Capítulo 3. Sonhos

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Uma coisa que sempre digo a mim mesmo :

"A vida é feita de sacrifícios".

Alguns são mais fáceis e outros tão difíceis que chegam a ser dolorosos. Sobreviver não é fácil, muito menos quando se está só, e fui obrigado a abandonar algumas moralidades.
As vezes quando chego de um trabalho, que foi realmente muito difícil e frustrante eu me pergunto:  "será que digo isso na tentativa de tornar o que eu faço menos sujo? " Mais um dilema que tenho que lidar.

Consulto meu celular e vejo que tem uma mensagem da minha melhor amiga/ única. Decido marcar um encontro para lhe contar as novidade, a vida corrida que levamos nos impede de nos vermos com frequência.

A Mandy e eu nos conhecemos em uma orgia, é muito louco de se imaginar, eu não fazia ideia de onde tinha me metido, e definitivamente não estava pronto para aquilo. A Mandy percebeu meu desconforto e tratou de me salvar de lá. Desde então ela passou a me dar várias dicas, algumas que salvaram minha vida em inúmeras enrascadas. Daí desenvolvemos um laço muito forte, afinal, vivemos no mesmo mundo, e entendemos os dilemas um do outro. Ela também tem problemas familiares, e é a única pessoa que sabe o verdadeiro motivo de eu ter fugido desesperado de casa. Também é a única que não me julgaria.

Atravesso a rua movimentada da grande São Paulo, indo em direção ao nosso café preferido, eu amo tanto a faichada colorida do lugar, e principalmente a área de fora com mesas ao ar livre. Me sento na minha mesa de sempre a espera da Mandy, ao longe consigo ver o Museu de Artes de São Paulo, eu acho tão incrível sua arquitetura, fico me imaginando a genialidade e o trabalho por trás. Me pergunto se um dia eu seria capaz de fazer algo grande.

— Deixa eu adivinhar, admirando o Museu de Artes novamente?— pergunta o atendente, ficando ao meu lado.

— É.— digo sem tirar os olhos do Museu.
— E me perguntando se eu séria capaz de fazer algo parecido.— digo sonhador, e levo minha atenção ao rapaz ao meu lado.

Johnas, ou como ele prefere, Joh. Ele sempre foi legal e gentil comigo, temos a mesma idade, alguns gostos parecidos, até me chamou pra sair algumas vezes, quase não resisti ao seu sorriso lindo e acolhedor, mas me mantive firme. Nunca daria certo, ele faz o tipo Príncipe encantado, e nunca ficaria comigo se soubesse que sou a prostituta do reino.

— Claro que consegue Henry, você é super inteligente.— Diz balançando meu ombro, e é impossível não notar os seus cabelos fudidamente perfeitos balançando.

— Não é essa questão, é muito ...

— Complicado? Eu sei. Você vive dizendo isso.— Diz me interrompendo.

— E você vive ouvindo minhas queixas, e levando broncas por conversar no expediente.— Digo retribuindo o carinho, e ele olha para dentro do Café, e percebe seu chefe lhe olhar com olhos cerrados. E ele prontamente pega seu caderninho de pedidos, tentando mostrar serviço.

— Então, o que vai querer hoje ?— Joh me pergunta em postura e piscando pra mim.

— Um Expresso, e um pedaço bem generoso daquele bolo floresta negra.— digo apontando na vitrine.

— Ok, volto já minha formiguinha.— Ele fala enquanto toca meu nariz com o lápis, e volta pra dentro. Aproveito para apreciar seu belo corpo de costas.

A Mandy como sempre atrasada, não me surpreende. Aproveito para olhar alguns apartamentos no celular, um em específico me chamou atenção, ele é grande e arejado, com várias janelas, e cozinha estilo americano. Desde que sai de casa sonho em ter minha própria cozinha, as vezes uso a cozinha da pensão, mas é tão imunda, o fogão velho, enferrujado e gorduroso, aposto que nunca viu uma limpeza na vida. Sem falar dos armários de mantimentos sem portas. Já flagrei baratas passeando mais de uma vez, me surpreendo de não ter pego uma intoxicação alimentar ou alguma doença relacionada.

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