|| Love, Hope And Misery || - Jake Bugg

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(n/a): i- Esse foi inspirado na música de mesmo nome do gnominho mal humorado, Jake Bugg.

ii- Espero que gostem! <3

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-Estou indo trabalhar. -passei por Jake que estava no piano. -Deixei os papéis do divórcio na biblioteca, te vejo mais tarde. -conclui fechando a porta de entrada e não recebendo, na verdade não esperando nenhuma palavra em troca.

Jake e eu estivemos juntos por quase 10 anos, sendo 4 casados, casamento esse que agora, só dependia da assinatura dele para acabar. Já que a decisão foi minha, J. se mostrava difícil a colaborar com o processo e relutante a assinar.

Tentava me 'reconquistar' de todas as formas conhecidas pelo homem, mas não surtiu muito efeito. Como diria a música, essas coisas acontecem em trindade, né? O amor, a esperança e a miséria; também doía em mim, mas as coisas nem sempre duram para sempre.

No caminho, precisei passar no meu antigo apartamento para deixar algumas caixas com minhas coisas, foi onde nossa história começou e era onde eu iria quando isso tudo acabar.

Flashback on:

-Canta essa comigo, J.! -eu pulava pela sala com uma vassoura em mãos, era minha faxina de primavera e Jake estava ajudando. -Baby come on get up on it / Show me that you really want it / I wanna be the one to love you baby let's go (whoa) / Let's go (whoa).

-Não sou do tipo que canta Beyoncé, querida. -sorriu delicadamente. -E estou sinceramente cansado, apoio uma pausa de 10 min. -se jogou no sofá e me puxou para deitar em seu peito.

-Você está muito fora de forma, Jay jay. -me estiquei um pouco deixando um beijinho no queixo dele. -Mas eu aceito o intervalo. Quer água? -ele afirmou com a cabeça e eu fui para a cozinha.

Voltei com duas garrafas d'água e dançando outra música energética que tocava, fazendo Jake gargalhar do sofá.

-Namorada energética, check! -ele falou ainda gargalhando e imitando uma amiga.

-Namorada, Jake? -perguntei escondendo um sorriso ao beber minha água.

-Não gosto de rotular essas coisas. -voltou a sua expressão natural de seriedade. -Mas é meio o que somos, né? -mantinha os olhos fechados com a cabeça direcionada ao teto, fiquei em silêncio. -Se você quiser chamar assim, claro!

-É, Jake Bugg... -hesitei um pouco e ele abriu apenas um dos olhos. -Eu quero, eu sou sua namoradinha energética. -falei balançando os braços e fazendo careta.

Rimos mais do que arrumamos tudo e no final da noite assistimos a uns filmes para comemorar nosso recém descoberto namoro.

Flashback off:

O dia passou devagar, pulei o horário de almoço para ir mais cedo para casa, tinha malas e caixas para fechar. Passar o dia na frente de um computador na base de café e biscoitos não é nada confortável, mas eu tinha um motivo forte.

Quando cheguei em casa tudo estava apagado, Jake provavelmente tinha saído e isso era bom para ambos, pelo menos eu acho que seja.

Subi as escadas e comecei a arrumar minhas coisas. Blusas em uma mala, sapatos noutra e assim fui terminando de guardar o pouco que sobrava. Lembrei do documento na biblioteca e fui até lá buscar, mas no lugar estava uma caixa com meu nome na tampa.

-Jake, se isso é mais uma de suas tentativas pode desistir. -comecei a falar imaginando que ele fosse aparecer. -Não torne mais doloroso.

Ele não apareceu e eu me aproximei a caixa, lembrava dela de algum lugar.

Flashback on:

-Eu sei que pedir desculpas ou entregar presentes não vai ajudar, mas trouxe isso para você. -J. deixou uma caixa ao lado dos meus pés na cama e saiu.

Tinha meu nome na tampa e minha curiosidade foi maior do que eu desejava então eu abri. Tinham várias lembranças nossas dentro da caixa, desde a primeira foto até o último livro que lemos juntos.

Talvez fosse exagero da minha parte ter ficado com raiva do Jake por ele não ter ido ao lançamento do meu livro, mas talvez não. Talvez isso tudo tenha sido culpa minha em escrever um livro "hipotético" sobre já não sentir mais o mesmo pela pessoa amada.

Era isso que eu sentia e sabia que ele também, já se passaram 2 anos e meio desde que casamos e tentamos o velho não cair na rotina, mas não funcionava mais ou não tínhamos tentado de tudo, desci as escadas correndo, sabia onde encontrar o Jake.

-Desculpa, eu fui insensível. -falei para o homem de costas para mim em frente a lareira.

-Talvez eu também me sinta como você. -ele virou para mim. -Não totalmente, mas um pouco.

-Vamos tentar de novo. -parei bem perto com as mãos em seus ombros. -Podemos analisar meu livro e ver o que podemos melhorar. -sorri de lado.

-Podemos esquecer um pouco seu livro e montarmos uma biblioteca, o que me diz?

-Você é um gênio, Jay jay!! -o beijei intensamente.

A felicidade tomou conta de mim, eu estava eufórica e o J. ansioso para que ficasse do jeito que queríamos.

Flashback off:

Algumas fotos antigas, refis do meu café favorito, uma edição anotada e não censurada de O Retrato de Dorian Gray, os papéis do divórcio devidamente assinados e um bilhete. Era tudo o que tinha na caixa e tudo o que fez meu coração palpitar como se fosse parar a qualquer momento.

Eu, de fato, amava o Jake, porém estava cansada de tentar e só bater na trave. Sentei encima da mesa mesmo e peguei o bilhete para ler.

"Apaixonante Estela,

Precisei sair um pouco para respirar e não sei se ainda vai estar aí quando eu voltar, por isso já deixei a caixa pronta. Assinei os papéis que pediu e deixei alguns itens para ajudar na sua nova jornada, achei que fosse gostar. Que eu te amo muito você já sabe e eu sei que isso também dói em você, mas já passamos a fase da esperança e precisamos parar de sofrer com isso tudo. Espero que ainda seja muito feliz.

Com amor,

Jay jay.

Ps.: Leva os livros que quiser, mas deixa os de Edgar Allan Poe"

Sequei  algumas lágrimas que teimaram em cair, fechei a caixa e voltei para o quarto, era hora de ir embora. Pus minhas caixas e malas restantes no carro e voltei para pegar minha bolsa, quando abri a porta para sair dei de cara com o Jake caladão, o próprio Wybie da Coraline.

-Eu também amo muito você, J. -o beijei tão intensamente quanto na noite que decidimos montar a biblioteca. -Mas eu preciso ir e deixar você ir.

-Você não pode ficar só mais essa noite? -perguntou retirando as mãos que repousavam na minha cintura e eu neguei com a cabeça.

-Até depois. -respondi saindo na direção do carro.

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