QUARTO

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"se você fosse o meu distintivo
eu te carregaria no peito
em todas as minhas mais belas
manhãs ensolaradas
plantadas no sorriso
que mora nos seus olhos bonitos."

eu te amo pra sempre, gatinha.

📌

No dia quatro de abril, eu abri os olhos durante madrugada incessante de berreiro.

Alguém esmurrava a porta do meu apartamento e senti o coração bater forte com a intuição de que um delírio com Taeyong podia se dar a despertar naquele momento. Era comum que eu escutasse sua voz sussurrando que devia checar as janelas, me questionando se reguei as minhas plantas, e se eu já havia me esquecido do seu nome. No início, era um pouco assustador conviver com algo incerto e abstrato, e eu nunca tinha tanta certeza assim se Taeyong havia de fato falecido em abril ou se ele ainda vivia no meu milagre de  flores da janela.

Ergui o corpo da cama, assustada e achanhada, e apanhei a haste de metal que mantinha debaixo da cama. O som permanecia reverberando pelas paredes do apartamento feito de madeira velha e desgastada, e eu caminhei até a entrada na ponta dos pés. Agarrei o ar com os pulmões e prendi a respiração, porque ainda era muito medrosa, apesar de tudo. Desejei enxergar uma bailarina rodopiando pelo apartamento, e acabei pensando em muitas coisas. Eu mesma poderia ser aquela bailarina, ou não ser merda nenhuma e dançar do mesmo jeito. E Taeyong poderia... talvez... Me dar corda. Se eu deixasse. Ou se pelo menos voltasse a respirar. Dependia muito de todas as coisas que me cercavam naquela fria madrugada contida num cubículo.

— Por favor, menina.

Não escutei a voz de uma doce dançarina, mas estiquei os dedos dos pés e enterrei o rosto no olho mágico da porta, as minhas mãos presas nas dobradiças. Respirei fundo em alguns segundos de alívio e hesitação quando enxerguei a figura histérica da avó de Taeyong carregando um semblante desesperado em pé do lado de fora.

— O que você quer?

A porta contuava fechada e nem ao menos cogitei girar a maçaneta.

— Nós duas... nós precisamos conversar.

O meu coração borbulhou como já havia feito milhares de vezes em todos aqueles anos e, de repente, as paredes do apartamento se tornaram muito mais frias e brancas do que costumavam ser. Uma ardência latente queimou dentro dos meus olhos e eu nem ao menos consegui compreender o motivo.

— Nós não temos o que conversar, Sunhee. Eu não tenho nada pra dizer, e se você está vindo aqui para me culpar por coisas absurdas, eu acho melhor que-

— Ele deixou um bilhete.— A Lee disse, sua voz soando quase desesperada—Taeyong te escreveu uma mensagem, Seulgi.

As minhas mãos escorregaram das dobras das paredes, e a fagulha que saiu da minha garganta não fora suficiente para responder Sunhee. Não tive coragem. Era loucura. Deslizei os dedos pelo cabelo desgrenhado e arranquei com força. Eu devia saber de algo. Mas não fazia ideia. E não devia criar uma grande comoção a respeito de um cadáver enterrado há anos atrás, mas eu ainda materializava os seus olhos dentro dos meus sempre que me enxergava no reflexo rachado do banheiro.

Permaneci em silêncio. Não tinha motivos para acreditar nas pessoas, e muito menos em Sunhee. Talvez aquilo tudo fosse apenas uma piada de mau gosto dela. Algo premeditado. Sempre houvera um mania ofensiva de colocar a culpa em pessoas que sofreram tanto quanto. E nós duas éramos muito distintas mesmo, dos pés à cabeça, de carne & coração.

E, mesmo sem espaço para incertezas, algo ainda me fazia duvidar da índole de seus olhos púrpura.

Um suspiro escapou de seus lábios e, antes de eu escutar saltos de sapatos ressoarem contra o piso de madeira do corredor, uma carta de cor dourada deslizou por debaixo da fresta da porta. Projetei o corpo em direção ao chão e agarrei o envelope com força, sem ter coragem de amassar o papel. Não me senti corajosa para nada por vários minutos. Às quatro e quarenta, entretanto, liguei uma lanterna azul-marinho pontilhada de estrelas e abri a carta sem destinatário.

E eu soube que ela era unicamente dedicada a mim no momento em que as letras que formavam "PISTOLEIRO" saltaram das costas do envelope.

📌


oi👊🏻
eu demorei bastante ne...mas agora eu tô aqui e finalmente dei um final pra essa fanfic que eu escrevi com tanto carinho.

ana, eu espero de verdade que voce tenha gostado. e espero que todos voces tambem porque t a l v e z eu tenha ficado muito triste por ter terminado isso.
e sobre a carta do taeyong, bom.. fica a critério de vocês imaginar.
nunca se esqueçam dos olhos das pessoas que vocês amaram tanto que o coração sangrou por dias seguidos, mas também não deixem que isso os abalem completamente. pistoleiro é sobre deixar ir, e sobre como mergulhar o rosto em lembranças so te atrapalha de viver a realidade do presente.
ate a proxima, e eu amo muito todos voces, fúrias💕💘💖💖💓💕💘😔

PISTOLEIROOnde histórias criam vida. Descubra agora