Em 1997, de Segunda a Sexta, você me encontraria na Universidade Federal do Espírito Santo fazendo a graduação em Ciência da Computação. Aos sábados e domingos como Secretária Executiva Local da Mocidade Para Cristo - Filial Vitória.
Eu já vivia um grande dilema existencial desde o inicio de minha juventude: Carreira Profissional ou Chamado Divino. Era um cotidiano de dicotomias. Como se eu precisasse de fato fazer esta escolha. Impossível, desnecessário, mas naquela época eu não sabia disso.
Sempre busquei dar o melhor de mim. Na UFES isso me rendia uma nota 5 (de 10) e na MPC me rendia ser ouvida por centenas de jovens ávidos por um norte na vida. E todo dia eu pensava sobre o que eu seria de verdade: analista de sistemas ou missionária em uma ONG.
Como se o fato de ter dúvidas não pudesse em si ser uma resposta. As pessoas, em sua grande maioria, não fazem a menor ideia do que querem da vida aos 20. O mesmo acontece aos 35 e me disseram que aos 50 e aos 65 também. O fato de termos dúvidas não deveria ser motivo para pararmos, ao contrário, deveria ser o combustível para nos prepararmos ainda mais para o futuro.
Sabendo que todo que busca encontra, todo que pede recebe, que a tempestade vem antes da bonança e o medo antes do ato de coragem, momentos de crise na vida deveriam ser encarados de maneira mais suave. Mas eu só tinha 20! Não havia a menor chance de eu viver sem este dilema àquela época.
Acabei fazendo, 3 anos de ciência da computação, 1 ano de Desenho Industrial na UFES, me casei com Cleber (secretário Executivo Local da MPC - Filial Curitiba) , me mudei para Curitiba. Enquanto eu fazia Sistemas de Informação na PUC-PR também atuava ao lado do Cleber na MPC Sul. Não sei se o casamento, o fato de já ter estudado na federal antes, o fato de mudar de cidade, ou a tal maturidade, mas meu desempenho acadêmico acabou subindo para uma média 9. O trabalho com a MPC alcançou várias cidades no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul!
Consegui estágios em empresas públicas e privadas. Desenvolvi projetos para governos e para grandes corporações. Trabalhei em uma Startup (numa época em que este nome nem existia). Segui carreira na área em que me graduei (sabendo que muita gente se forma e ainda precisa trabalhar em outras áreas antes de conseguir embarcar na carreira dos sonhos) trabalhei no Brasil e fora dele. Em equipes multi disciplinares, em projetos globais. Fui promovida várias vezes, eu de fato vivenciava a carreira dos sonhos.
OS DETALHES
Vou te contar alguns detalhes curiosos desta minha caminhada profissional, guarde-os no coração, farão todo sentido no desenrolar da história. Eu sempre ouvi do meu pai que o importante no inicio da carreira era ganhar experiência e não dinheiro. Levei isso super a sério.
Quando o estágio era pago, achava ótimo, mas se não era, fazia tão bem quanto se fosse. Aprendi muito, com muita gente fera. Tive excelentes referências na vida.
Carlos Magno Libardi um homem à frente de seu tempo. Meu segundo chefe! Liderava uma equipe na área de TI com profissionais incríveis. Foi dele que ouvi "Portal na Internet" e "XML" pela primeira vez. Ele dizia: estude mais sobre essa coisa de Internet Geovana, isso vai mudar o mundo!
Silvia de Mello uma mulher que amava sua equipe. A equipe da Silvia era imensa, a gente trabalhava para o governo do Estado do PR, dentro do Instituto Curitiba de Informática, mas éramos todos terceirizados. Nossa responsabilidade era implementar um sistema que substituísse os gigantes MainFrames nas operações do RH dos mais de 30.000 servidores públicos do estado.
Certa vez o Cleber havia viajado, para não dormir sozinha em casa, um grupo de amigas numa república de estudantes topou me acolher por 1 semana. Nesta época eu estagiava o dia todo e fazia faculdade de noite, precisava trazer minhas coisas no ônibus (lá de São José dos Pinhais - região metropolitana de Curitiba) para o ICI, de lá levar tudo pra PUC de ônibus também e da PUC às 22:30 de ônibus levar à casa das meninas que me receberiam.não tinha UBER e o taxi era muito caro.
Detalhe: eu tinha uma hamster chinesa, chamada pequena, que vivia solta pela casa.
Pequena era uma fofa! Nunca mais tivemos um bichinho como ela. havia um ninho debaixo da nossa cama, ela acordava com a gente, se espreguiçava ao lado da cama, e seguia nossa rotina como companheira. Ela era parte da família. Pequena tinha uma gaiola, mas nunca tinha usado, até aqueles dias!
Pois levei pequena, na gaiola, mais minha mochila, mais minha bolsa com roupas para trabalhar e estudar por 1 semana, tudo para o ICI. No meio do dia, meu coração doía de pensar na pequena presa naquela gaiola, e o que eu fiz? Sim.. eu soltei a pequena pra ela "esticar as pernas"!! Achei que eu tivesse feito uma 'área protegida'. Ledo engano. Pequena fugiu pelos corredores do ICI e a Silvia deve estar até hoje justificando a confusão aos superiores depois de termos resgatado a bichinha em meio aos gritos de "UM RATO" e "SOCORRO" dos funcionários daquele andar.
Daniel Mamoré um visionário, empreendedor! Trabalhei com Mamoré por 1 ano eu creio. A cada 10 palavras dele 8 eram palavrões (acho que aprendi a xingar nesta época) ele era divertidíssimo. E tinha um ponto a provar. Uma solução tecnológica que resolvia uma dor que ele achava que o mercado tinha. Foram meses de apresentações, visitas, viagens pra São Paulo, implementações de testes, além dos palavrões, aprendi que empreender exigia resiliência, coragem e persistência. Ele tinha razão na solução, mas o mundo não estava pronto para ela ainda.
Connie Devine uma norte americana que não fala português e certamente foi quem mais me influenciou na arte de palestrar! Se hoje as pessoas dizem que amam me ouvir falar, thanks to Connie Devine, que teve MUITA paciência comigo. A importância das pausas, o olhar, a posição, os argumentos certos, a velocidade, o tom de voz, era tudo fascinante!
Tive líderes modelo na MPC Também, eu sou (e tú também és) o que aprendemos com todos eles. Nossas ideias, nossos sonhos, nossas atitudes. São claramente influencias desta longa jornada na vida.
PROFISSIONAL NOTA 10
E lá estava eu, seguido firme e forte rumo ao topo de uma carreira bem sucedida. Um bom salário, possibilidade real de crescimento profissional, um bom apartamento, um carro zero, prêmios de reconhecimento, viagens, um maridão sensacional, Diva, Plena.. o que mais eu poderia querer?
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Meu Primeiro Negócio
NonfiksiPara você não repetir meu erros, decidi compartilhar um pouco sobre minha experiência ao sair de um bom emprego, com uma carreira promissora, para empreender! Junto com isso ainda decidi que o negócio seria social e saímos, meu esposo, duas filhas p...