Chamado da Lua - Livro 3

Capítulo 5

Não tinham tempo a perder, quando Fernando desceu, Magnus praticamente o arrastou para fora do covil. Pouco antes de uma bala passar muito próxima deles. Já haviam sido descobertos e provavelmente não havia sido a criança que vira. Quando ele tirou a camisa no quarto enquanto fodia A, ela poderia ter visto sua tatuagem também pelo espelho no teto. Sem ressentimentos, ele apenas arrastou o primo para correr o mais rápido que pode.

-Corre Fernando.

-Como se você não devesse estar correndo também, não é, primo?

-Cala a boca, idiota. Estão atrás de nós.

Magnus tinha um grande problema, a quadrilha que os descobrira estava dois passos à sua frente, nem mesmo seus instintos os livraria de uma merda tão grande como essa. Mas, ao invés de adotarem o desespero como guia, entraram correndo por um armazém escuro que mais parecia um galpão para processamento de peixes. Seus olhos se ajustaram parcamente ao local que parecia ter anos de desuso. Um passo em falso e estavam mortos. 

-Achou mesmo que viria do outro lado da porra do mundo pra acabar comigo, seu bosta?

Com a voz fria e os maus hábitos de abusar da sanidade dos que estavam próximos, aquele fala mansa do caralho, estava brincando com os sentidos dos lupinos enquanto eles eram encurralados. Prostituição geralmente não era comum entre os seres da noite, no entanto pareciam estar fazendo disso um negócio lucrativo. Se não fossem os sequestros que estavam acontecendo para viabilizar isso, seria um negócio no qual o próprio Magnus investiria.

-Não viemos acabar com nada, estamos apenas procurando diversão.

-Essa é a diversão que eu tenho a oferecer à vocês.

A voz gutural disse novamente do canto mais escuro, enquanto uma metralhadora disparou os lupinos que haviam sido enviados em excursão. Com alguns tiros nas costas e o estômago provavelmente perfurado, Magnus estava no chão encarando o olhar vazio do primo, não estavam mortos ainda mas com certeza isso ocorreria bastante em breve, se não houvessem como sair dali rápido.

-Deixe-os apodrecer, só não deixe que saiam. Se os reis e alfas acham que podem me deter usando essas força tarefas estão muito enganados. Preciso ir procurar pelo restante do grupo dele… Não acredito que tenha vindo sozinho com esse outro zé ruela. Provavelmente tem mais 10 deles espreitando por aí, querendo foder com o meu rabo.

Após ele se retirar para as sombras novamente, Magnus se virou para Fernando, que acionava algo no relógio. Um alerta talvez, mas, não tinham tempo para lidar com isso e aguardar socorro. Com o restante de força que tinha, foi se erguendo e de maneira sorrateira derrubou um dos guardas e se esgueirou para fora do local onde o ataque havia acontecido. Não antes de ser baleado nas costas e se transformar em um lobo completo para acabar com seu atacante. Com uma mordida poderosa arrancou a cabeça do atacante enquanto seu corpo se debatia retorcendo-se em agonia.

Seus olhos voltaram ao tom castanho normal, pouco antes de se render ao cansaço e apenas o instinto tomar conta de sua sobrevivência. A bala se alojou no crânio, porém com a cicatrização que por vezes era uma bênção, a maldição caiu sobre ele e suas memórias foram substituídas por buracos negros e vazios. Se arrastou durante algum tempo, enquanto procurava por socorro fazia um relatório completo das perdas e machucados que parecia ter, várias perfurações em processo de cura na costa, uma na parte de trás da cabeça, cortes já cicatrizando nos braços e pernas, possivelmente uma perna quebrada que estava doendo como uma cadela e um dos ombros deslocados, a dor incomodava menos que a perda progressiva de suas pequenas centelhas de esperança. Torcia apenas para que o grupo de resgate tenha achado Fernando naquele galpão imundo.

Sua consciência estava se tornando vazia e dolorosamente regular. Seu padrão de pensamentos não era o mesmo de anteriormente, uma onda de letargia tomava conta de seu corpo, escurecendo os olhos aos poucos, as luzes não estavam mais tão brilhantes e a noite parecia mais escura do que antes, talvez estivesse morrendo. Podia morrer sem dizer adeus aos irmãos? Podia partir sem lembrar à eles de serem melhores do que ele foi? O que aconteceria com Louis que estava apenas iniciando a vida agora…? Sua mãe? Sua avó? Não teriam um corpo para velar e um local para se enlutar em silêncio? Será que acharam Fernando? Como James vai ser virar sem ele? Como os recrutas farão sem ele e Fernando por perto? Ranielle não pode perder tempo treinando recrutas.