Cspitulo 4 - Uma maluca que fugiu do hospício

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13 de setembro de 2018 – sexta feira.

Vocês já repararam que quando uma coisa acontece, ocorrem várias ao mesmo tempo como se entrássemos em um redemoinho do qual nunca sairemos ou o controlamos. Naquele dia em especial estava animada para a primeira festa que iria não só em Londres como a primeira do último ano do colégio.

O dia passou voando e quando me vi estava jogada com a Julie na sua cama sem fazer nada. Ela morava com os pais em um sobrado, o irmão mais velho fazia faculdade de Direito em Dublin com bolsa de quase cem por cento o que causava uma pressão gigante na garota já que os pais queriam que ela seguisse os mesmo passos não só do irmão como da família inteira. Já ela não sabia que caminho seguir, não queria fazer direito, mas com a vida inteira planejada ficava um pouco difícil mudar as coisas.

Por mais que tentasse negar, tanto ela quanto eu sabíamos que seu caminho é na música e era pra isso que devia lutar afinal talento não lhe faltava, já que ela respirava e exalava musica até pelos poros.

No momento estávamos terminando de compor uma letra juntas, até poderia ser a pessoa mais desafinado do universo, mas de palavras isso entendo. Qualquer coisa relacionada as palavras, pra mim é igual brincar de quebra cabeças.

-Ficou incrível – falei quando ela terminou de cantar a música - não sei porque você não investe nisso ou posta um vídeo no Youtube.

-Você sabe o porquê – respondeu levantando uma sobrancelha– música é um rob, mas não é o que quero fazer da vida.

-Juliety Black daqui uns anos quando você for uma estrela, nos duas veremos que você está errada e eu certa. Vamos lembrar dessa e de todas as conversas que tivemos – argumentei.

-Eu vou ir tomar banho – falou se levantando da cama de casal que estávamos - caso não se lembre temos uma festa hoje.

Depois das duas tomarem banho e se arrumarem, me encontrei me analisando no espelho e vendo como havia ficado. A saia branca de couro, coturnos e bode vermelho de alcinhas com as costas abertas quando um pequeno desenho na minha nuca me chamou a atenção. O trevo de quatro folhas, minha primeira tatuagem tinha um significado muito especial e havia feito com pessoas mais especiais ainda.

Uma semana antes das aulas acabarem eu, Lana e Tônia resolvemos acampar no Galloway Forest Park, um parque muito famoso na Escócia um típico final de semanas de meninas onde resolvemos encaixar uma viagem. Estava até que calor e passamos a noite inteira falando da vida, do universo, dos nossos medos, dos sonhos de tudo o que era importante para nós. Nos conectamos como não havíamos nos conectados todo aquele tempo que passamos juntas. No fim quando estávamos quase indo embora, perceberemos que havia três trevos de quadro folhas do nosso lado na barraca. Não dando uma semana para eles estarem tatuados em nossas peles. Eu tenho até hoje o desenho no meu caderno de textos.

Ah se soubesse tudo que estava para acontecer depois, teria aproveitado mais, parado o tempo. Faria qualquer coisa para impedir o que aconteceu com ela, infelizmente não consegui, o que me resta agora é tentar lidar da melhor forma com o que aconteceu.

-Você está linda – falou Julie enquanto soltava os meus cabelos do coque os deixando cair em cascatas de cachos loiros.

-Olha quem fala – falei a analisando da cabeça aos pés, a calça justa que marcava todas as suas curvas, até o joelho que a deixava sensual e top preto fechado contrastando com os cabelos roxos.

-Vem vamos – falou me entregando uma jaqueta de couro enquanto eu passava um batom vermelho.

Depois dos irmãos Amarin passarem para nos buscar chegamos rapidinho a enorme mansão que acontecia a festa. De longe já podíamos ouvir a música alta, pela quantidade de pessoa que ocupavam o lugar não era de se espantar. Várias garotas sem blusa rebolavam em cadeiras ou mesas ao redor da sala acompanhas de garrafas de bebidas qualquer. Ah um tempo atrás eu era uma dessas garotas hoje não mais.

Com amor e ReticênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora