Capítulo 10 [Harley]

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Hoje a família de Mayson estará conosco. Já era hora, saudade me define, principalmente me referindo a minha tia. Insisti para que mamãe viesse vê-la, mas ela disse e repetiu um milhão de vezes que não poderia por conta do trabalho. Então seria só eu mesmo.

Os últimos cinco dias foram estranhos. Não tive tanto trabalho e ainda assim estava o tempo todo tentando o máximo ocupar minha mente e não pensar em Mayson. Não pensar em Megan se casando com ele, não pensar em Megan andando para lá e para cá dando ordens o tempo todo. Não me entenda mal, quero que eles se casem e seja felizes, mas é difícil imaginar a garota que mais me odeia ao lado do cara que eu mais gosto aqui dentro.

Mas isso precisa mudar, como dizem, vida que segue não é? E será isso que eu farei. Não quero pensar mais em homens. Eles complicam minha vida as vezes.

Fecho a porta e sigo em direção as escadas, e para minha "alegria" dou de cara com o príncipe.

- Harley, e aí sumida - sua risada sarcástica me irrita - como você está?

- Ótima - digo descendo as escadas - e você?

- Bem... - ele fala meio sem jeito. O que eu tô fazendo? - espera.

Eu paro no meu da escadas, seria pedir muito ele me deixar em paz?

- O que tá acontecendo? Você não é assim.

- Comigo? - digo sem vacilar - nada. Como eu disse antes, estou ótima.

Saio de perto dele rápido. Não quero prolongar a conversa e chegar ao ponto de brigarmos. Só para deixar claro, odeio ter que tratá-lo assim, mas situações desesperadas pedem medidas desesperadas - eu acho que seria assim o ditado. Isso não importa, o que importa é que eu faça o possível para tirá-lo da minha mente.

Ao sair porta afora já avisto o carro da família real entrando pelo grande portão. Eles podem até morar num sítio no meio do mato. Mas não poupam despesas quando se trata de entradas triunfais. A limusine é gigantesca. É linda.

O rei desce rápido as escadas e vai de encontro com a mãe que desce do carro com uma delicadeza inacreditável. Ele a abraça de uma forma tão carinhosa e sensível que é impossível explicar. No final das contas, ele só é durão diante de seu cargo. Aqui, com sua mãe, ele não passa de um homem de meia idade carente do colo da mãe.

- Princesa - a rainha fala me abraçando depois de se soltar do filho - você está lindíssima.

- Não me comparo a senhora - seus cabelos branquinhos como neve ornam perfeitamente com seus brincos dourados brilhantes. Ela é realmente linda, mesmo com as rugas e consequências da idade aparentes. Dentro de mim acredito que isso não tira a beleza de nenhuma mulher. Afinal, são marcas de anos de vida bem vividos.

Depois de comprimentar todos, chega a vez da minha tia. Ela está ruiva. Ruiva!

- Uau! - digo ao vê-la. - criatividade é tudo tia. Está maravilhosa.

- Ah, acho que cansei dessa família de cabelos morenos - ela diz chacoalhando meus fios soltos - renovar é sempre bom querida, acredite.

- Que saudade. - falo com um sorriso murcho.

Ela me puxa para perto de si e me abraça forte. Agora é muito mais clara a semelhança dela e de mamãe. O nariz e o formato da boca são perfeitamente iguais.

Depois de falar com todos, incluindo Jake e todo o pessoal entramos para nos preparar para o almoço.

🦋

Eu como sempre, tenho a intenção de fugir da multidão, então, no final da tarde, resolvo dar uma passada na biblioteca, até agora, não fui lá.

O cheiro de livros antigos é tão bom. Não consigo imaginar o que uma pessoa que não gosta de ler pensa. Passo pelas prateleiras e vou até a a última, pego um livro qualquer que vejo e vou até a sacada ler.

É um livro de poesias. Me lembro na mesma hora da senhora Markes , ela sempre me dava esse tipo de livro, acredito que tenho uma coletânea completa em casa. Sinto saudades dela, mesmo não fazendo tanto tempo que não a vejo. O dia está lindo como sempre e a noite se aproxima cada vez mais.

O pôr do sol daqui de cima sempre foi belíssimo. Uma mistura de âmbar e rosa aparecem no céu. Fico por um tempo lá admirando, até sentir alguém se aproximar por trás de mim.

- Lembro da primeira vez que te trouxe aqui. - levo um susto quando Mayson para do meu lado. Dou alguns passos para direita, me afastando um pouco dele. Ele parece não ligar ao passo que continua falando - estava bem frio, chovendo e te dei meu blaser, que a propósito não vi mais desde aquele dia.

Rio diante do que ele diz. Eu não me lembrava mais do blaser, então fiz uma nota mental de procurá-lo depois.

Ficamos em silencio. Não um silêncio ruim ou constrangedor, mas um silêncio leve e agradável.

- Eu sei. - resolvo falar - me lembro desse dia. Você não tem ideia do ódio que eu estava de vocês.

Rimos juntos. É tão fácil ficar perto dele que chegava ser linda nossa conexão.

O encaro por um momento. Mas não. Não posso.

- Eu vou entrar, com licença.

- Espera, fica mais um pouco, eu...

- Mayson, desculpa, mas não. Não posso deixar isso acontecer, tá bom?

Entro o mais rápido possível na biblioteca e vou correndo para o quarto, lágrimas querem sair, mas me seguro o máximo que consigo.

Ah, não dá pra explicar. Quando eu estou com ele, só quero ficar mais ainda com ele. Mas eu não posso! Preciso me afastar, preciso tirar de mim esse sentimento que mais cedo ou mais tarde vai acabar comigo. Paro na porta do quarto e antes de abrir seco meu rosto.

Olho para todos os lados do corredor. Não vale a pena me trancar aqui dentro. Isso só vai me deixar mais pra baixo. Enquanto penso para onde ir, ouço vozes no final do corredor e logo em seguida Violet e Jake surgem caminhando lado a lado.

Não estou querendo dizer nada com isso, mas eles estavam próximos demais. Eu mal sabia que tinham a proximidade que eu estava vendo. Violet ria de alguma coisa e parecia mais feliz do que eu nunca havia visto.

- Harley, oi. - Jake fala ao me ver. - Violet está me levando até meu quarto, ainda não encontrei. Acho que não estou mais acostumado com esse lugar.

- Ah, claro - digo com um sorriso maroto - muito gentil da sua parte Violet, muito mesmo - pisco pra ela.

Violet com seu jeito todo delicado - bem contrário ao meu - limpa a garganta e diz:

- É meu trabalho Harley, só isso.

- Sim, eu sei. Continuem, Jake parece realmente perdido.

Falo ao passar ao lado deles e seguir até as escadas.

Não olho para trás, mas poderia jurar que ouvi uma risada vinda do primo de Mayson. Esse cara é louco e espero que não magoe Violet. Seu histórico de "rico pegador" não bate bem com os princípios de dela. Mas ela parecia feliz, muito feliz. Isso que importa, só espero não vê-la triste pelo mesmo cara que trouxe a ela essa felicidade.

CONTINUA...

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