Arte

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Lá estava ele, em meio a tantas pessoas que considerávamos relevantes, sorrindo timidamente. Leon estava próximos de seus quadros na galeria de exposição. Todos eram impressionados com suas obras de arte, até mesmo eu. Nos conhecemos na mesma escola de arte, na adolescência, agora adultos, decidimos fazer uma exposição juntos. Ele me tinha como uma amiga do ramo, eu também o tinha a mesma consideração, porém, aspirava por ter mais que isso. Ora alguém tirava-me de meus devaneios enquanto lhe admirava, para elogiar um pouco do meu pequeno trabalho. Eu achava pequeno. Leon ofuscava todo o brilho do local. Às vezes nossos olhares se encontravam, seu olhar tão gentil e modesto, fazendo meu corpo entrar em choque e meu coração parar, engulo em seco. Decido então, procurar algo líquido para melhorar a rigidez de minha garganta.

- Olá senhorita. - Era incrível como sua voz me desconcertava tanto, principalmente quando me chamava de senhorita. Achava muito carinhoso de sua parte, mas a razão me convenceu que ele chamava todas assim.

- Olá Leon. - Respondo deixando o recipiente de vidro vazio no balcão que estava próxima. - Você brilhou como nunca hoje, parabéns.

- Não é para tanto. - Ele desviou o olhar para a galeria. Pessoas de aparência elegante explorava o lugar e a arte que fizemos. - Seus quadros também estão esplêndidos, você manda muito bem nisso, parabéns. - Sinto meu coração palpitar e uma onda gélida percorrer meu ventre.

- Mal sou as poeiras de seus pés. - digo, fazendo-o negar com a cabeça. - Nunca a vi fazer tão elogios assim, só você consegue. - Aponto para nossa intrutora, da adolescência. Era rígida. Mas possuía um espaço no meu peito e acredito que seja o mesmo com o homem a minha frente.

- Pare, você também já arrancou elogios dela, sabe disso. - Ele diz e um homem, que aparentava estar na meia idade passa por mim e elogia meus quadros. - Você é boa tanto quanto eu, está vendo. - Ele diz tirando gargalhadas da minha boca.

Resolvemos caminhar um pouco pela sofisticado local que nos recebera, mas era impossível, pois vivíamos sendo parados instantaneamente, principalmente por conta de Leon. Mas eu pararia quantas vezes pudesse, para ver ele sendo educado e sorrindo modestamente. Seu sorriso me encantava tanto, na verdade tudo me encantava quando se tratava dele, não havia nenhum defeito para mim, apesar de ser perfeccionista e bem inquieto. Leon também escrevia e tocava muito bem. Seus textos me emocionavam e quando tocava me fazia arrancar suspiros, além de produzir ótimas refeições na cozinha de sua casa, que nunca cansaria de saborear. Eu me odiava por gostar dele, justo dele, eu odiava meus sentimentos, mas conforme o tempo passou, não obtive outra opção a não ser os aceitar. Resolvemos então ficar na entrada onde tinha algumas pessoas comentando sobre o evento. Tentava não o admirar, mas isso era praticamente impossível.

- Não é legal? - Leon pergunta tirando de meus devaneios.

- O-o quê?

- Ouvir o que as pessoas falam do seus quadros, sabe, pelas costas? - mumurra me fazendo sorrir, nem me importava com o que as pessoas estavam falando no fim das contas, só de ver aquela cara travessa e satisfeita me sentia suficiente.

- Sim, é sim. - sussurro também e me prestando atenção no que aquelas pessoas falavam sobre a gente, o que não eram coisas ruins, me fazendo respirar aliviada "as pessoas gostaram ao menos". - Leon, você possui algum defeito? - Acabei soltando um pensamento. Maldita bebida.

- Mas é claro senhorita, todos temos defeitos, eu pelo menos acredito nisso. - Ele me respondeu de forma gentil como sempre fazia.

- Eu acho impossível. Não acho um defeito sequer em você. - Indago - Leon, você é tão educado, doce, modesto, humilde. Não se tem um coisa que já foi dominada de você. É um máximo em tudo. - Ele sorri ao ouvir as coisas que eu falo, abre a boca para falar mas eu o corto. - Você é tão incrível, sei que sabe disso, mas é tão incrível como trata isso, como age do jeito que tudo você faz é algo que todos podem fazer, sabe é uma das coisas que eu mais admiro em você.  Na verdade faz um tempo em que guardo essa admiração aqui dentro de mim, não queria contar de forma alguma, mas eu não consigo olhar para seu rosto, seus olhos, seu estilo, seu sorriso, seus quadros, suas canções, e negar para mim mesma que não sou completamente apaixonada por elas, eu sou meio apaixonada por você, Leon, desde o momento em que ficamos mais próximos, e que realmente te conheci de fato. - Ele parecia em choque e eu estava totalmente dominada pela adrenalina, surpreendida por falar aquilo em voz alta para ele e para mim. - Droga, me desculpa. Eu realmente não queria estragar sua noite, ela era especial para mim também. - Digo.

Apronto meu sobretudo e saio da galeria, extasiada e sem rumo, meus olhos marejavam, sabia que ele não tinha que fazer nada, não era obrigado a gostar de mim também, mas era impossível convencer meu coração disso agora, que me domava como um pequeno potro. Caminhava pelas suas com a cabeça baixa, meu coração parecia explodir e meu nariz se aquecia, e, em poucos segundos conseguia sentir um líquido quente sair de meus olhos. Odiava chorar, principalmente numa avenida movimentada onde todos me olhavam. Me sentia um lixo, o que deu em mim? Por que contei tudo de uma vez assim? Não era necessário, minha cabeça me avisava, além disso, as coisas ficariam estranhas agora, e o resto da exposição? Merda, a exposição. Tomara que ninguém percebeu o vexame que eu teria passado em algum canto daquele lugar, prevejo minha suposta chacota de pessoas ali presentes.

- Senhorita! - Sua voz ofegante chamava meu nome, como era tola, estava delirando agora?

- Nilce! - A voz agora mais perto me fez perceber que não era coisa da minha cabeça, percebo uma mão em meu ombro, fazendo-me virar.

- Leon, sério não precisa falar mais...

Sou interrompida quando seus lábios tocam os meus, me pegando de surpresa, mas mesmo assim me cedi a aquele beijo, tão ardente e cheio de ternura. Nossas bocas se encontravam e era como um sonho para mim, estava tão espantada pela sua ação, mas ao mesmo momento aliviada, me sentia voar segurando fogos de artifício. Meus braços enlaçaram seu pescoço e suas mãos apertavam minha cintura, fazendo intensificar tal demonstração de afeto, durando-o mais do que o estimado, porém acabo me afastando meus lábios dos seus, arfando.

- Leon. - Mumurro. - Eu não...

- Achei que o gesto seria uma boa maneira de demostrar que o sentimento era recíproco. - Diz com seu olhar de Marte sobre os meus. - Por via das dúvidas, Nilce, saiba que também sou apaixonado por você. - Ele diz fazendo do meu coração um bloco de carnaval e me arrancando um sorriso.

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DESCULPA POR LEREM ISSO.
Eu vou apagar jajá.

With Love - One Shot LeonilOnde histórias criam vida. Descubra agora