Xamã me deixou em casa naquela noite depois de comermos juntos.
- Boa noite Julieta. - ele sorriu abaixando o vidro do carro.
- Boa noite Xamã. - dei um sorriso de volta e ele ficou surpreso e desceu do carro.
- Não pera aí Brasil! - ele parou na minha frente super empolgado. - Julieta foi legal comigo pela primeira vez! - Eu cruzei meus braços e ri daquilo. - Ok isso é tudo pra minha carreira. - ele parou, me olhou e me puxou para um abraço bem forte. Posso dizer que ficamos daquele jeito por mais de um minuto e tenho que admitir que estava muito bom.
- Tenho que ir. - falei com uma voz manhosa e sorri pra ele.
- Fica mais um pouco aqui. - ele me apertou, dificultando a minha tentativa de se desfazer de seus braços. - Esse perfume que você usa é muito cheiroso.
- O seu também é muito gostoso. Seu cheiro ficou no meu cabelo ontem. - minha voz estava meio abafada e como eu era baixinha, conseguia escutar as batidas do seu coração. - Obrigada pela noite. Foi muito gostosa.
- Eu que tenho que agradecer por ter me acompanhado hoje. - sorri e finalmente Xamã me soltou.
- Preciso ir agora. - me desfiz de seus braços, soltei um sorriso curto, o olhei uma ultima vez e me virei de costas para o garoto, entrando em minha casa.A primeira coisa que fiz quando entrei em meu quarto, foi tirar aqueles sapatos que machucavam meu pé. Fui até o banheiro limpar meu rosto e fiz um coque frouxo em meu cabelo. Dormi com o casaco do Xamã e pela primeira vez em semanas, eu deitei sorrindo, pensando em alguém.
Eram duas da tarde quando acordei com minha mãe batendo na porta do quarto. Me assustei ao ver o horário e me apressei para lavar meu rosto e escovar os dentes. Sai do quarto com o cabelo bagunçado, uma leve cara de sono, usando o casaco enorme que quase chegava nos meus joelhos e, ainda por cima com uma meia que alcançava minha canela.
- Bom dia mãe. - dei uma espreguiçada e bocejei.
- Boa tarde né dona Lilieta. - ela falou fazendo cosquinhas e arrancando risadas de mim. - Aquele menino bonitão de ontem tá aí. - ela disse e minha cara fechou na hora. Não acredito que o garoto tinha vindo aqui me perturbar, de novo.
- Então eu já sou o bonitão? - ele apareceu subindo as escadas e eu queria sumir dali. - Já disse que você fica bonita com esse moletom? Ah é porque é meu né. Aí tudo que é meu é bonito em qualquer um. - ele sorriu de canto, sabendo que aquilo me irritava e eu revirei meus olhos.
- O que você quer Xamã? - eu cruzei meus braços e encostei na parede. - Mãe por que você deixou ele entrar?
- Porque ele é super educado, bonito e ainda te faz bem minha filha. - minha mãe falou fazendo com que minhas bochechas corarem por causa da vergonha. - Bom, eu vou para a sala de estar para vocês dois conversarem.
- Vai fazer alguma coisa hoje? - o garoto me perguntou tentando puxar assunto e eu simplesmente lhe dei as costas, o ignorando e entrando em meu quarto. Ele me seguiu. - Porque assim, a gente podia sair, comer alguma coisa sei lá.
- Acho que tenho coisa pra fazer sim. - fui para o banheiro e penteei meu cabelo. Depois parei em frente ao meu guarda roupa e escolhi uma roupa qualquer. - Vou sair com minhas amigas.
- Sério? Eu vou adorar conhecer suas amigas. - ele falou sentando na minha cama e eu revirei os olhos indo me trocar no banheiro.
- Você não vai porque é um rolê de MENINAS. - Eu disse quando sai do banheiro escovando os dentes. - Já pode ir para sua casa bebê. - falo em um tom irônico.
- Então eu sou um bebê? - ele sorriu de canto e eu mostrei o dedo do meio. - Sabia que o bebê precisa mamar né?
- Meu senhor amado esse menino ainda não saiu da quinta série. - digo comigo mesma e jogo meu tênis nele. - Você nasceu chato assim ou fez curso?
- Aprendi com você monamour. - ele jogou o tênis de volta e sorriu pra mim. - Você é muito linda caramba.- E você quer graça né? - eu peguei meu celular para ligar pra Camila. Acho que ela ia poder me salvar dessa.
- Quero graça não. Eu só quero você gatinha. - ele fingiu ser sexy exageradamente, fez uma cara esquisita e eu gargalhei. - Sou um bom ator né? Pode falar vai.
Nem respondi. Disquei o número no celular e fiquei esperando ela atender. Camila disse que iria pro Acre ver a família. Sim ela era acreana.
Agora só tinha a Gabriela e eu cruzei os dedos torcendo para que ela pudesse sair. Adivinha? Não podia porque tinha combinado de ir ver o namorado. Xamã parecia ter percebido que eu não tinha mais opção e deu um sorriso vitorioso.
- Agora você sai comigo? - ele levantou esperançoso.
- Mudança de planos! Vou passar a tarde mofando no quarto e assistindo alguma série boba. - corri pra colocar meu pijama e o famoso moletom de novo.
- Tranquilo. - ele pegou seu celular, as chaves do carro e sua carteira. Parecia ter desistido de passar a tarde comigo. Até que enfim! - Nós dois podemos passar a tarde juntos mofando. Mas na minha casa.
- Olha aqui. Quem quer passar a tarde comigo é você. - Eu cruzei meus braços. - Então pode tirar o cavalinho da chuva se acha que vou sair do conforto da minha cama, no meu quartinho, pra ir na sua casa e ainda ter que te aturar. - Eu me joguei na minha cama e liguei a TV.
- Tudo bem então. - ele saiu do meu quarto e fechou a porta.
Eu suspirei aliviada ao saber que ele tinha largado do meu pé. Mas parecia que ele não saia da minha cabeça. Não fazia sentido um gado como ele ter ido embora assim. Acho que é uma brincadeira.
Eu saí do quarto e desci as escadas correndo. Cheguei na sala e só estavam minha mãe e minha irmã.
- O Xamã foi embora? - eu estava meio ofegante por descer as escadas correndo. - Ele não falou nada?
- Ele disse que você ia pra casa dele mais tarde. Vocês iam assistir filmes e essas coisas. - ela estava concentrada no programa que via com Elana. - Falou pra você ligar pra ele. - ela me entregou um papelzinho com o número dele e o endereço dele.
- Tá valeu mãe. - Eu subi para o meu quarto de novo e decidi assistir minha série bem tranquila. Eu não ia pra casa dele. Certeza que daqui uma hora ele me liga de novo.Passaram duas horas desde quando ele foi embora. Nem deu sinal de vida e aquilo começou a perturbar minha cabeça. Decidi ligar pra ele só por garantia.
Liguei duas, três, quatro vezes e sempre dava caixa postal. Comecei a ficar preocupada de verdade. Logo me lembrei que no papelzinho tinha o endereço dele. Resolvi ir só pra ver se estava tudo bem.
Sai de casa de pijama e crocs mesmo. Nem pretendia sair do carro. Coloquei o endereço no GPS e seu condomínio não era tão longe do da minha mãe. Acho que entendi porque ele vinha aqui me atormentar todo dia. Era pertinho até.Eu estacionei o carro na frente da sua casa e fui correndo tocar a campainha. Adivinha quem abriu a porta com um largo sorriso estampado no rosto? Exatamente Xamã.
- Você me deixou preocupada. - dei um tapa de leve em seu braço. - Não queria me atender.
- Então a senhorita se preocupa comigo? Temos uma evolução né! - ele abriu caminho para que eu entrasse em sua casa. - Entra! Agora podemos aproveitar o dia de cinema!
- Eu já disse que não vou ficar aqui. - Me virei indo até meu carro e Xamã segurou meu braço.
- Mas vai arrancar pedaço você ficar e curtir uns filmes? Bora fumar um baseado e comer até conseguir sair rolando por aí. - ele sorriu e meus olhos brilharam quando falou em comida. - Comprei uns salgadinhos e tem uns 6 litros de coca cola aí. Hm e tem uns docinhos tipo aqueles de festa sabe?
- Tá eu fico. Mas só até as seis. - olhei em meu celular a hora. - E sem palhaçada pra cima de mim. Não me deixa estressada.
- Pode deixar senhora. - ele fingiu ser soldado, pagando continência e eu dei risada.
Fomos juntos até a cozinha e pegamos muita comida. Ele me mostrou sua casa brevemente e fomos até um corredor onde tinha uma grande porta preta. Xamã abriu e me deixou entrar primeiro. Era uma enorme sala de cinema. Tinha até um bar ali.
- Uau seu decorador tá de parabéns em senhor! - coloquei os pacotes de Cheetos em cima do balcão e me joguei em um dos enormes sofás. - E ai vamos assistir o quê?
- Escolhe aí. - ele abriu o frigobar, tirou uma garrafinha ice e guardou as cocas. - Toma aqui ô Lilieta.
- Para. - falei com uma voz manhosa e cruzei meus braços fingindo estar brava. - Odeio esse apelido e minha mãe insiste em me chamar assim. - Xamã sentou ao meu lado e me entregou o controle da TV. - Vamos assistir assim nasce uma estrela. Esse filme é muito bom.
- Nunca vi. - Eu fiz uma cara de indignação e coloquei o filme. Ele pegou um controle e apagou as luzes da sala apertando um botãozinho.
- Você vai gostar.O filme acabou e eu soluçava horrores. Sempre chorava com aquele filme. Xamã riu de eu chorando e escolheu o próximo filme. Era de ação e tinha muita morte. No final eu chorei de novo e ele riu ainda mais de mim.
- Cara você tá chorando por causa de um filme desses? Julieta meu Deus. - ele ria e eu só sabia soluçar de tanto chorar.
- P-para de rir s-seu chato. - Eu chorei mais ainda e levantei dali indo lavar meu rosto. Voltei e sentei no sofá já com sono. - Acho que já vou pra casa.
Bocejei, sentido o sono indo consumir meu corpo aos poucos e fazendo meus olho se teimarem em fechar. Acabei deitando minha cabeça no encosto do sofá e Xamã me puxou para me aconchegar em seu peitoral. Eu estava muito cansada, me sentia levinha e deitar aninhada a ele era muito bom.Xamã começou a fazer carinho em meu cabelo e cantarolar uma musica bem baixinho, o que me fez de fato adormecer por completo.
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O tal do famosinho - Xamã
FanfictionEla é filha de um artista e esperava só curtir um show com seu pai, mas não foi bem isso que aconteceu. Ele achou que fosse fazer mais um show, ir pra alguma festa depois e curtir com seus amigos. Nunca se passou pela cabeça dos dois que teriam um...