Capítulo 2 - O Nome Dele é Josh, Acho

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Capítulo 2 - O Nome Dele é Josh, Acho

Any's Pov

   O domingo foi um dia chato e de ressaca, tanto alcoólica quanto emocional. Eu havia me arrependido completamente em ter insistido em falar particularmente com o Noah. Não tínhamos nem trocado mensagem através do grupo do wpp.

   No almoço meus pais me perguntaram como havia sido a festa, e se Ayla tinha passado de algum limite, já que a garota não tinha dado nenhum sinal de vida em seu quarto. Obviamente eu fingi que estava tudo bem, então eles me mandaram subir para buscá-la.

- Já ta na hora de vocês contratarem uma babá pra essa garota. - resmunguei, arrastando propositalmente a cadeira de maneira brusca.

   Nem esperei para ouvir a resposta deles e subi as escadas correndo. Bati na porta de Ayla, apressadamente; se tinha algo que nós respeitávamos era privacidade. Ela não invadia a minha e eu não invadia a dela.

   Após algum tempo sem resposta, girei a maçaneta e entrei. Ayla fingia estar dormindo. Como eu sabia disso? É bem simples, ela não conseguia dormir virada para o lado direito desde seus 11 anos, e era exatamente nessa posição que ela se encontrava.

- Mamãe ta pedindo pra você descer. - avisei, preparada para deixar o seu quarto, mas hesitei ao não ouvir a resposta. - Ta tudo bem? Você não ta se importando com o que a Sofya falou, né?

   Ayla se mexeu, e virou para mim, com um olhar cansado.  Eu fechei a porta e me sentei na beira de sua cama. Talvez ela tivesse passado a noite inteira acordada; eu realmente não lembrava da última vez que tinha a visto com os olhos tão caídos.

- Eu não to mal com o que ela falou. - admitiu Ayla, após alguns segundos de silêncio. - Eu to mal por ter lembrado daquela noite. Eu juro que queria esquecer, mas ela fica se repetindo que nem a porra de um filme na minha cabeça. - completou, se mexendo inquieta por debaixo do edredom, que estava puxado até a altura de seu pescoço.

- O que aconteceu? - perguntei, franzindo as sobrancelhas. - Ayla, o que aconteceu? - perguntei novamente, sentindo uma pontada de medo ao perceber seus olhos ficando marejados.

   Minha mente me levou rapidamente até aquela noite. Eu não conseguia entender o motivo de não lembrar tão claramente daquele ocorrido. De uma coisa eu tinha certeza: eu tinha dezesseis anos. Estávamos em Fevereiro, e a festa do Krystian, um garoto da turma da Ayla, tinha sido em algum sábado de Agosto. Eu tinha ido com a minha irmã, Sofia e Sina.

   Foi a época em que a skol beats 150bpm tava em alta; era a bebida de maior destaque no Rio de Janeiro inteiro, e quase todos subestimavam os efeitos causados por aquele líquido roxo.

   Eu me separei de Ayla depois de uns dez minutos da nossa chegada. Não costumávamos aproveitar aquele tipo de evento juntas, mas no final, sempre nos encontrávamos para voltar para casa.

- Te encontro às 3h. - avisou Ayla, antes de sumir.

- Bom, finalmente chegou a hora de beijar na boca. Eu amo festas de caras mais velhos. - falou Sofya, batendo palminhas de forma exagerada.

   Eu me recusava a lembrá-la que o garoto era somente um ano mais velho do que nós. Era mais fácil e justo deixá-la naquela ilusão. Afinal, quem sou eu para diminuir as expectativas de alguém?

   A Sofya adorava ficar com um monte de garoto; ela era assim desde nossa infância. Foi a primeira a ter um namorado e a perdeu sua virgindade aos 13. Eu tinha uma intuição, e me repreendia várias vezes por julgá-la em minha mente. Sendo mais precisa, eu achava que Sofya era extremamente carente por ter sido abandonada por seu pai, e por isso tentava chamar atenção saindo com o maior número de homens que conseguisse.

Conforme o Inesperado - Uma História de Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora