Capítulo 10 - Lily

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Capítulo 10 - Lily

Seus olhos não desgrudavam do fogo queimando na lareira a sua frente, sentia que era igual o seu interior estava, queimando. Era como se a madeira fosse cada célula de seu corpo, cada músculo e osso e o fogo fosse essa sensação ilógica que o atacava igual a uma labareda, lambendo cada milímetro de si mesmo, deixando o rastro por cada cantinho e o consumindo até não sobrar nada.

Com um aceno da varinha o fogo aumentou, aquecendo o ambiente. Snape olhou para sua mão sem saber o que pensar, sua magia estava mais forte, podia sentir em suas veias e em seus músculos. Era deliciosa a sensação dela correndo por seu sangue, aumentando a firmeza em seus dedos ao segurar a varinha e fazer uma magia, mas estava confuso se a sensação era apenas pela magia ou por tudo que vivera naquela noite. Olhou para o corpo seminu que dormia tranquilamente em sua cama, enrolado em seus lençóis e cobertas, em sua mente havia muitos pensamentos, todos confusos e difusos. Todos que jamais sentira. Aproximou-se do jovem e o observou respirar calmamente, estava ferrado no sono, completamente relaxado, os cabelos bagunçados camuflando no travesseiro com fronhas negras, alguns fios caiam na testa escondendo a cicatriz em forma de raio. Snape os afastou devagar e olhou cada vez mais de perto e cada vez mais perto pôde ver os cílios cheios e levantados, a pele macia, os lábios vermelhos entreabertos. Odiava-se por estar nesse momento admirando o menino, o achando bonito, atraente. Lembrou-se dos momentos vividos a pouco, o corpo de Harry mexendo-se em seu colo, seu membro em sua mão, pulsando e então o gozo que o banhou ao mesmo tempo que ele se entregou ao prazer.

Fechando os olhos sentiu em seu corpo a consequência de se lembrar daqueles momentos. Rapidamente foi ao seu banheiro parando diante da pia e olhando-se no espelho. Viu suas pupilas dilatadas, sua testa suada e seus olhos famintos. Estava com vontade, muita. Fechou os olhos e viu Harry Potter a sua frente, nu, o querendo, o chamando, o beijando. Inconscientemente mordeu o lábio inferior tentando sorver dali o gosto doce do grifinório, agarrou-se com força na pia e desceu uma das mãos para dentro de sua roupa tocando-se como não fazia há muito tempo. Seus dedos agarraram o membro duro e sabiam que não demoraria muito tempo para se derramar. Rapidamente o retirou para fora da roupa e movimentou-se o estimulando enquanto lembrava o jovem lhe beijando. A sensação era deliciosamente dolorosa. Tão rápido quanto veio, sentiu ir embora derramando-se no chão de pedra. Seus dedos grudaram no porcelanato da pia e seus olhos se encaram com força.

- O que está acontecendo comigo?

Snape respirou fundo enquanto se recuperava, baixou a cabeça olhando para suas mãos, mas sem verdadeiramente as ver, sua cabeça estava longe, viajava por dúvidas e lembranças. Quando então seu coração acalmou-se, retirou a roupa olhando sua imagem no espelho apenas por um segundo antes de pegar a varinha e embaçar o vidro sumindo com seu reflexo. Entrou no chuveiro com água gelada, do jeito que gostava e sentiu as primeiras gotas descerem pelo seu corpo enquanto tentava achar nexo em tudo que estava acontecendo, mas a água do lago negro poderia secar antes que encontrasse uma resposta e sabia muito bem disso. E sabia mais ainda o que tinha que fazer naquele momento de tanta dúvida, sabia quem deveria procurar, apenas essa pessoa poderia lhe dar as informações que precisava.

Após se secar e vestir suas vestes habituais, observou o menino adormecido e achou que poderia ficar ali para todo o sempre, era satisfatório vê-lo. Ainda assim, girou nos calcanhares e saiu porta a fora com um lugar em mente. Passou pelos corredores escuros do castelo e sentiu o frio do vento circulando, era delicioso quando tocavam sua pele, o levava para lugares conhecidos de suas lembranças. O frio era seu companheiro de anos, sentia que combinavam, um ser da escuridão como ele não merecia o calor do verão.

Ao chegar aos portões da escola, colocou a mão no bolso da capa sentindo ali dentro o vidrinho que pegara em seu laboratório antes de sair, aquela poção era extremamente necessária para o que queria fazer, para o que precisava fazer. A neve caia em seus cabelos deixando-os molhados, ele não ligou, não se importou com a roupa, as botas ou luvas molhadas com a neve, nem com o frio que poderia gelar seus ossos, ele só tinha um objetivo e com essa determinação desaparatou aparatando diretamente no ponto que desejava.

A vida depois de você (Snarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora