Desde a infância, Park Jimin e Jeon Jungkook compartilharam uma conexão complicada, marcada por desentendimentos. Suas mães, Park Sora e Jeon Dohyun, eram melhores amigas e tinham suas vidas entrelaçadas, desde a gravidez quase simultânea até a cons...
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❝𝗣𝗮𝘃𝗲 𝗱𝗲 𝗖𝗵𝗼𝗰𝗼𝗹𝗮𝘁𝗲 𝗔𝗺𝗮𝗿𝗴𝗼❞
Em uma certa noite de verão, me peguei pensando que talvez, quando eu finalmente fizesse dezoito, o mundo estaria diferente quando eu acordasse. Algo sobre a transição da adolescência para a vida adulta parecia mágico e amedrontador ao mesmo tempo. Como se, de repente, todas as respostas que eu tanto procurava simplesmente se revelassem para mim no primeiro raio de sol daquele dia.
Eu já tinha percebido há muito tempo que esperar mudanças súbitas e milagrosas não me levaria a lugar algum. Não que eu tivesse esperado muito dessas coisas; desde pequeno, sempre tive que me virar para conseguir o que queria. Jungkook, no entanto, sempre pareceu acreditar em coisas mágicas. Talvez fosse por isso que ele me irritava tanto.
Desde a infância, ele tinha essa ideia tola de que eu era algum tipo de herói. Eu não entendia de onde ele tirava isso, especialmente porque sempre foi ele quem pegava meus brinquedos e chupetas, como se eu fosse o vilão da história. Quando éramos crianças, ele grudava em mim como um chiclete, se achando no direito de ocupar todo o meu espaço, de roubar minha liberdade. Isso só piorou com o tempo.
Mas, ao mesmo tempo, havia algo nele que me fazia hesitar em afastá-lo completamente. Mesmo que fosse mais fácil ignorar sua presença, havia uma parte de mim que esperava pelo som da sua voz, pela risada baixa que ele sempre tentava esconder.
Eu não sabia como lidar com isso. Na verdade, eu nunca soube.
Com o tempo, a presença de Jungkook se tornou uma coisa constante que eu não conseguia evitar. Ele era parte da minha rotina, da minha vida, como se sempre estivesse ali, esperando pelo momento certo para se fazer notar. Até mesmo quando ele tentava se esconder, quando fingia que não me via, eu ainda sentia sua presença, ainda sabia que ele estava por perto, observando, esperando.
Veja bem, não era como se eu odiasse o Jungkook; era mais um meio termo do que outra coisa. O famoso "não fede nem cheira".
As manhãs, para mim, eram um loop infinito de tédio. Acordava cedo, arrastava meu corpo até a escola e lá estava eu, sentado na mesma mesa de sempre, esperando o sinal tocar. Por mais que a Orion estivesse fazendo sucesso, nada disso parecia novo ou empolgante. As mesmas pessoas, as mesmas conversas, e o mesmo vazio que me acompanhava como um cão fiel, só que menos fofo.
A Orion tinha virado um fenômeno, e se você me perguntasse como eu me sentia sobre isso, eu provavelmente diria que é legal... eu acho. A fama era como um sonho distante, onde eu era o protagonista, mas em vez de aproveitar a glória, eu estava ocupado tentando não tropeçar no palco. As entrevistas eram uma tortura disfarçada de diversão, os aplausos soavam como um eco distante, e eu me perguntava quando é que a parte mágica desse negócio ia começar a fazer sentido.
