Capítulo 3 - Afrodite

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Robert Scrimgeour

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Robert Scrimgeour

— Em sua caverna meu filho, Platão já dizia sobre aprisionamentos, não? — ouço a voz firme de minha mãe enquanto faço traços finos na tela

A pintura para mim sempre fora um ato de liberdade para mim, sinto-me satisfeito quando desenho, mas a pintura em tela és minha verdadeira vocação.

— Talvez Platão estivesse certo em relação às prisões próprias como cavernas, mas aposto que nunca fora apresentando a minha caverna — pisco sorrateiro

— Diga-me a diferença então meu revolucionário - propôs em tom de desafio

Minha mãe és uma mulher conhecida por sua frieza, mas apenas consigo admirá-la mais com isso, uma mulher forte para sua época, dominante como só ela.

— A minha caverna não és algo que prendes, mas sim que liberta minha mãe — digo sem perder o foco de minha pintura

— Tu e estes seus questionamentos baratos — alfinetou ácida fazendo-me sorrir ladino

"Uma vida não questionada não merece ser vivida" — digo uma frase bastante conhecida de Platão

Minha mãe reconhece e ri da minha lábia.

— Então questione como seu primo que após tanta devassidão acertou-se

Em pensar que Jaime, o tão conhecido como Duque Libertino agora seria um espelho para os bons costumes e um exemplo a ser seguido. Irônico. Apenas quem viveu sabe!

— Acertou-se no seu tempo — minha mãe insiste em querer casar-me, no entanto isto não é algo que entra em meus planos por enquanto

— Acertou-se graças a uma mulher — ponderou

Para minha mãe as mulheres sempre eram as causadoras das maiores alegrias e também das dores.

— Graças ao amor mútuo dos dois — opino com certeza, minha mãe não sabes no início trágico da relação de meu primo com a francesa

Altero as tintas, deixando de lado o preto para usar o corante avermelhado na borda, irei fazer um contraste para chegar o mais perto de sua beleza.

— Não entendo-te meu filho, uma hora ages como um homem sem lei que presa por libertinagem camuflada de liberdade e outrora és um romântico incurável — suspira indignada

— Não posso ser os dois? — indago rindo enquanto sigo pintando

Ela olha-me entediada.

— Afinal quem pinta com tanto esmero que ousa em nem olhar para sua mãe? — enciumada a mesma pergunta

— Se lhe disser que não sei quem és, acredita?

A única coisa que sei sobre ela és que trabalha no bordel de Valerie, mas essa informação não será compartilhada com minha mãe. Ela enlouqueceria, caso pensasse que estou envolvido com uma rameira ao ponto de pintá-la.

— Uma musa de seus sonhos? — aproxima-se

És até agora apenas um rascunho, mas mesmo não admitindo sei que minha mãe gosta de minhas pinturas.

— Quando terminar mostrarei o tão grande és sua beleza — digo com sinceridade

— Poupe-me de suas tolices infantis Robert — responde arrogante

— É a mais pura verdade minha mãe, seu olhar transmite pureza, mas ao mesmo tempo coragem, seus cabelos são vermelhos e reluzentes como o próprio sol, uma personificação perfeita de...

Afrodite? — indaga rindo do meu entusiasmado

—Sim, minha musa és a personificação da mais bela de todas — digo por fim encantando

Afrodite.

Combina com ela.

— Quando casar-te não poderá continuar com isto, como explicará para sua esposa que desenha outra mulher? — indaga perspicaz, como sempre.

— Não tenho que preocupar-me com isso tão cedo, afinal casamento não está em meus planos — respondo-a fazendo a dita cuja resmungar.

— Casamento não é plano meu filho, és uma garantia de vida compartilhada com alguém que irá zelar por ti e crescer junto contigo.

— Mamãe, sou maior que ti, não preciso de nenhuma mulher para crescer ou para ser uma cuidadora.

— Vocês homens gritam aos quatro ventos o quanto são independentes e que são as mulheres as mais sensíveis e melancólicas, no entanto são vós que encontram-se tanto em estado de glória como de ruína por causa de nós — pausou — no fim, nós apenas fingimos que são vocês que mandam, porém somos nós mulheres comandamos, pelo menos com seu pai era assim

Gargalho, minha mãe era uma figura indubitavelmente única.

—Papai sabia deste pensamento?

— Claro, seu pai gozou da mais perfeita glória: eu! — afirmou convicta

Minha mãe és a pessoa mais fantástica e de certo que humildade não é uma de suas características, uma mulher muito conservada e de fibra.

—Um dia espero encontrar uma mulher que me faça sentir tudo o que sei que provocou em meu pai - levanto e beijo seu rosto — amo-te, mama

Ela olha-me desconfiada.

— És recíproco, mesmo sendo um filho ingrato que demoras a dar-me netos - diz fingindo amargura — caso não fosse seu primo, essa casa não teria crianças para correr, já que suas irmãs casaram-se com homens de cidades tão longes e mal trazem minhas netas

— Jennett és encantadora, mas convenhamos que a menina é danada como só ela — digo

— Traz alegria isso sim. Não vejo a hora de seu primo trazer o mais novo para ver-me — diz ansiosa

Mamãe amava Jaime como um filho, creio que de certo modo ele lembra um pouco a si mesma, já que meu primo é tão sagaz e prepotente como ela.

— Mãe, minha irmã demorará a chegar? — pergunto voltando a minha pintura

— Creio que um pouco, a temporada dela ainda demorará alguns meses — responde-me simples

— Acreditas que ela já é uma das mais aguardadas pelos rapazes? - indago contrariado, bando de farejadores de temporada

— É claro, ela é uma Scrimgeour, além de claro, ter herdado minha beleza notória — responde suave e arrogante como sempre

— Mama, Rebecah és muito jovem, não precisa casar-se agora — resmungo

— Ela está na idade ideal para tal, casei-me com seu pai nessa mesma idade

— Mas o tempo são outros, não vejo necessidade casá-la as pressas

— Impressão minha, ou acaba de insinuar que estou velha? ­— sua voz saiu baixa, mas ameaçadora

— Apenas impressão mamãe — minha fala sorrateira não é o bastante para enganá-la

Minha mãe não demorou a deixar-me sozinho novamente. Eu precisava sair, talvez com Antony para pensar melhor sobre a vida, passar o dia pensando naquela ruiva não era o mais aconselhado.

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⏰ Última atualização: Jan 28, 2022 ⏰

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