O Jogo dos Reis [Livro I]

Capítulo V - Dean II

Dean caminhou até o palanque e se ajoelhou no chão sobre uma perna. Estava vestido impecavelmente, com tecidos nobres de cor azul e repletos de pedras preciosas. Sua espada cintilava presa na cintura, como se também fosse uma delas. Os cabelos dourados escuros estavam penteados, a espada entrelaçada por anéis, o símbolo de sua casa, estava estampada em seu manto vermelho.

O salão do rei estava lotado de nobres, assistindo a cerimônia em silêncio. Dean imaginou que boa parte deles ali talvez devesse compartilhar de seus pensamentos, de que não era para aquilo estar acontecendo, que Dean não deveria estar subindo ao trono tão cedo.

O alfa tinha os olhos avermelhados, ainda de luto pelo o ocorrido com seu pai. Ele não era perfeito, cometera diversos erros ao longo de seu reinado, mas ainda sim foi um bom rei pelo período que esteve em regência. Por isso era amado pela população. No dia de seu funeral, a população de Ravellir lotou as ruas da cidade, todos querendo dar seu último adeus para o rei.

Dean ainda não conseguia entender como aquilo foi acontecer, John estava forte e cheio de vida naquele dia, e então, subitamente havia morrido.

- Em virtude do falecimento precoce de John III Winchester, seu filho alfa mais velho assumiu o trono. - O mestre de cerimônia falou bem alto. Caminhou até o alfa e suavemente depositou a coroa de seu pai em sua cabeça. - Dean I Winchester, da casa Winchester, primeiro de seu nome. Nesse momento, passa a ter a regência do Vale de Motris, tendo o dever de governar e proteger suas terras e povo. Que os deuses abençoem seu reinado. Vida longa ao Rei!

- Vida longa ao Rei! - Todos presentes disseram ao mesmo tempo.

Dean havia se ajoelhado como príncipe, mas levantou como um rei.

Inspirou profundamente olhando para os presentes e acenou com a cabeça, os vendo se ajoelharem. Virou e a passos lentos sentou no trono marfim escuro de sua família, colocando seus braços para descansar nas laterais. Não era nem um pouco confortável e agora entendia por que seu pai odiava aquele trono, vivia reclamando de dores nas costas.

Mary Winchester estava no trono ao lado, o rosto inchado de tanto chorar. Não era mais a rainha regente, agora tinha se tornado a rainha mãe, apenas um cargo simbólico a qual não tinha grandes designações. Em uma semana aquele trono seria ocupado por Castiel, que abandonaria de vez o nome Novak e se tornaria um Winchester.

Mesmo com a tragédia ocorrida, o casamento dos dois ainda sim iria acontecer. O novo rei precisava de alguém para ocupar o segundo trono, e quem melhor do que se não o príncipe do reino vizinho? Uma aliança entre Motris e a Campina os tornariam extremamente poderosos.

Um casamento ou aliança entre membros da realeza de outros reinos não acontecia em geral há centenas de anos, a não ser quando fosse em tempos de guerra. Chuck Novak, o pai de seu futuro esposo, tinha subido ao poder dessa forma.

Seu pai lhe contara que antes de ser um rei, Chuck fora um dos lorde da Campina. A antiga rainha alfa de seu reino era uma tirana que explorava até a alguma gota de sua população, mantendo seu domínio por base da força. Por esse fator, houve uma união de lordes e ladies da Campina, lideradas por Chuck, para derrubá-la do trono. Entretanto, nos meses de guerra, eles foram massacrados pelo exército da rainha e Chuck Novak, vendo que sua causa estava perdida, não hesitou em pedir ajuda a John, no reino vizinho.