La vida y la arte

TRÊS

• CAMILA

Era incrível como o dia conseguia ser lindo quando o sol surgia por de trás de todos os prédios envolta do meu e chegava até a minha janela, quente e aconchegante. Me fazia sentir saudades dos dias calorosos de Cuba, mas Nova Iorque conseguia ser tão incrível quanto. No início morar na maior cidade do país e também a mais agitada havia sido um tanto quanto complicado, sempre foi mais difícil para mim conviver com novas adaptações, entretanto hoje em dia era animador poder ver todo o movimento da cidade.

Era mais um dia onde eu acabava de tomar meu café, levara Sofia para escola e dirigia agitada até a galeria Sant'Art da qual eu trabalho desde que me formei a três anos atrás na academia mais aclamada da cidade. Eu ainda não havia conseguido nenhum contrato com uma gravadora, então era o emprego que me deixava contemplada, não que isso fosse algo que me deixasse triste ou desanimada, pelo contrário, era um dos meus lugares favoritos em todo mundo.

A única coisa que essa cidade conseguia me tirar do sério era o trânsito horroroso do qual na maioria dos dias me fazia chegar atrasada para as aulas das quais deveriam começar as dez horas em ponto, mas acabava começando quase às 10 e tantas. Porém sempre deixava alguma música ou uma das minhas rádio novelas tocando para que o engarrafamento nunca me fizesse perder o meu ânimo matinal, era quase como um ritual diário, talvez seja de família, visto que mãe vive proliferando palavras de atração do universo e superstições.

Por sorte minha chefe e também diretora da galeria é minha incrível melhor amiga e claramente entendia todos os meus problemas com o engarrafamento e Sofia para não acabar me demitindo, fora isso nossa relação na galeria era estritamente profissional, sabíamos diferenciar os momentos de amizade dos momentos de trabalho.

Agora eu recolhia todos os meus materiais no banco traseiro do meu carro e saía as pressas em direção a entrada onde era possível ver alguns poucos alunos conversarem animadamente enquanto caminhavam em direção as suas respectivas salas, avistei o jovem Harry na recepção atendendo a mais um telefonema e acenei com a cabeça em forma de cumprimento indo o mais rápido que conseguia para minha sala.

— Atrasada em mais uma manhã, senhorita Cabello - ouvi a voz de Dinah dizer com um falso tom de seriedade e me virei para encará-la — Se nada mudar me verei obrigada a demití-la!
Seu tom era brincalhão, era assim todas as manhãs, não sei como ela conseguia, mas conseguia criar uma piada nova a qualquer momento.

— Acho que o trânsito me odeia! - ri e a grande loira me acompanhou ajudando com as pesadas pastas sob meus braços — mas me perdoe chegar um pouco mais atrasada hoje, tive que levar Sofia até a escola, ela se recusou em pegar o ônibus escolar esta manhã.

— Tem certeza que ela está se adaptando bem em Nova Iorque? - minha amiga questionou mudando seu tom para algo mais preocupado e colocou o resto dos meus materiais sob a minha mesa.

Dinah era como a minha mãe de Nova Iorque, desde que vim morar aqui ela me acolhera como sua irmã e sempre que sentia cheiro de problema ou algo que fosse me abalar sempre estava lá para me ajudar. Era de se admirar toda a maneira da qual ela me trata e fazer com que eu me sentisse realmente em casa, ela sempre me consolava quando as saudades de Cuba e da minha família batiam forte contra o peito.

Nos conhecemos na academia de arte, ela cursava música na mesma turma que eu e incialmente eu tive um pouco de medo da garota, antes de sermos amigas ela me parecia um tanto quanto intimidadora com o seu tamanho alto, corpo esbelto e cabelos incrivelmente loiros, sem contar com toda a sua potência vocal e talento também com a dança, Dinah era uma das poucas alunas que conseguira uma bolsa dupla na academia.

Entretando depois que nos tornamos amigas ela se mostrou ser uma garota totalmente diferente do que as aparencias indicavam, ela é uma mulher totalmente engraçada, companheira e dedicada a tudo que se propunha a fazer.