Prólogo

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  Antes eu estava morto, agora eu me sinto vivo.

  O que eu posso dizer da vida quando ela mesma me faz calar? Entenda, todo mundo tem um lugar onde pode descansar, onde encontra paz e sossego. Mas esse lugar fica dentro de nossas cabeças.  Não estou falando da parte física,  um grande bolo de tecido pegajoso e rosa que chamamos de cérebro. Estou falando de pensamentos, imaginação,  criatividade. Todos temos um mundo paralelo ao que vivemos fisicamente. Nesse "mundo fantasma" onde só você vive, há uma grande chance de ser bem melhor que o mundo real. Nele, somos mais bonitos,  muito mais inteligentes que as outras pessoas e quase sempre temos razão.  No meu "mundo fantasma", sou um escritor famoso, tenho muito dinheiro, um carro importado, e tenho a Ester.  É claro, no mundo real eu não tenho nada disso, e é por isso que eu passo muito mais tempo no meu mundo fantasma. Aliás,  todos nós fazemos isso. Onde está você, quando senta no banco do passageiro e fica olhando pra fora da janela? No mundo fantasma.

  Parei pra pensar, o mundo real não deve ser mais real do que o mundo fantasma. É claro que o mundo dos pensamentos fica só na nossa cabeça,  mas não quer dizer que ele seja menos real do que o mundo físico, que vou chamar agora de "mundo dos mortos". É,  mundo dos mortos, porque os que restaram não vivem mais, apenas sobrevivem. E os outros, apenas vagam. Esse papo deve estar estranho. É que esqueci de mencionar... o mundo acabou.

Apocalipse dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora