capítulo 3 - Doce coincidência

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Entrei correndo na faculdade, pedindo a Deus para que o professor não tivesse chegado ainda na sala. Chegar atrasada no primeiro dia de aula, não vai pegar nada bem. Pro meu alívio eu não era a única atrasada, nas outras salas também tinha gente acabando de entrar. Como não sabia onde era a minha sala, pedi informação a uma moça que também andava à passos largos no corredor.

- Sua sala fica vizinha à minha. Já vou avisando que o professor André não tolera atrasos. Ele sempre marca os atrasados. Bom, essa ali é sua sala! Boa sorte e seja bem vinda!

Meu nervosismo aumentou depois de ouvir que o professor não gosta de atrasos. E fiquei um tempo na porta tomando coragem para abrir e entrar. Tentei imaginar como era o professor, e o vi como um velho reclamão que fica só esperando um deslize dos alunos para poder ferrar na nota.
Não podia chegar e entrar de uma vez, então bati timidamente e de um pouco baixa pedi para entrar.

- Claro. Junte-se à turma.

Levantei os olhos ao ouvir aquela voz grave e grossa, e me deparei com a turma e meu professor me encarando. E ele não parecia nada com o velho que imaginei, muito pelo contrário.
Alto, cabelo preto caindo daquele jeito sensual, corpo malhado marcado na camisa pólo azul que usava e na calça jeans justa. A barba por fazer, mas que denunciava que ele era alguém que se importava muito em estar bem apresentado.
Entrei na sala, e me sentei na primeira cadeira vazia que avistei. Ao meu lado estava uma menina bem simpática, Carina, que me passou algumas anotações que tinha feito do início da aula. Junto com as outras meninas da sala, ela  dava risinhos de admiração sempre que o professor se levantava para escrever algo no quadro, e ficava de costas.
Terminando a aula, juntei minhas coisas para sair da sala. Muitas meninas se juntaram para ir conversar com o André, "tirar dúvidas", mas quem tem dúvida numa apresentação de disciplina? Ri comigo mesma da situação, e me levantei para sair. Não resisti e dei uma última olhada para ele, e para minha surpresa ele me acena com a cabeça.
Ele gravou meu rosto como a atrasada. Puta que pariu.

Meu pai confundiu os horários, e acabou se atrasando para vir me buscar. Droga. Vou ter que ficar sozinha esperando por ele. Odeio esperar. Decidi andar um pouco pelo campus, para conhecer, e também procurar a cantina para comprar algo para beber.
Se passaram alguns minutos e meu pai me liga.

- Filha, acho que não vai dar pra ir te buscar. O carro deu problema e tô esperando o guincho para poder ir pra oficina. Pega um Uber e nos encontramos em casa.

Desliguei o telefone e fui para o aplicativo procurar um carro disponível, mas os que apareciam sempre cancelavam a corrida! Que dia! Continuei tentando e já estava um pouco agitada, em não encontrar carros disponíveis. Decidi ir falar com o segurança da faculdade para perguntar onde era a parada de ônibus mais próxima. Ele me alertou que a parada era um pouco perigosa pra ficar sozinha, mas resolvi arriscar. Eu tinha que ir pra casa.
Saí andando sozinha e apressada rezando pro ônibus não demorar muito a passar.
Cheguei na parada, e realmente era bastante esquisito o lugar. Os carros passavam rápidos, e quase não se via pessoas andando por ali. O ônibus não passava nunca. Fiquei com medo de pegar o celular e verificar se já havia carros disponíveis no Uber, e se só tivessem esperando a oportunidade para me roubarem. Fiquei lá sentada, com medo até me mexer, esperando o ônibus.
Vi um carro diminuindo a velocidade ao se aproximar da parada e meu único pensamento foi que seria um ladrão e pedi em pensamento que ele só levasse a bolsa. O carro parou, e meu coração passou a ser uma bateria  de samba de tão agitado que tava. Quando o motorista baixou os vidros do carro, não sei se me aliviava ou se ficava mais nervosa.
Era André. Meu lindo professor.

Deliciosa tentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora