Um Detalhe Muito Importante

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Perguntar a um adolescente de 17 anos "que curso você vai fazer no vestibular?" sempre foi cruel! Comigo não era diferente. Às vezes eu queria o curso de comunicação, às vezes de engenharia, às vezes administração e às vezes biologia. 

Lá em meados da década de 90 a gente fazia os tais testes vocacionais. O meu apontou para Medicina ou Ciência da Computação. Como eu não gostava de sangue ou de gente doente, não tive mais dúvidas: ciência da computação. 

Em 1996 os computadores eram um luxo em poucas casas da cidade. Internet era apenas um conceito distante. Falar em Ciência da Computação era falar sobre o futuro. Na minha cabeça seria acesso direto às máquinas mais modernas, e às possibilidades de construir novidades constantemente. Porém, eu mal sabia ligar o tal 386, e achava que aquela tela com as pastinhas amarelas (windows explorer) era coisa só para programadores.  

Meu pai havia feito engenharia na Universidade federal do Espírito Santo, muito se orgulhava disso, e não me dava escolha. Era UFES que eu deveria fazer. A missão era clara então, eu precisava conquistar 1, das 40, vagas para o curso de ciência da computação na UFES. 

Minhas notas eram incríveis, meu desempenho nos simulados era ótimo - no ano anterior eu havia inclusive conquistado o direito de fazer o vestibular para testar. Eu era uma aposta dos cursinho. Todos à minha volta estavam seguros de minha aprovação. Até eu achava que tava tudo no esquema. 

Doce ilusão. Já às vésperas das provas, um dos maiores jornais da cidade (impresso, não tinha blog, nem site, nem youtube, nem nada online, era só papel, TV e rádio) ligou no colégio querendo fazer uma série de reportagens sobre o vestibular e queriam acompanhar a vida de uma aluno antes e depois da aprovação. 

O colégio indicou meu nome, sai em meia página de jornal, com foto, entrevista e aquela certeza de que eu tinha tudo sob controle. (paciência, eu só tinha 17 anos) e quando veio o resultado foi uma surpresa pra mim, para minha família, para o jornal e na minha cabeça "para a cidade inteira": reprovada !! :) 

Para mim, aquilo era o fim! Mal sabia eu que uma reprovação no vestibular (nem mesmo 2 ou 3 reprovações) mudam em nada a vida profissional de ninguém. 

Nesta época bem difícil da minha juventude eu fui encontrada por um grupo de jovens da Mocidade Para Cristo. Foi no meio desta tchurma que entendi não só o meu valor, mas também o meu papel na sociedade. Jovens podem de fato fazer muita diferença na vida das pessoas. Muitas decisões importantes foram tomadas nesta fase. Eu não sabia, mas o namorado que arrumei na MPC em janeiro de 1998, inclusive veio a se tornar meu marido, pai de minhas duas filhas. 

E lá estava eu novamente no vestibular, desta vez entendendo que a vida ia muito além de uma prova, e certa de que independente da minha profissão, o importante sempre foi o que seríamos para a sociedade, como devolveríamos tudo que estávamos recebendo. 

"AO COMPASSO DOS TEMPOS..."

Mal sabia eu onde todas aquelas reflexões iriam me levar, e como meu coração já estava aquecido pela juventude. 

Meu Primeiro NegócioOnde histórias criam vida. Descubra agora