Autodescoberta

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Chego em casa atordoado. Tentei dormi mas não consegui. Aquilo ficava martelando na cabeça todo segundo. Por que ele falou aqui? Por que chorou? Eu não conseguia entender. Eu não conseguia nem me entender direito. Agora tenho mais essa preocupação e não sei como resolver nenhuma delas. E achava que não conseguiria achar uma saída para esses problemas. Pelo menos não sozinho. Queria falar com alguém, alguém que pudesse me dizer o que esta acontecendo comigo. Mas aquele sentimento de querer não falar, por constrangimento, por vergonha e principalmente medo se ser julgado. Queria falar sobre com Andreia, mas medo de ela me deixar era maior. Queria falar com Lucas, mas o medo de ele me julgar errado e se afastar era maior ainda. Não sei com quem poderia conversar. Não tenho amigos LGBTs para poder dialogar essas minhas dúvidas. E aquela pesquisa, aquele site me deixou mal.

Era quase a hora de ir para a faculdade quando mando uma mensagem para Henrique não passar pois não ia a aula hoje. Fiquei em casa. Desliguei o celular, sentei na frente do computador e não sai dele enquanto não achasse respostas. Comecei a listar primeiro tudo o que sentia e depois pesquisei cada um deste. Quanto mais eu pesquisava, mais coisas adicionava a lista de pesquisa: bissexualidade, panssexualidade, goy; foram um dos temas que pesquisei também. Tudo ainda parecia muito confuso e estranho. Mas notei que de todas as sexualidades que pesquisei fora a homossexualidade, a mais aceita era a panssexualidade. Os outros, os sites apresentavam preconceito e faziam piadas sobre.

Era já noite e eu não tinha saído do quarto para nada. Já sentia fraqueza por não ter comido, então resolvi pedir um xis para entregar. Ao ligar o celular, me deparo com mais de trinta ligações de Andreia, umas quinze do Lucas e algumas de minha mãe. Bem, mandei mensagens para todos com desculpa de estar no meio de uma pesquisa para o canal. Vai, não era uma total mentira no fim das contas. Meu xis não demorou muito e enquanto comia, dava uma gerenciada no canal, postava alguma coisa para as redes sociais não ficarem paradas por muito tempo. Recebi uma mensagem de minha irmã e minha mãe, ambas dizendo que não iriam para casa hoje. Parei para pensar um pouco, pensei em ir para casa de Andreia, mas logo descartei a ideia. Resolvi trancar a casa e ficar. Fazia tempo que não ficava sozinho. Mas sozinho mesmo, com um tempo para mim mesmo. E acho que caiu bem isso naquele momento.

