Capítulo 3

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Partir era doce, na verdade, se afastar de tudo o que conheciam era doce. Depois de uma intensa discussão com o pai e o irmão, achou que era a melhor coisa partir, já que ultimamente não tinham tido muitas notícias boas. Uma missão de resgate seria boa para seu estado de espírito.

-Tem certeza disso?

-Acredito que sim...

-Eu sei que tem ficado complicado para você aqui.

-Oh não, maninha... Na verdade com os holofotes sobre você, meus dias foram melhores. - Seus olhos se fecharam por alguns momentos, memórias das surras que levou do pai durante a vida fizeram com que seus nervos quase se descontrolassem. Por poucos momentos como o presente, ele era mais do que um simples galliard, correndo solto pelos campos como se não houvesse amanhã.

-Sei... Pode tentar me enganar o quanto quiser, ele nunca foi o que se espera de um líder em nossa casa. Apesar de seus defeitos no entanto continua sendo nosso pai.

-E o que quer que eu diga? Que agradeço por toda a merda que vivi com ele durante a vida?

-Na verdade, gostaria que limpasse sua mente dessa bagunça e esquecesse que deve à ele qualquer resposta agora. Você faz parte da minha matilha, como tal, sabe como farei as coisas e o que eu mais prezo no mundo é a nossa família.

-Agradeço, já estou com as malas arrumadas, vou me despedir de mamãe.

Caminhando soturno pela casa, topou com o pai nas escadas, o olhar reprovador, poderia tanto ser dado por ele estar indo embora quanto pelo motivo e a necessidade de ter sempre um saco de pancadas por perto. Por mais que Ranielle alegasse a diferença em sua governança, a gestão da família interna na matilha ainda era cuidado do genitor. Em seu caso, havia muita carga dentro desta família para que se sentisse bem convivendo com eles. Seu dever no entanto era permanecer firme, Sempre foi.

Marietta estava inconsolável, seus olhos choravam com tristeza sobre a necessidade de partida dos filhos, primeiro Ranielle e agora Magnus, havia será, alguma incapacidade dela em mantê-los por perto? Sem mais delongas, apenas o abençoou com o rito de Gaya e seguiu seu caminho para a clareira pedindo por sabedoria para lidar com cada um dos problemas que estava à sua frente.

A despedida da avó foi um pouco diferente, já que Henrieta era força e graça nessa família.

-Então, decidiu seguir o vento?

-Sim, vovó, uivarei para a lua e assim que possível, teremos os responsáveis em nossas mãos.

-Desejo toda sorte que puder ser entregue em suas mãos. Parta como o herói que eu sempre soube que seria, meu filho.

James e Rafaela que observavam a cena, nada podiam fazer além de chorar. E sentir falta de antemão era característico da família Ferreira. Os irmãos eram pouco imunes ao charme da despedida.

-Nos mantenha informado de todos os seus passos, cabeça de bagre.

-Qual é, até parece que eu vou querer vocês me vigiando.

-Louis vai sentir falta da sua companhia.

-Ele vai se acostumar. Não é como se estivesse partindo para sempre.

-Prometa que irá finalizar isso o mais rápido possível.

-Voltarei assim que os ventos me tragam de volta, Rafaela. Enquanto isso cuide do pestinha, e, não estou me referindo ao Louis.

-Cuidarei de tudo até que volte.

O caminho até a saída, com os outros associados de missão, foi feito em silêncio. Sabia que ele e Fernando passariam por coisas que seria impossível descrever, levando em consideração o fato de que não estava indo à uma colônia de férias e sim numa missão de resgate. A chegada à Coréia foi feita de maneira tranquila, apesar do país ser bastante fechado sobre os processos de visitação, o que levava a crer que o problema com lupinos e não-mortos sequestrados era um pouco maior do que simplesmente uma quadrilha procurando fornecer diversão para os locais.

Chamado da Lua - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora