Apenas um texto II

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Acho que hoje foi um dos melhores dias que tive nos últimos tempos.
Não aconteceu nada de especial ou específico que pudesse me deixar feliz. Nada que me surpreendesse ou fosse incomum. Foi só um dia em que eu vivi. Tinha muito tempo que eu não vivia e só hoje, depois de um longo período sem experimentar essa sensação, pude reparar o quanto a gente vive sem viver.
Viver não é só ser intenso, muitos falam que para alguém aproveitar essa nossa curta passagem na terra temos que fazer tudo que nos dá vontade e não pensar no amanhã. Acho isso um pouco radical demais. Já tentei ser feliz assim, também não vou parar de tentar ser feliz assim. Não que seja ruim, eu adoro sair com meus amigos, ser quem eu quiser sem medo de ser julgada ou de me arrepender. É ótimo. Mas não é alma e sim corpo.
Completude: qualidade de algo que está completo, perfeito, acabado.
Sempre busquei ter esse sentimento, a sensação de estar completa, de ter preenchido o meu vazio angustiante que eu não sabia ao certo o que causava ou do que/de quem precisava para ser ocupado. Percebi então que tudo isso era provocado por mim e também que só eu poderia preencher esse buraco da minha alma. Vi o quanto estava desperdiçando minha saúde, juventude e o meu futuro fingindo estar vivendo. Eu não estava. Passava os dias e eu apenas me sabotava.
A gente se sabota o tempo todo. Eu sabia o que tinha que fazer, sabia que era possível, mas sabia também que se eu não fizesse, não iria mudar absolutamente nada (momentaneamente). Não era como se existisse um prazo ou uma pressão sobre mim para me fazer agir. Eu simplesmente não fazia nada, sem qualquer motivo ou prerrogativa para tal.
Enfim, hoje estou me sentindo bem porque fui útil. Não para ou outros ou para meu país, porém para mim mesma. Me coloquei como prioridade, deixei de me sabotar a troco de nada e fiz o que tinha que ser feito.
Não sei se é um pensamento inerte à mim que a sociedade colocou em minha cabeça ao longo da minha formação, entretanto eu me senti tão completa em ver que tudo que havia planejado para o dia foi realizado. Me senti orgulhosa, grata, viva. Não estou dizendo que viver se limita a isso, no entanto, esse é um princípio básico da vida, o qual eu não priorizava a bastante tempo.
Enfim, só escrevi isso porque me senti bem, inspirada e com uma sensação de completude (espero que isso se repita nos dias seguintes). Esse texto é muito mais pra mim do que para meus leitores em si, quando eu estiver pra baixo imagino que ler isso deva me ajudar e me motivar (assim como vocês).

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