Tia Desiree começou a bater palmas assim que desci as escadas usando o vestido que ela havia me ajudado a escolher, em uma das lojas mais caras que eu já tinha colocado os pés na vida.
— Está linda, Alice.
Dei uma voltinha acanhada exibindo o modelo branco justo, que ia até os joelhos, com um discreto devote em v. Por cima havia colocado uma jaqueta curta preta bastante estilosa cheia de zíperes. Eu tinha dito que o conjunto era caro, mas titia fez questão de me dar de presente dizendo que era um incentivo para que eu passasse mais tempo aqui na França com ela. Desse jeito eu ia acabar me mudando com certeza.
— Está bom mesmo? — Olhei pra ela, ainda sentada em uma poltrona perto da varanda. — Acha que ele vai gostar?
— Querida, Pierre teria que ser louco para não gostar disso. Com essas pernas...
Sorri sem jeito ao lembrar que outra pessoa há não muito tempo havia elogiado minhas pernas e me esforcei bastante para apagar essa lembrança da memória. Eu estava muito bem aqui, nesses dias de férias, sem conseguir ao menos lembrar o nome daquela criatura irritante... O você-sabe-quem...
— Não se preocupe com nada. — Desiree continuou. — Tudo vai dar certo, não fique nervosa.
— É... Não estou nervosa. — E não estava. Pierre havia me convidado para um jantar e para ir a uma amostra de arte, nada de mais. — Estamos saindo só como amigos.
— Claro... Quero dizer que vários dos meus relacionamentos começaram com uma simples amizade.
— Vários?
— Sim. E devo dizer que são os melhores.
— Quem diria, tia Desiree arrasava corações... — Me sentei no sofá ao lado, colocando minha bolsa no colo.
— Ainda arraso meu amor. — Ela riu. — Se eu tivesse esse corpo... — Titia me analisou dos pés à cabeça, sem cerimônias e meu rosto ficou quente de vergonha.
— Claro que o look ajudou bastante, obrigada.
— Não precisa me agradecer é um presente de coração. Apenas prometa que vai usá-lo direitinho... Ou não use... Se é que me entende.
— Tia! — Tive que rir.
— Qual é Alice! Não fique com vergonha, uma garota bonita como você devia estar rodeada por caras. Quando foi a última vez que namorou?
Por mais que me esforçasse para esconder o quanto a pergunta dela tinha me afetado, falhei miseravelmente e infelizmente titia percebeu. Sua expressão mudou completamente, de animada, para totalmente mortificada.
— Desculpe querida... Não quis tocar em velhas feridas.
— Sem problemas. O que ficou no passado ficou no passado. — E eu queria que continuasse lá.
— Verdade! — Titia saltou da poltrona e bateu palmas. — Precisamos superar as coisas ruins e seguir em frente. Tenho certeza que Pierre vai ser um dos muitos que cairão aos seus pés.
— Somos só amigos, como eu disse, e devo lembrá-la de que não estou procurando ninguém no momento.
— Nós nunca estamos, meu bem... Até que ele aparece a nossa porta. — E no exato momento a campainha tocou. — Não disse.
— Já? — Fiquei de pé imediatamente ajeitando o vestido.
— Antes de você descer avisaram pelo interfone que ele havia chegado. — Tia Desiree passou por mim indo em direção à porta. — Agora se ajeite e coloque as meninas para trabalhar.
— Meninas? — Lancei a ela um olhar confuso antes que ela se virasse e fizesse um rápido gesto com as mãos para erguer os seios dela, o que me fez cair na gargalhada. Só parei quando ela finalmente abriu a porta e Pierre surgiu a minha frente.
Ele estava lindo, vestido casualmente: calça jeans escura, camisa branca por baixo de uma camisa de botões aberta. Ele segurava um magnífico buquê de flores diversas.
— Boa noite. — Ele cumprimentou titia com seu sotaque francês carregado, então entrou e dirigiu sua atenção pra mim me lançando um olhar assombrado. — Uau, Alice, está belíssima.
Sorri sem jeito ao vê-lo me devorando com os olhos. Pierre ficou lindamente envergonhado e com o rosto vermelho.
— Obrigada, Pierre. — Peguei as flores. — Você também está ótimo... — Droga! Espero que ele não tome isso como algo rude, como se não tivesse apreciado sua aparência. — Lindo... — Íntimo demais. — Perfeito... — Atirada. — Enfim... — Pierre riu baixinho o que me fez rir também. — Desculpe, é que não tenho muita prática nessa coisa de sair com caras. Espero que isso não te assuste.
— Não. — Ele sorria. — Estou feliz e nervoso.
— Nervoso? Por quê?
— Porque agora tenho que fazer nosso encontro ser inesquecível. — Ah ele era fofo. — Como estou me saindo até agora?
— Muito bem. — Balancei o buquê. — Amei as flores.
— Não sabia quais eram suas preferidas então decidi trazer várias.
— Eu gostei.
— Muito bem... — Tia Desiree bateu palmas chamando nossa atenção. — A noite é uma criança queridos. Não vão querer se atrasar.
— Verdade. Fiz reservas. — Pierre fez um sinal para que eu fosse à frente dele como um perfeito cavalheiro. — Vamos?
— Sim. — Rapidamente peguei minha bolsa carteira do sofá e fui em direção à porta, entregando o buquê de flores para titia antes de sair, pedindo que ela gentilmente colocasse em um vaso no meu quarto.
— Divirta-se querida. — Titia deu um beijo de cada lado do meu rosto, então me afastei indo para a porta seguida por Pierre. — Divirtam-se os dois! — Ainda consegui ouvi-la no corredor. — Não façam nada que eu não faria. — E a porta finalmente bateu.
— Ai meu Deus. — Paramos diante do elevador. — Sinto muito.
— Tudo bem. — Pierre ria parecendo se divertir bastante. — Gosto dela, assim como gosto de você. — Sua confissão me pegou desprevenida. — Desculpe, não quis soar desse jeito — Ele ficou completamente desconcertado e tenho que admitir que aquilo foi engraçado. — Quis dizer que gosto de você como amiga...
— Obrigada. Eu também gosto de você. — As portas do elevador se abriram e nos entramos. — Então, quais são os planos mesmo para esta noite? — Enrosquei meu braço ao dele.
Pierre olhou para nossos braços enroscados e deu um largo sorriso antes de responder:
— Você vai amar.
— Espero que sim. — Rimos juntos até que as portas se fecharam.
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Um amor nada Secreto +18 (Degustação)
ChickLitSpin-off de "O casamento Secreto da Princesa" Garret Benett poderia ser considerado a ovelha negra da família. Festeiro, inconsequente, irresponsável, e mulherengo de carteirinha, ele era incapaz de assumir um compromisso que não fosse por mais de u...