1 | Intro: A vida é bela

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"Quando nada mais importa
Eu serei um anjo, só pra você
E para você aparecerei em toda noite escura
E então vamos voar pra bem longe daqui
Nós nunca mais vamos nos perder".

Wenn Nichts Mehr Geht - Tokio Hotel

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"Dia 01:

Querida merda de diário,

       Uma vez um colega de quarto me falou que a morte era o maior alívio de dor que alguém poderia sentir. Ele usava morfina e não fazia mais efeito. Levei aquelas palavras comigo durante muito tempo. Precisávamos morrer para parar de sofrer? A morte era a única saída ou a salvação?
       Se o psicólogo quer que eu escreva para mim mesma, lá vai.
       Nasci em uma família boa. Meu pai é dono de uma rede de restaurantes na Tailândia. Bem famosa por sinal. Minha mãe é dona de casa, sempre foi. Eles se conheceram na infância e ela sempre foi prometida para ele. Me tiveram novos, bem novos mesmo.
       Sou filha única. Com três anos já sabia falar perfeitamente e começava a decorar o alfabeto. Com cinco anos senti as primeiras dores de cabeça. Minha mãe dizia que eu ficava muito tempo na frente da televisão. Meu pai já achava que era o travesseiro que eu dormia. Compraram outro e fiquei sem a TV. As dores continuaram. Me levaram no hospital e não recebi diagnóstico.
       Com oito anos, depois de muita insistência, fui diagnosticada com uma doença rara, que afeta os nervos do cérebro. Uma espécie de câncer. Nunca souberam dizer o que realmente era. Entrei até para os livros de medicina, minha foto está lá.
       Com nove anos dei entrada no primeiro hospital para tratamento. Meu pai não aceitava que sua única filha fosse atendida por alguém que não fosse um dos melhores médicos do país. Recebi a notícia depois de meses que nada estava fazendo efeito e que minha expectativa de vida era de dois anos no máximo.
       Lembro dele chorar em frente ao médico. Ele nunca chorava. Aquela foi a primeira vez. Tive a impressão de que ele já estava em luto. Eu nem havia morrido ainda. Minha mãe sempre foi esperançosa, dizia que estava tudo bem e que era só um momento ruim.
       Passei por inúmeros tratamentos... Perdi as contas. Sou pós-graduada em gestão hospitalar pela 'universidade vivência de uma terminal'. Sei o nome dos principais remédios utilizados em uma neurocirurgia e qual a demanda de luvas de látex que um hospital com cento e vinte leitos precisa.
       Ano passado meus pais me levaram para casa e achei que morreria lá. Duas semanas depois meu pai me chamou no escritório dele e me informou que seria enviada para o melhor hospital da Coréia do Sul. Era a última tentativa dele, como o mesmo disse.
       Se não desse certo ele iria desistir de mim? Me via uma vez por ano no meu aniversário. Depois disso sempre dava desculpas que estava trabalhando para poder pagar as despesas dos meus tratamentos. Sempre achei um absurdo.
       Minha mãe sempre esteve ao meu lado, mas com o tempo até ela começou a se cansar. Passei da expectativa de vida de alguém com tumor no cérebro e estou aqui no meu primeiro dia na Coréia do Sul, em um hospital chique."

Sorn fechou o caderno após escutar a porta se abrir.

- Meu amor, vai ficar tudo bem. - Muni sentou na beirada da maca e observou sua única filha. - Esse hospital é o melhor que tem na Coréia, os funcionários são atenciosos, esse quarto é bem espaçoso e você vai ficar bem.

A jovem sorriu fraquinho, tentando transpassar confiança. - Tudo bem, mama. - Segurou na mão dela. - Eu sei que vou ficar bem.

A mulher de cabelo preto e curto sorriu, mesmo que seus olhos denunciavam a tristeza que sentia. - Você tem um colega de corredor, é no quarto a frente. - Apontou para a outra porta, fechada. - É um menino com problema no coração, acho que vão se dar bem.

MOONCHILD | Namjoon [BTS]Onde histórias criam vida. Descubra agora