Capítulo 4 🕯 A Câmara do Coração

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#CartasQueimadas 🕯️

Capítulo 4 | A Câmara do Coração

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Capítulo 4 | A Câmara do Coração

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Busan, 15 de fevereiro de 1951

Querido eu mesmo,

Não temos mais para quem escrever cartas, finalmente, a não ser para nós mesmos, e preciso admitir que estou feliz por isso, apesar de tudo que precisamos passar para chegar até aqui. Foram meses de sofrimento e ainda teremos meses de medo pela frente, mas as coisas estão um pouco mais estáveis do que antes, mesmo que a ameaça de instabilidade esteja por todo lugar, a todo momento.

Depois que voltei da praia naquela noite, quando descobri — mesmo sem querer — sobre a partida de um dos meus melhores amigos, não esbocei reação alguma quando vi meus pais reunidos na sala de estar. Eles pediram para que eu me sentasse, completamente apreensivos; minha mãe ainda secava a lágrima em seu rosto quando olhou para mim e, por um momento, temi que mais uma carta tivesse chegado, endereçada a mim dessa vez.

Mas não era o caso.

Os pais de Jungkook apenas tinha lhes informado sobre a morte de Jimin e eles tentavam encontrar uma forma de contar-me aquilo. Não ousei dizer que já sabia, não disse nada, apenas me deitei no colo de meu pai e deixei que as lágrimas viessem mais uma vez. Eu já nem sabia por quanto tempo havia chorado sozinho na praia, mas o fato de ter um colo e um consolo me acompanhando acabou despertando ainda mais lágrimas.

Então, passamos boa parte da noite — e do início da madrugada — chorando juntos.

Dormir só foi possível quando meus olhos não suportaram mais ficar abertos, o que pareceu demorar mais do que realmente demorou, quando me deitei em minha cama. A única coisa na qual conseguia pensar era na imagem do Mensageiro indo até a casa dos Jeon, no medo que tinha te atender a porta e ver um deles me dirigindo uma carta do exército, na dor que era perder dois amigos que não tinham culpa nenhuma nessa guerra e na ansiedade que era saber que Yoongi ainda estava lá, no campo de batalha, exposto ao perigo.

Durante a manhã do dia seguinte, fiquei um bom tempo sentado na ponta de minha cama, batendo os pés incansavelmente no chão de madeira, causando um barulho irritante, mas que não conseguia cessar. Era provável que Jungkook estivesse me esperando, mas eu não fazia ideia de como enfrentaria-o.

De qualquer maneira, precisei reunir coragem para me levantar, me lavar e vestir-me; decidi usar preto, porque quase todos na vizinhança sabiam dos principais acontecimentos de cada um ali — afinal, aquele tinha sido o principal motivo para o senhor Park obrigar seu filho caçula a ir para a guerra — então, era esperado que todos já soubessem que estávamos em luto por mais uma pessoa.

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