‒ Uma semana depois ‒
Point Of View Alice Cabello-Jauregui Milazzo
No reino da Ratio inferno havia um cemitério pra lembrar de todos os seres que morreram em guerras, por doenças ou injustamente. Um Memorial feito por Damballa, para que os entes queridos pudessem, por gerações, honrar seus ancestrais mortos no passado para que o futuro tivesse paz e Harmonia, como temos hoje. Mas, infelizmente, ainda há muita maldade por todo o mundo, não só na camada mundana, mas tanto na Ratio Inferno quanto nos Céus.
Acordar com a notícia de que o Memorial dos Ancestrais inteiro, do começo ao fim, foi destruído, é de tamanha tristeza. Minha noite não foi a das melhores, quando tomei o trono, sabia que tinha inúmeras responsabilidades, e uma das prioridades na qual Belzebu havia me dito para dar uma parte de mim, seria o Memorial, e eu literalmente dei uma parte de mim, uma parte da minha essência está naquele Memorial para que os parentes possam se sentir em casa e confortáveis, não sentir aquele clima melancólico e de tristeza. Mas tudo foi destruído, tudo foi por água abaixo, e a minha noite foi a das piores porque eu só sabia sentir dor e chorar, agora pela manhã descobri o por quê.
Todos os cantos do meu corpo doía, não tinha um lugar no qual não reclamava de dor, mas o lugar que mais doía era o meu peito, meu coração estava ferido, estava sensível, como todo o meu corpo.
— Majestade— Ouvi a voz serena de Leviatã.
— Sim?— Soltei baixo. Minha garganta reclamava por eu estar segurando o choro.
— Pus metade dos meus homens espalhados pelo mundo para descobrir quem fez essa atrocidade com o nosso Memorial— Avisou.
— Ótimo, quanto mais rápido forem atrás, mais rápido saberemos quem foi o responsável— Passei a mão pela grama chamuscada— Como podem ser tão cruéis assim, Levy?— Minha voz falhou um pouco.
— O mal não está na escuridão Majestade, o mal está em qualquer lugar, até mesmo na luz— Respondeu baixo, ouvi seus breves passos e logo sua mão pousou sobre meu ombro— A maldade e a bondade está dentro de cada um de nós, cada ser desse planeta inteiro, mas somos nós quem decidimos que caminho tomar, nada nos influencia— Concluiu.
— Você já sabe quem foram os responsáveis, não sabe?— Perguntei ainda olhando pra todos os destroços na minha frente— Vou levar o seu silêncio como afirmação, Levy— Virei pra olha-lo.
— Eu senti quando estavam fazendo, eu vi com os meus próprios olhos, eu vi— Contou ainda olhando pra frente— O jeito violento como quebravam as lápides e zombavam dos nossos falecidos— Virou pra me olhar.
Era a primeira vez, em anos, que eu via Leviatã chorar. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, não demorou muito pra que elas começassem a cair e inundar todo seu rosto com um semblante confuso e revoltado, eu conseguia ouvir perfeitamente os batimentos cardíacos e o sangue correndo em suas veias, seus músculos enrijecidos e, por fim, a coisa mais triste, seus olhos estavam opacos, não tinha mais aquele brilho de sempre quando nos vemos. Ele estava de fato machucado.
— Os seus familiares estavam aqui, não estavam?— Apontei, ele assentiu com a cabeça.
— Meu tio, meu avô, meu pai... Todos desonrados, não temos mais um lugar pra nos sentirmos acolhidos por eles, não temos um lugar pra poder agradecer a proteção deles, não temos— Exclamou a última parte num choro sonoro passando as mãos no rosto— Eu estou com a mais pura raiva, o mais puro ódio, correndo em minhas veias agora, eu queria pegar cada responsável por isso e fazer pagar por cada Flor da Morte roubada, por cada lápide destruída, por cada... Família desonrada— Disparou.
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The Different: Vampires N' Demons [Book 3]
FanfictionO seu Trisal favorito está de volta junto dos filhos, família, amigos e... Inimigos? Num período de Oito anos muita coisa pode acontecer. Dezembro/2021. Todos os Direitos Reservados. © Jaguarte, 2020.