1. Maybe loneliness is everything we really know

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Talvez a solidão seje tudo que nós realmente conhecemos.

A solidão sempre está lá, na espreita para nos agarrar quando menos precisamos dela. O que é incrível de se pensar pois, quando queremos algo o mais provavel é que ela fuja de você, e quando queremos nos abster de algo, mais ela se prende a você. Então claramente a lei de newton não se adapta a nossos sentimentos e emoções.

E Lalisa sabia exatamente o que era ser amiga da solidão.

Não que ela tivesse sociofobia ou algo do tipo. Ela simplesmente gosta de se conectar com as pessoas para poder passar tempo com elas. Mas obviamente é muito difícil ela se conectar com alguém, alem de sua familia e suas duas únicas amigas.

E claro que sua vida rotineira não ajudava muito. Talvez a época da escola fosse muito melhor para ela nao se sentir sozinha, apesar de Lisa fazer faculdade e se ocupar bastante com os estudos. E era exatamente esse o problema, a garota deixava de lado o diálogo com os colegas e se ocupava estudando trigonometria para sua prova de cálculo avançado.

Mas tinha um único momento em que ela se sentia bem.

—  Um chá de erva doce com leite e dois muffins, por favor. — pediu educadamente para a moça do caixa, já cutucando sua mochila a procura da carteira. — Ah, eu quero para a viagem.

Reasons to stay de Kate Vogel começou a tocar nos alto falantes daquela cafeteria.

Lalisa simplesmente amava a CafeteriaPops, pelo simples fato de ser uma cafeteria noturna, que fica aberta apenas a partir das 18h da tarde e fecha as 23h da noite. Alem de que a decoração anos 70 era super maneira, eles serviam o melhor café da região. E sempre que Lisa ia ali seus olhos brilhavam com aquele letreiro super fantástico, os quadros de cantores antigos tambem a chamava muito a atenção.

Aquele lugar era mágico.

— Aqui está. — a balconista lhe entregou os pedidos já pagos e embalados.

Lisa apenas retribuiu o sorriso da garota, pegando o pacote, sentindo a quentura do chá. Deixou o estabelecimento, podendo ouvir as buzinas dos carros apressados daquela cidade tão movimentada.

E Lisa nao pôde deixar de notar o quão linda a lua estava naquela noite.

Colocou seus fones, iniciando sua playlist e Sex de The 1975 começou a tocar. Lalisa até cogitou pegar um ônibus, mas pelos seus cálculos ir a pé até a biblioteca seria apenas o tempo de 3 músicas, o que obviamente não é muito.

O vento frio soprava em seu rosto, fazendo a garota e encolher mais dentro de seu moletom preto. A cidade estava mais luminosa do que nunca, os comércios abertos e as ruas lotadas de carro.

Colocou as mãos no bolso da calça Jeans, almentando o volume da músicas, o barulho dos carros já estava a irritando. Olhou para o outro lado da rua, sorrindo ao ver o fliperama que ela e suas amigas sempre vão aos finais de semana após os estudos. Lisa sempre gostou de jogos de fliperama, e sempre foi muito boa neles, tanto que quando era adolescente ela entrava em campeonatos com os celegas de escola.

Mas quando entrou na faculdade ela começou a ficar muito ocupada com os estudos. E sua vida virou monótona; Acordar, comer, ir para as aulas, comer, aulas denovo, sala de estudos, comer e dormir.

Mas tinha algo que mesmo sendo rotineiro era a melhor parte do dia.

Ir a biblioteca da cidade.

Ela colocou na mesa o seu copo com chá e o potinho transparente com os dois muffins, pegou de sua mochila um de seua livros favoritos, também o colocando na pequena mesa de madeira.

A biblioteca tinha poucas pessoas por conta do horário e do clima frio, mas ainda sim era uma biblioteca enorme e muito visitada por estudantes.

Mas a garota tinha apenas um foco; o seu relógio de pulso.

Só mais 5 segundos, 4, 3, 2, 1

— Boa noite. — a voz simpática da garota atravessou os ouvidos da tailandêsa, que se virou imediatamente para ver a garota loira entrando na biblioteca.

Lalisa se encantava em como aquela garota conseguia ser tão simpatica com a bibliotecária rabugenta. Ela sempre dava boa noite para a velha, que nem sequer a olhava, mas a loira nem parecia se importar com o descaso da bibliotecária.

E Lisa sempre a observava, sempre. A garota loira sempre vinha de cabelo amarrado nas terças e quartas. Suas roupas não eram grudadas no corpo, o que indica que ela não gosta muito que a olhem, mas o único colar brilhante que sempre usava e a pouca maquiagem dava a entender que ela quer se mostrar vaidosa com si mesma. Seus passos eram delicados e nada apressados, então com certeza ela é alguém que gosta de pontualidade e não é de se atrasar. Sua voz doce indica que ela é simpática com as pessoas. Mas em compensação, a sua coluna super ereta e nariz empinado mostra que ela acha que sabe de tudo.

Mas tinha algo que fez Lisa querer ir todos os dias para aquela biblioteca para apenas observa-la.

As flores azuis.

A garota loira sempre estava com alguma flor azul; no cabelo, na blusa, na calça, nos cadernos, ou na mochila.

Ela sempre alterava de lugar onde colocaria a flor.

E nao era como se Lalisa tivesse uma paixão esquisita pela garota, mas ela só ficou curiosa. E ja faz 3 messes que a observa. Lisa queria conhece-la, saber o nome dela, perguntar o por quê das flores. Mas ela era muito tímida para isso.

Então ela apenas fica a observando.

Lisa sabia que a garota gostava de Shakespeare, mas também que alternava entre medicina e cálculos avançados. Cada dia a garota escolhia um livro totalmente diferente do que escolheu no dia anterior. O que era super estranho.

E naquela noite fria, Lisa pôde obeserva-la mais de perto, já que a garota se sentou na mesa a sua frente, virada para si. Dessa vez ela lia sobre química orgânica, enquanto comia um sanduíche.

E enquanto tomava seu chá e comia seus muffins, ela olhava cada detalhe daquela garota incrivelmente linda, se perguntando em como estava louca por ficar encarando aquela garota.

Blue flowers | ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora