PARECE QUE EM TODOS ESSES ANOS eu vivi em um pleno estado de dormência. Estou dançando, eu nem sei o nome dela ou se sequer foi convidada para a festa, o que acho bem provável que não, mas não importa mesmo. Me sinto viva dançando com uma completa estranha. Ela tem um ar que é como vibrasse a energia e magia, eu estou mesmo viajando de vez. Mas é como disse, não importa. Não importa mesmo.
Tiro minha jaqueta jeans e amarro na cintura. Ela acompanha o movimento com os olhos, como se estivesse vendo uma coisa dessas pela primeira vez. Tento chutar mentalmente alguma suposição sobre minha parceira de dança: veio de uma cidade grande, Nova York talvez? Não sei se devo ser a primeira a começar um diálogo, esse momento está tão bom que não sei se quero mudá-lo.
Nossos olhares se encontram, a música parece se encaixar perfeitamente com o momento. Intenso, a única coisa que me vem a cabeça. Voltou para o planeta Terra, e me dou conta de que ela está falando comigo pela primeira vez essa noite. Simples, direta e suave, com uma única pergunta:
- Quer tentar o jogo na mesa de ping pong? – Sua voz é melódica, na medida certa, suponho que talvez tenha talento com o canto.
Maneio com a cabeça, não que eu esteja com medo de falar, mas a música está alta demais para tentar estabelecer um contato. E novamente, ela pega em minha mão, me guiando para o quintal da minha casa. Sinto um certo reconforto com seu toque.
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Only You
Short StoryNoah decide dar uma festa enquanto os pais estão fora. Abby, sua irmã mais velha, resolve que está na hora de se arriscar um pouco, participando de sua primeira grande e única experiência em seu último ano de ensino médio. Ela sai de seu quarto, des...