A CRISE

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Ir de carro para o trabalho, estacionar na garagem privativa do prédio, almoçar em bons restaurantes, celebrar pequenas vitórias, receber prêmio de reconhecimento, poder viajar ao exterior. E no meio desta rotina ma-ra-vi-lho-sa, a notícia mais doce, mais aguardada, mais transformadora: eu estava grávida!

Durante a gravidez, meus amados hormônios judiaram de mim. Além do desejo imenso de comer o brócolis dos Yakisobas, eu estava terrivelmente sensível, emotiva, chorona e reflexiva. Num dos almoços, sozinha, num shopping perto do escritório estava eu serenamente esperando meu pedido quando a praça de alimentação foi animadamente invadida por uma turma de jovens do ensino médio de um dos colégios do bairro. 

Eles falavam alto, riam, se abraçavam e foram em uníssono à fila do MacDonalds buscar seus lanches. Eu na outra diagonal da praça soluçava ao chorar pensando "Meu Deus.. quem vai cuidar destes meninos e meninas??"  "E se eles estiverem em crise??"  "Jesus amado, quem vai trazer uma boa palavra pra esta geração?", "E se eles reprovarem no vestibular?" (!!) 

DEJAVU

E lá estava eu, aos 30, novamente na crise: Sigo a carreira, Sigo meu chamado? Vivo pelo dinheiro, ou vivo pelo propósito? Ainda era tudo muito ambíguo dentro de mim. As opções ainda soavam excludentes. O social parecia algo incompatível com profissional. 

E além de tudo, a carreira profissional ia muito bem obrigada! 

A paixão pela juventude era muito forte. O que me fez começar a conversar com amigos e pessoas em quem eu confiava sobre o desejo de ajudar jovens. Entender deles o que achavam, se me viam ocupando um novo espaço, e se eu deveria ter isso como uma possibilidade na vida. 

O LUGAR DAS IDEIAS

Segundo alguns amigos, se a ideia é boa, vai durar mais do que 1 mês na sua mente, sem muitas alterações. Então, se você é uma pessoa que tem MUITAS ideias, e tá sempre querendo descobrir a melhor maneira de fazer algo, anota ai: 

Foca numa ideia, compartilha com seus amigos, e abra o coração para ouvir os feedbacks. Por traz dos motivos para você não levar a ideia a diante estão informação riquíssimas: seus pontos fracos. Ao ouvir, com frieza, a opinião das pessoas do "porque sua ideia não é boa" preste muita atenção porque eles geralmente te adiantarão várias coisas que de fato tem MUITA chance de dar errado. 

Com esta lista de possibilidades negativas você tem 2 escolhas: desistir e partir para a próxima, ou se preparar para vencer cada um dos desafios listados. Vou tentar exemplificar

Você chamou uns amigos em casa e fez um hambúrguer duma receita que viu num canal de YouTube. Comprou uma cerveja artesanal perfeita pra comer com os sanduíches. Montou uma playlist no Deezer que todo mundo gostava. Estava bem no meio do teu ciclo menstrual e seu humor estava na melhor fase do mês, com isso você conseguiu interagir com todo mundo de forma leve e divertida. Seus filhos cooperaram, brincam com as crianças dos amigos e a noite foi um sucesso. 

No final todos dizem: amiga, que hambúrguer incrível este que você fez! você devia fazer mais vezes. Você ouviu isso 4 vezes durante noite (na sua cabeça o sentimento foi: "todo mundo amou meu hambúrguer", mas todo mundo continua sendo =  4 pessoas).  Foi suficiente pra acordar no outro dia dizendo "amor, vou montar uma hamburgueria"  

Pronto, nasceu a ideia! :) 

A melhor coisa que você tem a fazer é testá-la com seus amigos. Se você ouvir: fazer hambúrguer para 4 famílias é uma coisa, atender um monte de clientes por noite é outra. Anote! Considere, há verdade nesta preocupação, escolha se você quer se preparar para vencê-la ou se de fato é um bom motivo para você partir para a próxima ideia. 

Digo isso porque, geralmente, quando as ideias nascem na nossa cabeça, elas só vem acopladas com "o lado bom" e a via mais segura de um negócio. Quando a gente pensa nela, nada parece que dará errado. O nosso produto é sempre irresistível. Precisamos contar para pessoas sinceras a fim de que elas nos deem opiniões reais sobre ela. 

ATITUDE

Pensa quanto sapo eu tive que engolir ao contar aos amigos: pensei em abrir uma consultoria para juventude. Pensei em ajudar jovens a encontrar caminhos profissionais. Comecei a ouvir: "Mas o que exatamente você vai oferecer?", "Para quem?",  "Você vai ganhar quanto?".. e eu também tive que escolher: desistir ou me preparar para de fato desenvolver estas respostas. 

Daí pra frente a paixão, o coração, a mente já estavam na  Y (que nem tinha nome ainda), já não queria mais ficar na empresa. A cada dia eu me distanciava mais do trabalho, tinha menos energia, menos empolgação, menos dedicação para o cotidiano na empresa e mais curiosidade pelo mundo dos negócios.


Meu Primeiro NegócioOnde histórias criam vida. Descubra agora