Veio um sentimento estranho, estando sozinho. Algo nostálgico no meu peito cresceu. Eu agora na frente do espelho. Me olhando. Vendo aquele rosto tão familiar e ao mesmo tempo tão estranho. Quem sou eu? Bem, essa resposta era obvia, mas a pergunta correta era: O que eu sou? Heterossexual? Homossexual? Bissexual? O que eu era? Esse sentimento de confusão era nostálgico. Já havia sentido isso antes, lá na adolescência de alguns anos atrás. Fiquei me observando por um tempo, olhando aquele rosto que quanto mais eu encarava mais parecia que era de outra pessoa, de alguém que não conheço. Já tiveram essa sensação? Já olharam tanto para o espelho que pareceu que estavam vendo outra pessoa? Não sei o que você que esta lendo respondeu, mas se foi um sim, sabe que logo a esquina está o medo de si mesmo. Eu tiro a camiseta e fico agora olhando meus braços. Os olhos se esquivam e vão para o meu peitoral e logo descem para a barriga. De quem é esse tronco? Eu não reconheço esse corpo. Havia mudado, do adolescente gordinho para esse jovem homem que frequenta a academia. Meus braços tinham trocado de pelancas para músculos, meu peito tornou-se definido e a barriga não havia mais o volume que tinha, dando espaço para uma barriga magra quase tanquinho. Com uma mão eu toquei a barriga e com a outra toquei meu peito. Toco também meus braços. Vou tocando todo meu tronco estranhando o toque de minhas mãos como se fossem de outra pessoa. A sensação da pele lisa e dura nos meus dedos também me causam estranheza. Deixando o espelho e olhando para baixo, minhas mãos em meu corpo. Esse corpo é meu?! Sussurro meio incrédulo. Tiro os tênis, as meias e a calça. Me observo mais pelo espelho. Essas pernas peludas, um resquício do passado. Sinto uma ponta de familiaridade com elas. Não havia mudado muito. Sempre tive as pernas fortes e nem um pouco gordas, talvez por sempre ter caminhado longas distâncias elas não terem acumulado gordura. Mas ao toca-las com as mãos, sinto elas diferentes. Estão mais rígidas. Concluo que talvez elas tenham ganhado mais massa muscular nos últimos anos. Não sei dizer. Olho para todo meu corpo a mostra e só poucos traços permaneceram, o resto mudou. Eu mudei. Minha rotina mudou. Estava diferente. Não sou mais o mesmo. Essa sensação no peito, me incomoda, mas ao mesmo tempo eu gosto dela. Observando cada sinal, dobra e musculo. Fico ali por um tempo. Tocando as partes que mais estranhava, analisando e afirmando que este corpo é meu. Pernas, abdômen, peitos, tudo. Quase como um transe. Tiro a cueca, a última peça de roupa. E acho um ponto familiar. Única parte do corpo que nenhuma academia faz mudar. Meu pênis, meus testículos, estão igual ao que sempre foram. Nada havia mudado desde a adolescência. Talvez a única mudança seja que agora eu mantenho aparado os pelos pubianos. Bem, para falar a verdade, nunca havia parado e olhado com atenção como estou fazendo agora. Toco com os dedos ao longo do pênis, apalpo o saco escrotal. É uma sensação diferente fazer isso, sem que seja para me masturbar. Toco minha bunda, já durinha. A sensação de tocar em minha bunda me lembra da sensação que é tocar a bunda da Andreia, esse pensamento faz com que meu pênis reaja ficando um pouco meia bomba. Fico confuso um pouco com isso. Isso foi uma reação de eu ter tocado na minha bunda ou foi por lembrar da sensação de tocar a Andreia? Paro por ai, com mais essa sensação estranha.

Vou para o banheiro onde entro na banheira que tinha preparado anteriormente. Ali, naquele lugar, naquele momento, era só eu comigo mesmo. Fecho os olhos e começo a carícia com a mão direita meu mamilo esquerdo. Fantasiando com a Andreia brincando com meu mamilo, a mão esquerda desce para meu pênis já ereto. A imaginação do ser humano é uma coisa misteriosa, imaginamos nossos maiores desejos quando estamos sozinhos e de forma natural. Minha mente imagina uma segunda figura conosco. Beijou a Andreia, e em vez de eu ficar furioso, fico mais excitado. Era Lucas. Naquela alucinação de desejo, minha mão esquerda se tornou a mão de Lucas que estava me masturbando. Eu cheguei num ponto que só deixei minha imaginação trabalhar. E ela foi além. Andreia parou de brincar com meus mamilos e sentou-se sobre mim, colocando meu pênis dentro dela. Eu fiquei mais sensível ali. Lucas beijou-a novamente e a mim logo depois. Eu não conseguia controlar mais, minha mão estava sobre o clitóris dela fazendo alguns movimentos que ela gostava. Enquanto minha boca ficou a centímetros do pênis dele. Eu a encarei, já imaginando o gosto que o Lucas tinha e logo coloco-o dentro tentando evitar raspar os dentes, o que achei difícil fazer. Eu já não aguentando mais paro o boquete e tiro a Andreia sobre mim. Ela fica de quatro e neste momento Lucas começa a penetrar ela bem devagar. Eu vendo aquilo por trás, fico atraído pela bunda de Lucas, redondinha. Não perco tempo e aproveito e pego com as mão cheias. Ele não reclama e até empina mais a bunda. Eu esfrego meu pênis na dobrinha da bunda dele, tão macia, como de uma mulher. Eu escorrego os dedos até o ânus dele, fazendo algumas carícias e logo ele fica relaxado, percebendo isso eu aos poucos vou colocando um dedo para dentro. Ele assim não podia se mexer demais, se deteve ao clitóris de Andreia. Eu já com três dedos dentro, tiros e dou um beijo nele e sussurro no ouvido dele: posso colocar? Ele acena com a cabeça positivo. Eu coloco. E nós três começamos a nos mover. Depois disso não aguentei e gozei.

Terminei meu banho, me sentindo como sempre, um lixo por ter me masturbado. Entretanto, algo estava diferente. Algo dentro de mim estava diferente. Eu sabia o que era agora. Mas junto com veio um sentimento forte: medo.

Aquele BeijoOnde histórias criam vida. Descubra agora