Sentimentos

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-Ivy? - Eu a chamei. - Vamos Ivy, acorde!

Eram duas da manhã. Eu havia sido acordado por seus gritos. De novo.

Ela levantou num pulo e olhou para a janela.

Seu corpo foi relaxando aos poucos.

- Outro vez o pesadelo?

Há mais ou menos uma semana ela havia tendo pesadelos.

"Pesadelo". Para ser mais exato.

-Ivy?

Ela abraçou os joelhos, encostando-os em seu peito.

-Pode ir dormir Stefan... Eu vou ficar bem.

Sua voz era quase um sussurro... Doce e suave.

Ela vestia a camisola que minha mãe havia lhe dado. Aquela aberta nas costas, que deixavam suas asas de fora.

Ali, debaixo da luz da lua que entrava pela janela aberta, ela se parecia realmente com um verdadeiro anjo. Mesmo sem ser um anjo legítimo, sem saber voar e sem família...

Ela havia me contado sua história há dois meses... Uma história triste.

Eu tinha pena dela. Tinha total desprezo por aqueles que a machucaram no passado.

Já haviam se passado três meses desde sua queda. E embora eu tenha estranhado sua presença e por constantes vezes, desejado que ela fosse embora, tinha que admitir... Ela já estava se tornando essencial nesta casa.

Mais do que isso... Ela estava se tornando essencial para mim.

Tão solitária, tão fechada... Mas ao mesmo tempo tão linda... Tão encantadora.

Meus sentimentos estavam cada vez mais fortes. Eu tentava ao máximo lutar contra aquilo, mas não conseguia.

Seu olhar em meus olhos era o bastante para fazer meu coração saltar.

Será que eu devia me declarar? Mas o que ela faria?

Será que não me via desse jeito?

Será que... Não!

Eu não podia contar. Ela estava numa guerra interna. Não poderia confundi-la ainda mais. Decidi esperar.

Então o som de seu choro me chamou de vota a realidade.

-Por que está chorando?

-Diga-me Stefan... - Ela disse sem virar o rosto para me olhar.- Eu sou um fardo para você?

-Hã?

Então ela virou. Os olhos cheio d'água.

Ela chorava. Soluçava. Como uma criança.

-Eu sou um fardo para você? Eu lhe causo problemas... eu...

Suas lágrimas a fizeram parar de falar.

Sorri na escuridão do quarto.

Como ela era boba.

E como eu a amava por isso.

Eu amava. Já estava consumado.

Eu não deveria amá-la. Não queria amá-la... Mas eu a amo. Amo sem precedentes.

Sem pensar, sentei-me do seu lado na cama e a puxei contra meu peito.
Ela parou de chorar por impulso e estranhou meu toque. Durante todo aquele tempo, eu nunca havia lhe tocado tão diretamente.

Ela estranhou, mas logo retribuiu e voltou a chorar.

Fiquei com ela em meus braços até o sono lhe dominar e ela adormecer.

Enquanto eu a colocava sobre o travesseiro e a cobria mil pensamentos tumultuavam minha mente.

"Eu poderia amá-la?"

"É certo eu amá-la?"

"Será que ela um dia poderá me amar como eu a amo?"

Eu não sabia responder. Para falar a verdade, não sabia de nada.

Porém... De uma coisa eu tinha certeza. Tinha absoluta certeza:

Aquela garota não poderia sair da minha vida.

Nem por nada, nem por ninguém.

Eu não iria permitir. Me tornei dependente dela.

E sem saber, passei a amá-la.

Amá-la desse jeito... Que não tem mais volta.

A imperfeita Perfeição Onde histórias criam vida. Descubra agora