Anjo Caído

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"Acorde... Vamos, acorde." Alguém disse.

Acordar? Eu não queria acordar... Não se for para viver no mesmo local, com os mesmos anjos, com a mesma rotina... Eu preferia mil vezes estar de olhos fechados.

"Vamos, sei que não está morta. Levante."  A pessoa tornou a falar.

Eu não conhecia aquela voz...
Não parecia ser de Honnor, de Eliza, Simon, ou de Margareth... Para falar a verdade não se parecia com a voz de ninguém que eu conhecesse.

Não demorou  muito para que eu lembrasse o que tinha acontecido.

Eu estava sentada naquela nuvem. A minha preferida e a única que tenho permissão de ir...

Estava lá, sentada, quando senti alguém me empurrar. Então eu caí.

Não sei voar, nunca me ensinaram.

Talvez isso se deva ao fato de que meus pais tenham sido mortos quando eu era pequena, do fato de eu não ter amigos, ou ser odiada por todos que me cercam...

Nunca soube o que é bater as asas contra o vento.

E por não saber voar, eu caí. Caí na Terra. Habitat humano.

"Ora vamos... Abra os olhos. Posso vê-la se movendo. Não tente me enganar, garota."  A pessoa falou novamente.

Então eu abri.

E fiquei surpresa ao ver que não eram Honnor, Eliza, Simon ou Margareth...  Não era nenhum dos Arcanjos ou dos Guardiões. Era um humano.

Um lindo humano de olhos verdes como a copa das árvores que eu tanto admirava lá de cima. O cabelo, castanho, caía molhado sobre a testa.

O encarei, boquiaberta.

Nunca havia ser tão lindo... Mesmo tendo visto os anjos mais lindos... Nenhum se comparava à  ele.

—Está bem? —Ele perguntou, com cara irritada.

—Eu-Eu... Estou.

—Tem certeza? Porque tipo... Você caiu do céu.

Então ele me viu... Que droga.

—Tenho sim. — Respondi sem hesitar.

Levantei-me rapidamente. Mas uma dor latejante fez- me cair novamente.

Foi nessa hora que eu reparei que escorria sangue sob minha capa. A mesma capa que meu pai usava.

Comecei  a usá-la  quando descobri que era diferente, para esconder quem eu era.

"Essa não... Devo ter quebrado a asa." Pensei.

Bom, elas já não tinham utilidade quando estavam intactas, agora muito menos que estão quebradas.

—Você está sangrando... —Ele diz ao aproximar-se.

Seu movimento é rápido. Não dá tempo de me afastar quando ele vai para trás de mim e levanta minha capa.

—Não... ! —Balbucio, mas já é tarde.

Ele está petrificado, apavorado, perplexo olhando para minhas asas.

—Você... Você é... —Ele não conseguia terminar.

—Desculpa. —É tudo que consigo dizer.

Depois de alguns minutos petrificado ele enfim diz:

—Você é um anjo...

A imperfeita Perfeição Onde histórias criam vida. Descubra agora