Capítulo 5 – Marcas do passado, surpresas do presente.
Ainda que estivesse dormindo podia saber que alguém estava perto de si, seu corpo o avisava de que uma pessoa estava em seu espaço pessoal. Seus muitos anos de comensal da morte o deixaram preparado para qualquer perigo que pudesse ocorrer. Ele acordaria em poucos segundos para descobrir quem era a pessoa que o visitava, podia sentir seu corpo começar a tencionar, seu sistema nervoso começava a gritar, mas então o leve toque em seu corpo o deixou incrivelmente mais calmo, ainda que estivesse dormindo sabia que aquele que o tocava não lhe trazia nenhum perigo. Não sabia quem era, mas seu instinto lhe dizia que podia confiar no estranho que lhe tocava, de alguma forma eles estavam ligados a ponto de poder relaxar com sua presença e voltar a dormir.
Então o barulho alto o acordou. Snape abriu os olhos assustado e então avistou Potter ao lado encostado no carrinho de poções. Os vidros estavam caídos na bandeja e alguns no chão deixando cacos espalhados para todos os lados, pintando a pedra com as cores de seus líquidos diversos. Mas não foi a pintura acidental que chamou sua atenção e sim o grito do menino. Potter trazia em seu semblante uma mistura de surpresa, horror e pena. Franziu a testa, não conseguia entender o que estava acontecendo até que o menino ergueu o braço e apontou o dedo em sua direção.
- Quem... quem fez isso com o senhor?
Não precisava ver para onde ele estava apontando, já estava cansado de ver aquelas marcas, elas o acompanhavam há anos e irão com ele até após sua morte. Sem dizer nada Snape apenas puxou o lençol de volta e olhou para o teto. Os únicos que sabiam daquilo eram Dumbledore, é claro, Madame Pomfrey, que cuidou de seus ferimentos na época.
- Não cansou de bisbilhotar, Potter. – Rosnou Snape erguendo-se um pouco. - Vá embora.
- Quem fez isso? – Sussurrou Harry. Muita coisa passava pela sua cabeça, muitas teorias e imagens do que poderia ter feito aquilo com ele.
- Não é da sua conta, Potter. Saia daqui agora.
- Foi Voldemort?
Snape não era mais um comensal, o Lorde das Trevas estava morto, mas ainda assim sentia como se sua tatuagem fisgasse cada vez que alguém dizia o nome de seu antigo mestre. Era como uma maldição. Imediatamente colocou a mão sobre a marca negra que dançava em sua pele pálida.
- Eu disse para ir embora, Potter, ou irá se arrepender. – Ameaçou Snape entre os lábios.
- Não. - Disse Harry com firmeza dando um passo a frente com as pernas bambas. Seu coração estava disparado. - Quem fez isso ao senhor?
- Vá embora agora, Potter.
- Não. - Disse Harry dando mais um passo à frente. - Quero saber quem fez isso com o senhor. - Disse apontando o dedo em sua direção e se aproximando.
Snape sentou-se na maca e olhou para Harry como se pudesse fulminá-lo com o olhar. Mas o menino não recuava, pelo contrário ele se aproximava cada vez mais rápido, cada vez mais perto. Snape jogou as pernas para fora da cama e apenas observou o menino continuar a perguntar quem tinha feito aquilo até que o dedo de Harry tocou seu peito. Em um segundo Snape puxou o garoto pela camisa e o segurou pelo pescoço deixando seus rostos tão pertos um do outro que podiam saber exatamente os padrões de riscos em sua íris. Harry se assustou e espalmou suas mãos no peito de Snape tentando se segurar, no momento não sabia se era pior ou melhor, pois agora sentia o que tinham feito com o homem a sua frente. Deveria estar com raiva, Snape o estava ameaçando, apertando sua garganta, ele poderia matá-lo em um instante, mas tudo que podia sentir era pena. Seus dedos passavam pelas cicatrizes e a cada toque seus olhos marejavam.
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A vida depois de você (Snarry)
RomanceSeis meses após a grande guerra bruxa Harry encontra Snape em um estado deplorável e agora cabe ao jovem bruxo ajudar o ex comensal a se recuperar de todos os traumas que passara.