Prólogo

312 20 14
                                    

Soluços desvairados pairam sobre a sala sinistra da imensa casa que aos poucos se torna sórdida e vazia. Anos de dor e mutilamento, um vazio impreenchivel e lágrimas que escorrem como sangue de uma pulsante veia recém cortada, uma solidão devastadora, um fogo flamejante e inapagável. A dor de Clara se torna ainda maior ao perceber que ninguém a entende e que nada pode consolá-la.

Sem caminhos próprios e sem laços que a prendem, ela prefere poupar a sí mesma de tanta hipocrisía e de tanto egoísmo que a espécie humana traz, diante de um pessimismo absurdo, seu soluço mais uma vez se transforma em gritos e seus pulsos chocam-se contra a fria lâmina de um estilete já marcado por inúmeros mutilamentos, crises após crises que nenhum psicólogo, psiquiatra e nem mesmo gurus à tira.

Com o sangue jorrando de sua veia, Clara grita e sua dor, seu vazio se tornam só mais um detalhe, alucinada pelo sangue no chão, ela se deita e mais uma vez espera por um "nobre" fim ou quem sabe até mesmo por um princípio desconhecido.

Abismo InteriorOnde histórias criam vida. Descubra agora