Capítulo Dois

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Já fazia dias desde que anunciaram a Seleção e ninguém da sua família tocou mais no assunto, você sabia que elas não queriam te forçar a nada.

Era noite, você acabará de chegar do trabalho, sua avó estava na sala assistindo alguma coisa, sua mãe fazia o jantar e Elly provavelmente estava no quarto fazendo alguma bagunça.
Você se sentou ao lado de sua avó, se sentindo completamente acabada, esses dias o restaurante estava muito movimentado, não que isso fosse ruim, mas suas costas imploravam por um descanso.
Sua avó parecia estar inquieta e logo começou a falar:

- Ah, querida, eu não queria tocar no assunto porque sei que você ficaria aborrecida, mas você sabe, amanhã é o último dia para se inscrever na seleção... - Ela falou e você a interrompeu.

- Vovó... - Você iria continuar, mas ela foi mais rápida e te impediu de falar, ela sabe o quão teimosa você poderia ser.

- Deixe-me terminar! - Ela falou séria, mas logo dando um pequeno sorriso reconfortante. - Essa é uma oportunidade única, não digo isso por causa do dinheiro que irá receber, muito menos por causa dos príncipes ou coisa assim, falo isso porque eu quero o melhor para você! Eu não quero que você fique para sempre nessa cidadezinha, quero que você se expanda, que você conheça coisas novas, pessoas novas e... - Ela falou e você sentia seu coração apertar, você queria isso também, mas não queria deixar sua família alí, você só queria sair dali junto com sua família. - E quem sabe assim você não encontre o seu pai. - Ela abaixou tom de voz.

Você nunca soube o paradeiro do seu pai, na verdade, você nem chegou a conhecê-lo, você só sabia o que sua mãe e sua avó contava; que ele era um homem bom, com grandes sonhos e que não é culpa dele de você não o conhecer. Na verdade, a culpa era da sua mãe, mas você não a culpava, provavelmente ela tinha seus motivos.

Mas a história é a seguinte; sua mãe e seu pai eram muito jovens quando tiveram Elisa, eles moravam na grande província¹, seu pai tinha um emprego em um bom lugar - nem sua mãe, nem sua avó lhe dissera qual - e depois de um tempo sua mãe engravidou novamente, dessa vez era você, mas durante a gravidez seu pai foi promovido - isso era bom, certo? -, sua mãe não gostou nada disso. Segundo a sua avó, ela não queria que você e Elisa fossem criadas naquele lugar e então se mudou o mais rápido possível, deixando seu pai sem nada, nem mesmo um endereço.
Você gostaria muito de um dia poder conhecê-lo, não que isso fosse uma necessidade, mas você gostaria de saber como ele é, sua avó diz que você e Elisa se parecem com ele, mas você queria ter uma certeza, certeza de algo que nem mesmo você sabe.

- E-eu vou pensar, vovó. - Você falou saindo dali e indo direto para o seu quarto.

[...]

Depois da conversa com a sua avó, você realmente pensou e pensou, pensou nos prós e nos contras e até na probabilidade de ser chamada para a Seleção, você fez isso até chegar a uma conclusão. Você passou a noite inteira pensando nisso e acabou não pregando os olhos.

O sol já havia nascido então você resolveu se levantar da cama, saiu do quarto e desceu as escadas, já podia sentir o cheiro do café de sua mãe. Você foi até a cozinha, sua mãe percebeu que você estava ali e se assustou.

- Bom dia meu amor, o que faz acordada a essa hora? - Ela perguntou te olhando.

[Diga para ela que você quer participar da Seleção.]

- Você está falando sério? - Ela perguntou assustada. - Você está doente? Eu acho que você está. - Ela falou colocando a mão na sua testa.

- Não mãe, eu estou falando sério, eu quero tentar participar, quero ajudar a nossa família. - Você falou seriamente.

- Você sabe que não precisa, certo? Eu te falei aquilo aquele dia, mas não precisa se preocupar, não quero te forçar a nada, meu amor. - Ela falou em tom culposo, enquanto tocava nos seus cabelos.

- Não mãe, eu quero fazer isso, de verdade. Mas é só isso, eu não vou me casar com um príncipe ou algo assim. - Você disse fazendo careta.

- Você devia ter me dito isso ontem, para que possamos ir no cartório cedo e... - Sua mãe falou e você a interrompeu.

- Calma mãe, vai dar tudo certo, eu vou me aprontar, depois nós comemos e vamos lá, tá legal? - Você falou e ela concordou.

[...]

Vocês estavam no centro da província, tinha uma fila enorme em frente ao cartório e estava um sol de rachar, vocês já estavam lá a algumas horas e pareciam não sair do lugar. Sua mãe logo avistou uma das amigas dela com a sua filha.

- Olha querida, parece que Cindy também veio se inscrever para a Seleção. - Sua mãe falou enquanto a amiga dela se aproximava.

- É... - Você falou sem muita emoção.

Você não gostava muito de Cindy, ela era metida demais, parece que ela havia se esquecido de que a um tempo atrás vocês foram amigas.
Sua mãe e a amiga dela começaram a ter um conversa, parecia ser algo bem interessante, mas você não se importava.

- Você vai tentar participar? - Perguntou Cindy.

- Vou... - Você respondeu espantada, fazia tempo que ela não falava com você, pelo menos não em um tom tão "normal".

- Você sabe que vai ter que tirar uma foto, não? - Ela falou sorrindo de canto e você engoliu seco.

Você não sabia disso, você pensava que teria apenas que entregar os papéis e só. Você não estava tão mal assim, seu cabelo estava solto e você estava com um short jeans e uma blusa preta qualquer mas, sua cara estava lavada, não que você precisasse de maquiagem para ficar bonita, mas com certeza hoje você não estava em um bom dia, afinal, mal havia dormido.

A fila andou e você já estava dentro do cartório esperando o fotógrafo te chamar, aquilo estava acabando com você e olha que você nem entrou na Seleção.
Logo você foi chamada por um senhorzinho, ele pediu para você se sentar em um banquinho e fica o mais reta possível, ele também pediu para que você desse um sorriso. Você odiava sorrir forçadamente para as fotos porque parecia que você ia explodir, então você pensou na piada mais engraçada que pôde e sorriu. Sua foto saiu espontânea e o senhorzinho falou que foi a mais bonita que ele havia tirado hoje. Você se sentiu feliz com o comentário, mesmo que, para você ele tenha mentido.
Ele te entregou a foto junto com os seus papéis e então você levou até uma senhora que aparentava ter uns 50 anos, ela os pegou e grampeou e colocou em cima de uma pilha de papéis.

Você saiu de lá aliviada, mas ainda não era o fim, sexta-feira sairia os resultados e esse era o seu maior medo.

[...]

Notas da autora: Como eu disse no capítulo anterior, eu ainda estou desenvolvendo tudo, então me perdoem por não ter tanta interação, os próximos capítulos que estão por vir terão, eu prometo.

Grande província ¹: província aonde fica o castelo e essas coisas, e tipo uma espécie de Brasília - Distrito Federal, se é que me entendem.

e se você fosse uma selecionada [REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora