CAPÍTULO 9

386 25 21
                                    

THOMAS

                                               Uma semana atrás...

– LILY!

A voz da amiga soou desesperadamente alta, tão alta que poderia ser ouvida de esquina à esquina. Aquilo o fez ressaltar no mesmo instante sobre a calçada deixando o celular cair no chão enquanto corria em direção da sobrinha, que já estava no meio da rua. Em questão de segundos seu olhar encontra com o da amiga, Tom nunca havia visto tamanho pânico transparecer em Scarlett e se culpou por se deixar distrair ao invés de cuidar da sobrinha. O maior medo da amiga e, consequentemente, o dele também, era que acontecesse algo com Lily, e era exatamente o que estava para acontecer, o mesmo olhar de temor que emanava dos olhos verdes de Scarlett refletia nos azuis de Tom, o desespero e horror estavam presentes como duas entidades rodeando o local. O loiro sabia o que tinha que fazer, olhou para cima implorando, se alguém estivesse olhando para eles naquele momento, para que Scarlett não se machucasse muito. Em um rápido movimento, que nem mesmo ele acreditou que foi possível, puxou os pequenos bracinhos de Lily a agarrando para perto de seu corpo para que não visse a tragédia. Por fim, sua última visão da amiga fora os olhos, engolidos pela cor vermelha, causado devido ao choro instantâneo ao ver sua filha em risco.

Por um momento tudo ao seu redor parecia estar em câmera lenta, seu peito apertou tanto que teve dificuldades em respirar, o estômago revirou parecendo que alguém havia o chutado com força. Ao ouvir o som desesperado da voz da colega de trabalho de Scarlett ecoar pela rua seus olhos encheram de lágrimas e não se conteve em cair em um choro de dor, raiva e culpa. Sua sobrinha debatia-se para sair da posição em que estava para poder ver o que tinha acontecido com sua mãe e Tom só percebeu que a criança não estava mais em seus braços quando a ouviu gritar pela mãe chorando perto de seu corpo. Cambaleou ao levantar do chão, seu ombro estava dolorido pelo atrito com o asfalto, mas aquela dor física era mínima comparada ao que realmente estava sentindo por dentro. Respirava pela boca para tentar formar alguma frase com sentido para acalmar Lily, mas ao perceber a expressão de pânico da menina vendo a mãe estirada no chão com marcas de sangue no rosto, imediatamente a pegou no colo e a afastou da rua para acalma-lá dizendo que tudo iria ficar bem. A adrenalina do momento estava abaixando, pois seu foco era manter a sobrinha bem.

Não demorou muito até que as sirenes de uma ambulância cortassem o silêncio da rua, abafando até mesmo os choros das quatro pessoas na frente da cafeteria. Jacob, em meio à confusão, tinha sido o único a conseguir ligar para a emergência e explicar o que havia acontecido. Os socorristas avisaram que apenas um dos adultos poderiam acompanhar a loira para dar entrada com os documentos de identidade no hospital, ao ouvir a frase Tom se prontificou a acompanhar, mas logo mudou sua fala pedindo para um dos colegas da amiga irem em seu lugar. Queria mais que tudo estar junto a Scarlett nesse momento, não iria a deixar sozinha, seu coração apertou quando rejeitou de entrar na ambulância e mais lágrimas escorriam por seu rosto ao ver o carro branco sumindo ao virar a esquina. Scarlett sempre dizia que o amigo era a melhor família que havia ganho e deixá-la ir com outra pessoa na ambulância cortou em mil pedaços seu coração. Havia falhado como família, havia falhado como melhor amigo... mas não falharia como tio e por mais que doesse, jamais deixaria sua pequena princesa nas mãos de outra pessoa que não fosse ele nesse momento tão doloroso para ambos. Sua prioridade era a sobrinha, mantê-la segura e bem.

                                             Uma semana depois...

[...] because I'm happy, clap along if you know what happiness is to you. because I'm happy, clap along if you feel like that's what you wanna do...

A voz de Lily soava animada junto a música, a cada frase seu sorriso abria deslumbrantemente, poderia dizer que a garotinha estava mais radiante que o sol naquela manhã. Tom a deixou ir no banco da frente do carro com ele até chegarem ao hospital e isso deixou a pequena mais alegre ainda. A garotinha estava tão agitada, que se não fosse pelo cinto de segurança estaria pulando dentro do carro. O tio nem se importava com aquilo, se fosse realmente acontecer, pois era a primeira vez em uma semana que a sobrinha estava tão alegre, e se ele não estivesse dirigindo, com certeza pularia dançando ao ritmo da música junto a pequena. O motivo para toda aquela euforia era claro, Scarlett teve alta do hospital e pediu para ligarem para o amigo para buscá-la e assim foi feito no mesmo instante. Com a chamada finalizada, Tom pediu ao seu chefe o dia de folga para poder ajudar a amiga, prometendo cumprir hora extra depois, após isso foi até a escola de Lily, jamais deixaria que a menina não participasse desse momento, e foi assim que os dois chegaram ao hospital esbanjando alegria e sorrisos.

Falling in love for the last time Onde histórias criam vida. Descubra agora