Deus

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Ele se entrosou relativamente rápido e a roda ficava cada vez maior escutando as histórias sobre sua vida no Japão anteriormente. Não tinha necessidade de ficar em volta, então sentei em um dos bancos sozinha e fiquei observando a escola num todo e pensando como eram meus pais ali, como minha mãe se sentia quando eles conversavam e como era a relação deles dentro da escola e com os  amigos. Sabia que se conheceram ali, mas não muitos mais detalhes que isso. Foi nisso que eu escutei um estrondo, não era muito longe e não era como se fosse um som desconhecido. Aquela espécie de portal se abrira de novo e os heróis deveriam deter os monstros que constantemente saiam para destruir a cidade, o que me deixou em duvida se eu deveria ou não correr até o lugar, os outros heróis com certeza já estavam indo e eu não tenho noção se deveria me juntar à eles ou não.

O som ficou mais próximo e o solo começou a tremer me fazendo levantar instintivamente do banco, a roda se desfez em pânico e Hiroki correu em minha direção, me puxando pelo pulso e correndo enquanto me segurava. Parecia plenamente ciente do que estava fazendo e para onde estava indo: o vestuário. Abriu a porta de um dos armários e fez sinal para que eu entrasse, obedeci.  Era um bom lugar para transformar, o que me fez refletir sobre como meus pais faziam para salvar a cidade enquanto estavam na escola.

- Fica aí. Eu vou ajudar o resto.

- Tudo bem, mas não quer ajuda? Eu conheço a escola

- Eu tive uma boa guia e tenho boa memória visual - ele piscou fechando a porta do armário.

Fiquei algum tempo escutando os sons externos para averiguar a segurança de me transformar naquele lugar. Já tinha mostrado toda a escola para Hiroki por vídeo quando comecei a estudar aqui e ele ainda morava no Japão, seria ótimo se ele tivesse estado presente fisicamente na época. Teria sido muito mais divertido.

- Nooro...

- Sim, mest... Digo... Emma...

- Você tá pronto?

- Como desejar.

- Asas negras, subam! - Me transformei assim mais uma vez em Missfly e sai da forma mais discreta possível. O medo era o sentimento mais presente naquele local, as vibrações eram inegáveis. No meio disso, tinha uma mistura de determinação e esperança e era essa determinação que eu queria. Energizei uma borboleta para enviar o poder de potencializar a força dos heróis para aquela fonte e quase que imediatamente senti a conexão se formando. - Bom dia! - aquilo era um pouco estranho, controlar alguém - Meu nome é Missfly e eu te concedo o poder que deseja para ajudar todos. Poderá se juntar à batalha e potencializar o poder dos heróis, isso vai aumentar conforme sua determinação, bem como sua força!

- Oi, Missfly - ouvi uma voz feminina ecoar na minha cabeça. Uma voz conhecida. Ammy. - Me chame de Maxy. Vai ser uma honra trabalhar com vocês, onde vou encontrá-los?

- Perto da escola, em direção à praça!

- Deixa comigo.

O silêncio foi imperador nesse momento. Rapidamente fui em direção de onde meus pais e os demais estariam, ciente do meu grande atraso. Parei, quase em uma guinada, quando vi que tinha uma única figura desconhecida entre os heróis. Mais uma pessoa nova? Não seria ruim ficar adicionando novatos? De qualquer forma, segui em direção do grupo que recuava um pouco e eu entendi o motivo da onda de medo. Esse monstro era diferente. Não era como um animal inconsciente de suas ações que manipulava elementos e atacava tudo em sua frente. Era como um centauro gigante, multicolorido, a pele parecia uma espécie de resina. Ele vociferava e gritava, não qualquer coisa, mas palavras humanas.

- VOCÊS DEVEM ENTREGAR SEUS KWAMIS PARA DEUS! ENTREGUEM IMEDIATAMENTE!

Foi como se aquela frase desse um estalo na minha cabeça. Alcancei o grupo de heróis seguida por Maxy, claramente mudando os ares. Eles sentiam o poder aumentar. A parte estranha é que eu conseguia sentir a energia vinda daquele monstro assim como sentia a energia dos humanos, coisa que normalmente não acontecia. Juntando as peças, os Kwamis são seres do zodíaco e o zodíaco se submete a Deus. Na história, Deus propôs uma corrida e os 12 primeiros seriam inseridos de acordo com os meses. Sobre a criação dos miraculous, ninguém nem os guardiões possuem conhecimento exato, ou seja, poderia de fato serem objetos divinos, o que não quer dizer que eu ache que deveríamos devolver nossos preciosos companheiros, por mais que seja estranho nenhum deles terem contado a história ou explicado seu surgimento. Nem Tikki. Entretanto, aquilo era uma luta que precisava ser vencida e as explicações poderiam vir depois, a busca pelo conhecimento poderia ser posterior naquele momento.

- Maxy.

- Sim, Miss?

- Me potencialize, por favor.

- Como desejar. - Pude então sentir meu poder aumentar ainda mais, me dando uma extensão ainda maior de atuação, por isso, pude invocar mais uma borboleta, dessa vez, ligada àquele ser extraterreno, sem plena noção do que aconteceria à seguir.

- Missfly. - senti uma mão sob meu ombro enquanto observava o curso que a borboleta delicadamente fazia em direção ao ser gigante. - Esse é o Peather. Ele vai ser sua dupla nas próximas missões. Não participaremos mais o tempo inteiro, vocês serão os heróis da cidade. Integralmente. - minha mãe como Ladybug pronunciava aquilo. Mas como assim trabalharíamos sozinhos? Como poderíamos dar conta dessa forma? Ela sorria insistentemente e ele mantinha a mão estendida em minha direção. Apertei com certa confusão no rosto, mas não era o melhor momento para tirar duvidas sobre qualquer coisa.

Voltei a me virar para frente, focando no curso da borboleta mais uma vez, que tinha alcançado seu objetivo, finalmente. Mas não foi como eu esperava. Assim que ela entrou em contato com o ser, minha cabeça doeu de forma que parecia que iria explodir por dentro e senti meu corpo pender para trás enquanto o mundo girava e uma voz tomava conta da minha mente em uma língua incompreensível para mim, longe de ser algo parecido com humano. Era uma voz grave e rouca que repetia a mesma coisa que eu não conseguia distinguir e foi assim que eu senti minha consciência se esvair, logo depois que senti meu corpo sendo segurado e o vento no rosto. Estava sendo levada para algum lugar, por alguém que torci para que fosse aliado.

O meu nome é EmmaOnde histórias criam vida. Descubra agora