai.

– ilim di mis vici ji sibi..

– Está resmungando, Myoui? - me olhou com uma das sobrancelhas arqueada, é agora que levo um prato na cara

– Não, mãe. Estou saindo, limpo tudo depois.
- andei o mais depressa possível para fora da casa, não queria ter a marca de um prato em meu lindo rostinho.

Sentei-me na calçada em frente a casa de Momo, ela estava quase o tempo todo por ali, diz que ficar trancada em casa é chato e sufocante, pois não consegue comer em paz.

– O que houve, Pinguim? Tá com uma cara péssima - diz enquanto comia sua pipoca

– Você sabe, a mesma história de sempre - minha voz saiu cansada, nada diferente da expressão que devia haver em meu rosto

– Não sei o por quê disso, ainda acho que você deveria tentar ganhar um dinheiro. Seria mais fácil

– Onde moramos já não tem emprego, quem dirá para uma menina e ainda por cima "nova demais" - fiz aspas com os dedos – Esses adultos são antigos dema- MOMOOO, TIVE UMA IDEIA

– Primeiro: por que está gritando? Tô do seu lado, idiota. Segundo: já disse que não irei te ajudar a pegar aquela... coisa da senhora Hiroshi, a velha é doida. Terceiro: você 'tá me devendo um saco de pipoca, porque me fez derrubar tudo.. - falou tudo num só fôlego, depois olhou para as pipocas espalhadas pelo chão, parecia até que o amor da vida dela que tinha morrido, dramática demais mermão

–  Desculpe o grito, e eu sempre te dou comida então relaxa que te faço uma panela toda disso ai. Já desisti de pegar emprestado, sem pedir, aquelas coisas. Nem tem pra quê usar mesmo - dei de ombros

– Por que você não usa suas economias? Achei que ainda as tivesse

– ah, é por-... VOCÊ É GENIAL, GAROTA

– Já disse, para de gritar - me deu um tapa fraco no ombro – E eu sei, mas você é lerdinha demais às vezes

– Caramba, ninguém me respeita mais... Falando nisso, onde 'tá a Shiba?

– Se pegando escondida com a Eunha em algum lugar por ai, sabe como são as pessoas daqui - fez uma careta, acho que era pra ser de desgosto

– Faz sentido, mas pensei que já tivesse se assumido para a tia dela

– Não, acabou desistindo da ideia. Mas mudando de assunto, o que a senhorita pinguim pretende fazer? - seus olhos curiosos pairaram sob mim, ela sabe quando penso em algo possivelmente louco

– Ainda não sei exatamente, Moguri, mas que vou ir 'pra Harrisburg, eu vou.

🌘🌒

Deitada na cama, olhando para o teto escuro de meu quarto, pensei na coisa mais insana possível para ser feita: atravessar a floresta e ir em direção á capital.
Sim, eu tentei pesquisar na internet, não sou tão burra assim. Mas sabem aquela internet de escada, que é tão lenta quanto uma tartaruga escalando o Monte Everest? Então, não deu nem sequer pra carregar a página onde mostrava o caminho. E não, não vou usar um daqueles mapas enormes que pessoas em filmes usam, nem sei onde achar um desses.

Enfim, pensando com meus botões durante a madrugada, cheguei a seguinte conclusão: por que não fazer exatamente isso?
É só sair durante a noite, meus pais não irão nem sequer notar, não tenho irmãos mesmo, ou seja, ninguém 'pra me dedurar. Momo e Sana já devem imaginar que vou pensar em algo desse tipo, aquelas duas me conhecem desde que tínhamos 5 anos de idade, vinhemos praticamente juntas do Japão, logo, não ficarão surpresas com nada disso.

É, acho que vai ser o plano perfeito.

Ou nem tanto