O Jogo dos Reis [Livro I]

Capítulo VII - Octavius II

Octavius chegou em Vila Fenesca na manhã do próxima dia, seu olhos ainda pegavam fogo por passar quase a noite inteira claro no caminho, atento a qualquer coisa na estrada. Assim que chegou ao local, tratou de pagar uma estadia numa estalagem para dormir, ficando assim até o final da manhã.

Fenesca era uma vila grande para os padrões normais, tinha até mesmo a sombra de uma muralha cobrindo seus arredores, o que provavelmente era obra da boa gestão da Lady alfa local. Octavius ainda teve tempo de dar uma volta pelo centro, passando pelo mercado que estava a todo vapor e as casas de prostituição, com alguns ômegas chamando os alfas das janelas do segundo andar. O homem ainda pensou em fazer uma visita ao de local, mas estava racionando dinheiro para chegar a cidade mais próxima.

As despesas que acabou fazendo ao chegar na vila, desde hospedagem a alimentação, inclusive de sua égua, haviam levado grande parte de seu dinheiro. Em breve, teria que fazer mais um de seus trabalhos, por isso tratou de ir logo ao mural mais próximo. Toda vila, aldeia ou cidade tinha um daquele, geralmente variando de tamanho.

O mural de Fenesca ficava próximo a uma taverna e uma padaria, e logo de cara Octavius já podia ver os catarses. Tinham os que procuravam por ladrões, estupradores, assassinos, outros que pediam ajuda por conta de alguma criatura que estava atacando sua fazendas ou alguma pequena aldeia nas proximidades, geralmente ratos gigantes.

O homem se aproximou e deu uma olhada em um cartaz em específico, assinado pela própria Elisa Janis, a governante de Fenesca. Tinha uma recompensa de duzentas espadas de ouro, a moeda de Motris, o que era absolutamente muita coisa.

Algumas pessoas passavam e encaravam Octavius temerosas, talvez por que as pessoas que paravam para observar o mural fossem como ele, um mercenário e esse tipo de gente nunca era bem vista em qualquer lugar que fosse.

Octavius arrancou o papel e colocou no bolso, no momento em que escutou passos se aproximando e parando atrás de seu corpo. Virou-se calmamente e deu de cara com dois guardas o observando dos pés a cabeça, como se fosse um pedaço de merda qualquer no caminho.

- A quem devo a honra de tamanha recepção? - Fez questão de deixar seu tom o mais irônico possível.

Um dos soldados, um beta já idoso, se aproximou. Usava uma armadura de ferro lustrado, com uma andorinha azul cravada no peitoral, o símbolo da casa Janis.

- Lady Elisa requisita sua presença no castelo.

Octavius meneou a cabeça.

- Por qual motivo?

Dava para ver que o velho soldado estava apreensivo, afinal, Octavius era um homem enorme, com mais de dois metros de altura. Fora que seus braços musculosos se faziam presente por baixo de suas roupas, junto a espada na cintura, uma visão nada amigável para qualquer um.

- Você é o Urso Negro. - Perguntou o segundo beta atrás.

- Octavius. - Corrigiu.

- Certo. Lady Janis o convida para um almoço, e depois, se for de seu agrado, poderão tratar de negócios.

Octavius abriu um sorriso, depois deu tapinhas no ombro do soldado mais velho, como se fossem bons amigos.

- Viu? É assim que se convida alguém.

Na realidade, o homem ficou feliz com a possibilidade de comer sem gastar mais um centavo. E comer na casa de um nobre era algo que ele não fazia com tanta frequência, na maioria das vezes, esses apenas contratavam seus serviços e o dispensavam sem mais.

Octavius seguiu os dois homens a passos rápidos, puxando Grama, passando pelo centro da vila em meio a multidão. O forte de Lady Janis ficavam mais ao centro do local, com uma pequena muralha de pedregulhos o cercando. Quando passaram pelo portão principal, viu algumas sentinelas o encarando com assombro.