XVI - 16

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Lágrimas quentes deslizavam pelo meu rosto. Por mais que eu fizesse força para contê-las, enquanto adentrava o banheiro feminino e me trancava em uma das cabines, era como se não surtisse qualquer efeito.

Sentei-me no vaso sanitário com os joelhos dobrados, escondendo o rosto entre eles. O choro dolorido que eu deixava escapar pela boca era inevitável e queimava cada vez que uma nova lágrima descia feroz pela minha pele. Doía.

E como doía.

Em longos anos de solidão, eu jamais havia me deixado abater por qualquer pessoa. Portanto, não sabia como a Loren havia me atingido tão precisa com suas palavras. Por mais cruéis que elas fossem, não havia apenas um pingo de verdade ali, mas sim, todo um rio.

De fato, Klementyna não tinha considerações por mim. Nem de longe ela fazia questão de demonstrar qualquer tipo de carinho. Mas ouvir isso da boca da Loren foi o cúmulo.

A última vez que me senti assim, foi somente quando meu pai morreu. Depois disso, nada teve tanta importância. Nem mesmo quando ela mentia sobre trabalhar até tarde, mas na verdade comparecia às festas de representantes da mais alta sociedade.

Não conseguia compreender por que ela havia dito que passaria as festas de final de ano em casa. Se ela não se importava nem um pouco comigo, tendo a audácia de dizer aquelas coisas a Loren, ela jamais ficaria em casa por causa de mim. Devia ser tudo uma armadilha; um fingimento egoísta para não ter que guardar remorso.

Por que ela fez isso comigo? Recostei a cabeça na parede, enquanto mais lágrimas caíam dos meus olhos. Por que todas as pessoas me evitam? Fechei os olhos, soluçando.

Queria gritar só para escutar o eco do meu próprio choramingo, afinal, que reconfortante seria escutá-lo num momento como esse, em que a única vontade que preenchia o meu peito, era a de trucidar a filha da puta da Loren Dudek e dar adeus ao destino cruel que Klementyna reservou unicamente para mim.

Será que sempre foi isso que eu mereci? Reclusão em num colégio interno durante oito anos, para no final descobrir que a minha própria mãe, — se é que eu deveria chamá-la assim, prefere outra garota à própria filha?

Mas que merda de mãe, ela é? Me perguntei em pensamentos gritantes.

Um barulho semelhante a passos distantes, me fez levantar o rosto dos joelhos abruptamente. Era tudo o que eu precisava... uma babaca qualquer para eu precisar lidar depois de tudo que a Loren disse sobre mim na frente de todo mundo.

Permaneci em silêncio, enquanto os passos se aproximam ainda mais, ciente de que se eu fingisse não estar aqui, provavelmente quem quer que fosse, iria embora.

— Senhorita Teadele, sou eu... — chamou uma voz pouco distante da cabine onde eu estava.

Reconheci no mesmo instante, era a voz de Damian. Droga! Justo ele?

— Veio rir na minha cara? — gritei para ele entre um soluço e outro. — Vá embora!

— Rir na sua cara? Mas é claro que não! — pela pequena fresta na parte debaixo da porta, fui capaz de ver seus pés.

Ele devia estar recostado na porta da minha cabine.

— Você está no banheiro feminino, sabia? Que eu saiba, isso é contra a regras!

— Convidar um professor para aulas particulares em ambiente privado, também é contra as regras. E nem por isso desisti de ajudá-la com a sua dificuldade. Não será agora que desistirei de você! — sua voz era como um calmante natural para mim, apesar dele sequer desconfiar disso; igual a uma melodia doce e impossível de deixar de ouvi-la.

Boas Garotas MalvadasOnde histórias criam vida. Descubra agora