• TRÊS •

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O dia seguinte chegou e com ele, um novo momento.

Eu tinha excluído Daniel do meu whatsapp, decidido que me dedicaria somente ao meu trabalho, pois precisava me reerguer sem depender de homem nem dos meus pais. A vida amorosa é meu ponto fraco, confesso, não foi à toa que eu tive vinte e sete namorados, mas já estava há bastante tempo sem namorar ninguém, focada em minha vida profissional e na realização dos meus sonhos.

Daniel me tirou o ar com aquele beijo, roubou até meus sonhos se fazendo presente, mas eu precisava esquecer e já. Não conseguiria mostrar serviço na empresa que eu tinha acabado de ser contratada, com um homem aparecendo na minha cabeça sempre.

Minha melhor amiga Alê até insistiu em ir lá em casa após meu expediente para que eu contasse detalhes da noite de ontem, mas eu realmente não queria ficar evocando a presença de Daniel na minha cabeça.

Foi só uma noite louca e confusa.

Só.

No trabalho eu fui bem. Aprendi um pouco mais da minha função, e claro que me usaram como faz-tudo naquele dia. Era a menina nova, que ainda não sabia muito como ser a assistente contábil daquela empresa, mas eu fazia tudo com muito prazer, pois um emprego daqueles seria raro encontrar novamente, caso eu fosse despedida.

No fim do dia fui caminhando para casa. A empresa paga passagem de ônibus, mas eu queria espairecer. Tinha um hábito desde criança que era tentar adivinhar a marca dos carros que vinham em minha direção e fui fazendo isso até chegar na esquina do prédio onde eu morava.

Só que para minha surpresa, tinha alguém me esperando próximo ao portão.

Com uma calça jeans despojada, uma camisa polo branca, tênis , braços cruzados e cabeça baixa, estava ele: Daniel.

– Ah, não. – falei mais para mim, do que para qualquer pessoa.

Abaixei a cabeça e tentei passar direto, para que não fosse percebida por ele, mas foi em vão.

– Bia. – Ele tocou no meu braço e eu parei.

Respirei fundo, não dava para evitar.

– Ah, olha, é você! – O encarei fingindo surpresa e depois voltei meu olhar para o prédio.

Coloquei a chave no portão e abri, deixando claro que eu queria entrar em casa e não ter uma conversa.

– Tentei te ligar, mas só dava ocupado. Chamei no whatsapp e você nunca ficava online... Eu fui bloqueado?

Por que meu coração está palpitando forte e minha respiração ofegante?

Virei e o encarei novamente, antes de entrar.

– Eu só... Não sei. Não pensei que você me procuraria de novo. Não estou em busca de um novo relacionamento, entende?

Ele ainda estava de braços cruzados, me olhando com uma intensidade ímpar.

– Entendo. – Desdobrou os braços e bateu de leve sobre a calça. – Poxa, pensei que poderia ter uma nova amiga, quem sabe até dar uma de namorado de mentira, esporadicamente. Não tinha pensado numa aliança de casamento, perdão.

Engraçadinho.

Mas ele tinha um bom ponto.

– Eu realmente não entendo o que eu fiz para que você quisesse, ao menos, minha amizade.

Falei num tom baixo, sincero.

A verdade é que: Meus relacionamentos sempre deram errado pelo simples fato de eu ser traída no final. Fui traída vinte e sete vezes. Acredite se quiser. Não conseguia mais confiar que uma pessoa pudesse realmente me amar pelo que eu sou, cem por cento. Eu me revestia de autoconfiança e independência, mas na verdade era uma insegura e fraca.

MEU CEO ALUGADOOnde histórias criam vida. Descubra agora