Nooroo

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- Feliz aniversário Emma!!! - as pessoas gritavam em uníssono na minha volta. Eu me sentia um tanto quanto zonza naquele momento, não sou a pessoa mais chegada em multidões e sons altos, mas tudo bem, era uma data especial.
Especial por que? Porque é meu aniversário de 15 anos! Meus pais, os amigos deles, os filhos dos amigos deles e meus amigos estavam reunidos lá. Infelizmente meus avós já haviam falecido, então não tinha um número expressivo de familiares além de alguns primos distantes, tios avós...

- Emma, querida, venha aqui um momento - minha mãe me chamou calmamente. Era incrível como ela sempre mantinha a calma independente de qualquer coisa. Meu pai às vezes tem seus momentos e fica consternado, mas minha mãe não. Ela tem um controle absurdo sobre suas emoções e eu só consigo admirar isso.

- Oi, mãe

- Eu guardo isso fazem três anos. Bom, o ideal seria seu pai te dar isso mas eu não acho que isso o faria bem... Ele ainda não lida bem com a morte de Gabriel... Eu o entendo. - ela estendeu uma caixinha preta com algumas gravuras - Escute, você vai precisar aprender muitas coisas. Nós iremos te ensinar tudo, mas como nossa filha, o cuidado é dobrado, entendeu? - ela mostrou a língua ao mesmo tempo que me dava uma piscadela, por que me dar um presente que colocaria as coisas em risco?

- Hmmmm.... Obrigada mãe... O que exatamente eu deveria... - virava a caixa para todos os lados, ela segurou minhas mãos e a abriu com facilidade mostrando algo semelhante a um broche lilás, muito bonito diga-se de passagem - É muito bonito!! - ela continuava me encarando com uma expectativa visível no olhar. Peguei o broche insegura e fiquei apenas o observando.

- Emma, um momento. - ela tomou o broche e se aproximava para colocar em mim quando meu pai chegou.

- Marinette... - ele segurou sua mão um instante e tomou o broche, sorrindo de forma calorosa, se abaixando em sequência - Emma, cuide muito bem disso. Seu avô nos fez prometer que te daríamos no seu aniversário de 15 anos. Nós te amamos muito e esperamos estar fazendo a coisa certa. - ele olhou para minha mãe e sorriu, apertando sua mão com um pouco mais de força, como se precisasse de apoio. Logo, ele encaixou o broche e um pequeno ser lilás surgiu, com um ar tão assustado quanto o que eu estava naquele momento em que inevitavelmente saltei para trás com um grito.

- O-oi! Quero dizer.... S-saudaçoes.... Mestra.... - ele olhava inseguro e confuso para meus pais

- Nooroo - ela se aproximou do ser flutuante - Essa é Emma. Nossa filha. Espero que entenda que Gabriel pediu em pessoa para que fosse a sucessora.

- S-sim! Com certeza compreendo! E-ele já havia pedido algumas vezes para cuidar da jovem mestre...

- Jovem mestre? - pigarreei me recuperando do susto momentâneo - Mãe? Pai? - olhei confusa para ambos

- Sente aqui querida... - meus pais sentaram deixando espaço aberto entre eles no sofá, seria uma conversa visivelmente longa pela expressão preocupada deles. - Vamos te contar uma história. - o sorriso da minha mãe era calmante. Nada a abalava. Então nada me abalaria também.

Ouvi uma longa explicação sobre um antigo senhor que os escolheu secretamente para agirem como os super heróis de Paris e aquilo era esclarecedor sobre alguns sumiços repentinos dos dois no meio da noite. Ouvi muito sobre meu avô ter inicialmente sido um grande inimigo dos dois, inclusive complicando seu relacionamento amoroso, sobre como um outro amor da minha mãe havia morrido heroicamente pelas mãos da minha avó biológica, como meus pais foram separados por 9844 km durante alguns anos, sobre como minha mãe acabou encarando uma linha do tempo totalmente diferente pelo meu pai ter sido akumatizado em uma realidade paralela e destruído o mundo inteiro. Sobre a paixão do meu pai pela Kagami e como minha mãe sofreu naquele período. Ouvi o Nooroo também, contando sobre Nathalie e Gabriel e sobre todas as aventuras que ele participou, todos os acontecimentos, os ensinamentos sobre Kwamis, conheci Tikki e Plagg, cujos eu já tinha ouvido secretamente falar mas ignorei e mantive como um segredo meu, me convenci de que meus pais tinham amigos que moravam longe e falavam com eles por telefone, seria mais plausível.
Também ouvi por um longo tempo como minha identidade e a dos demais deveria ser secreta e como questionamentos sobre isso não deveriam ser feitos. Apenas Marinette sabia todas as identidades por ser a guardiã e eu só deveria saber sobre a identidade dos dois por uma questão de não ter como manter esse segredo de mim, mas o ideal era que eu não soubesse para manter imparcialidade e escutei como sobre eu não deveria deixar isso afetar minhas notas, mas que a prioridade sempre seria defender a cidade.
Eu já sabia sobre os demônios que saiam de portais negros num leve tom de roxo que vazavam do céu sem aviso prévio, mas ainda não se tinham detalhes sobre eles ou como acabar com aquilo, mas de qualquer forma, sobre isso era quase impossível não saber. Eles aparecem e destroem a cidade.
Ouvi também por último, sobre as habilidades do Nooroo e como eu poderia usar emoções ao meu favor, contudo apenas para boas causas e nada mais que isso, além do tempo limite para eu ser uma heroína antes que todos descobrissem minha identidade.
Ouvi muita coisa por muito tempo, então foi um alívio quando Alya bateu na porta da cozinha me procurando para voltar para a festa.

- Marinette! Adrien! Parem de prender a garota com coisas chatas e sermões, é aniversário dela. Vocês não conseguem relaxar?

- Tudo bem tudo bem, você está certa - ela riu em resposta ao sermão - Vai lá Emma, eu e seu pai vamos conversar um tempo ainda. - minha mãe encerrou me dando um leve empurrão nas costas como impulso para levantar.

- Obrigada tia Alya - sussurrei assim que pude sair

- Estou acostumada com aqueles dois falando sem parar e se preocupando demais com tudo, às ordens para defender sua diversão! - ela riu fazendo uma postura heróica e naquela hora, Hiroki chegou. Era o filho de Kagami com um antigo amigo dela do Japão, eles haviam se mudado para lá novamente quando eu tinha 5 anos para cuidar da mãe de Kagami que estava muito velha e não brinquei mais com Hiroki, porém voltaram a morar em Paris esse ano e ele voltaria a frequentar a escola comigo. Estava diferente, mais alto, bonito, seus cabelos negros e finos repartidos ao meio na altura da mandibula com a franja mais curta desenhando perfeitamente o rosto, contrastava bem com sua pele branca.

- Emma - ele se aproximou abrindo um sorriso que ofuscava até mesmo o brilho do sol e intimidaria qualquer pessoa com tal beleza. Mas eu não sou qualquer pessoa.

- Hiroki - estávamos frente a frente. Mais uma vez. - Senti sua falta - sorri amigavelmente enquanto sentia o calor daqueles olhos azuis que costumavam ser tão frios e distantes aos olhos dos outros mas tão calorosos aos meus.

O meu nome é EmmaOnde histórias criam vida. Descubra agora