Corey Withmore é um garoto de 16 anos que mora com o seu pai Adam, em uma pequena cidade da Flórida; de nome fictício, Liberty City. Sua vida começa a seguir um rumo diferente com a chegada de uma nova vizinha, Lindsay Pellegrini; uma adolescente e...
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Com certeza era possível ouvir as vozes alteradas vindas da casa dos Withmore; os vizinhos definitivamente podiam ouvir. Não era habitual eles brigarem, mas as discussões estavam se tornando mais frequentes, especialmente nas noites de domingo.
De repente, a porta da frente é aberta bruscamente e, com a mesma intensidade, é fechada.
O menino pegou seu skate, desceu os degraus da varanda e correu antes que seu pai pudesse alcançá-lo; ignorando completamente o toque de recolher anunciado pela polícia, três dias atrás.
Havia exatamente quarenta minutos que ele caminhava pelas ruas da cidade sem um destino definido; sair sem saber aonde ir era um traço de seu comportamento, contudo, desobedecer a ordens não era uma delas.
Naquele momento, ele não podia contar com seu único amigo; já que Evan estava em uma festa na casa dos Martin, era apaixonado por Alicia e não deixaria o local nem mesmo por uma intervenção divina.
Há dois anos, Corey mudou-se logo após um acidente de carro que tirou a vida de sua mãe e de sua irmã gêmea, Abby. Isso o impedia de se adaptar, sendo também a causa da sua falta de outros amigos e de uma vida social.
Depois de tanto tempo caminhando sem destino, foi apenas ao fazer uma curva que Corey percebeu onde estava, ao ouvir gritos vindos da Floresta St. Augustine. Ele hesitou por alguns segundos, mas, de forma impulsiva, pensou que poderia ser alguém em perigo e decidiu ajudar — não lhe ocorreu, devido à sua imaturidade, que poderia ser uma armadilha para atraí-lo para dentro da floresta.
Cautelosamente, o garoto se aproximou e pôde ouvir vozes abafadas, seguidas de um gemido assustador, muito mais do que o grito que acabara de ouvir.
Escondido atrás de uma árvore, ele retirou o celular do bolso do casaco com certa dificuldade e discou o número de emergência. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, ao ser questionado do outro lado da linha se precisava de ajuda, o menino voltou sua atenção para as costas, onde avistou o corpo de um homem ensanguentado — uma cena que definitivamente mais tarde o provocaria grandes arrepios.
— Não deverias estar em casa, garoto? — Murmurou um homem, aparecendo à frente do rapaz o que o assustou.
— Toques de recolher geralmente significam que você deve ficar em casa. — Argumentou uma mulher.
— Me desculpe — gaguejou ele — pensei que tinha ouvido alguém gritando por socorro. —Respondeu, planejando uma saída repentina.
O homem inspirou profundamente, fingindo sentir prazer diante do pânico que o garoto parecia estar sentindo.
— Tenho certeza que você não ouviu nada. Concluiu e, em seguida, tomou o celular do garoto desligando a chamada ainda em espera.
— Mas... Insistiu, mesmo que as vozes da sua cabeça insistiam para que ficasse em silêncio.
A mulher aproximou-se dele, junto ao seu ouvido, e sussurrou com uma voz suave. — Como o meu amigo disse... Você não ouviu nada. Agora vá... — esgueirando-se dele continuou: — Ou acabará como ele.
