I don't want to make friends!

7.2K 623 484
                                    

Cheguei à escola 30 minutos antes do início da aula, mas isso não me impediu de ser notada.

Bem, uma caloura em plena metade do mês de julho realmente deveria ser inédito.

Abracei forte meu fichário contra o peito e rapidamente encontrei a secretaria, sustentando os olhares curiosos sobre mim.

- Pode me dizer onde fica a classe do segundo ano? - Perguntei para a senhora elegante que estava atrás do balcão. Ela levantou a cabeça e me olhou por cima dos óculos. Eu lhe daria trinta e cinco, no máximo quarenta anos.

- Você é nova aqui? - Ela perguntou de volta levantando as sobrancelhas.

- Querida, acha que se eu já estudasse aqui não saberia onde é a minha classe? Eu pareço ter algum problema de cabeça?

Ela arregalou os olhos e sorriu.

- Sabe, você vai ter que aprender a tratar melhor sua diretora.

- E você vai ter que me dizer onde é a minha classe, se não quiser ficar olhando pra minha cara até o final da aula.

Ela sorriu ainda mais.

- Qual turma? - Perguntou abrindo um caderno cinza.

- Como eu vou saber? Foi minha mãe quem me matriculou aqui. - Olhei em volta. - Eu não conheço nada sobre essa escola.

- Percebe-se. Seu nome?

- Any Gabrielly Soares.

Ela levou um momento para consultar o caderno, então me olhou.

- V-04. Segundo andar à direita.

Eu peguei meu fichário de cima do balcão e me virei para a escada.

- Any. - Ela me chamou e eu me virei para olhá-la de novo. - Essa escola tem regras. Vou cuidar para que você as aprenda o mais rápido possível.

Eu sorri irônica e subi. Não acreditava que havia falado com ela daquele jeito, aquela não era eu! Talvez eu pedisse desculpas a ela depois.

Ri de mim mesma por pensar isso. Não, eu não pediria.

Quando abri a porta da classe V-04, as únicas três meninas que estavam conversando ao lado da mesa do professor me olharam.

Eu passei por elas e me sentei em um canto no fundo da sala, então elas começaram a comentar baixinho sobre mim.

Cruzei as mãos sobre a mesa e olhei pela janela, fingindo interesse na árvore que se balançava suavemente com o vento.

Eu não devia estar ali. Aquela vida não era minha! Fechei meus olhos apertados, desejando perceber que era apenas um sonho quando eu os abrisse, mas sabia que não era.

Eu havia perdido metade da minha vida. Havia perdido meu pai.

Então, neste momento, tomei uma decisão.

Eu não faria amizades nessa escola. A garota brincalhona que vivia em Orange morreu. Agora eu seria diferente. Seria o tipo de garota fechada e solitária que não sabia se enturmar.

Há seis semanas eu aguentei perder meu pai. Aguentaria isso também.

- Oi. - Uma voz suave me trouxe de volta para o aqui e agora.

Eu olhei para a intrusa que atrapalhava meus pensamentos e me deparei com uma das três meninas que estava na mesa do professor quando eu entrei.

- Você deve ser a Any. Prazer, eu sou Taylor. mas pode me chamar de Tay. É assim que a maioria das pessoas me chamam. - Ela estendeu a mão para me comprimentar mas eu não a toquei. Hesitante, ela recolheu a mão de novo. - E então, você veio de que cidade?

Apostas Do Destino - ADAPTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora