CUATRO

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• CAMILA

- Normani, hoje foi mais um dia onde um pai chavecou a minha queridíssima professora de música!

Já era meu horário de almoço e às vezes é uma má idéia aceitar os convites de Dinah para almoçar com ela. Eu não sei qual é a sisma das minhas amigas de tentarem me empurrar para as pessoas, como se sexo fosse resolver meus problemas do dia a dia!

- E ele é bonito, Mila? - Normani perguntou começando a se animar e eu revirei os olhos.

- Eu não sei porque vocês ficam tão interessadas na minha vida sexual - iniciei colocando o rosto no cardápio para tentar fazer o pedido - porque não pedimos o que vamos comer logo?

- Você é tão sozinha, Camila! - Dinah retrucou e voltei a encarar os olhos da minha amiga - você não tinha problemas até conhecer o Matthew, qual o problema de sair com algum pai novamente?

- Eu não vou perder outro aluno meu, Dinah! - esbravejei chamando o garçom - sabe que depois que Matthew e eu rompemos ele fez questão de mudar o filho para outra escola de música, eu prezo pelos meus alunos porque são importantes para mim.

Por sorte o garçom surgiu com um bloquinho de notas na mão esperando para que fizessemos o pedido e logo depois retirou-se dando abertura para minha amiga voltar a me atazanar.

- Você era mais legal antes do Matthew - me encostei na cadeira e cruzei os braços - você ao menos precisa conhecer alguém, Mila.

- Que tal falarmos sobre a Sofia? - perguntei quase pegando meu celular para não ter de respondê-la - acho que ela está começando a se sentir melhor longe de Cuba.

Dinah respirou fundo e brincou com os dedos de Normani, era bonito ver a relação das duas, mas eu não acho que desejaria algo igual, ao menos não depois de ter sido traída por Matthew e ter passado pela merda de me sentir uma total idiota.

- Descobri hoje que Shawn é produtor musical - minha amiga tornou a falar e eu revirei os olhos - quem sabe pode ser uma boa oportunidade, Mila!

- Você só pode estar brincando, não é? - ri baixinho e me ajeitei na cadeira - você mais do que ninguém sabe que eu quero fazer música - prolonguei na palavra e respirei fundo - e eu não preciso de um homem para isso, posso fazer isso sem ter que me vender!

Dinah e eu nos encaramos por alguns segundos e ela foi a primeira a quebrar nossos olhares, eu nunca a vi ser tão invasiva assim antes e tampouco me tratar com tanta indelicadeza. Eu sabia que ela não gostava do fato de eu ter me fechado para amor de forma tao abrupta, mas eu tenho meus motivos e são muito bons para mim.

Normani tocou a mão na namorada sob a mesa e a acariciou, segundos depois sorriu para mim em forma de conforto e retribui desconfortável. Diferente da loira, Normani sabia se portar e sabia respeitar o espaço dos outros, era como uma curadora. Minha amiga era assim até eu terminar com Matthew e naquela época eu gostava de fazer coisas de jovens tipo ir à festas, beber e beijar na boca, mas depois veio as notícias de Cuba e a doença do meu pai, logo depois tive que pegar a guarda de Sofia e pra completar todo o bolo flagrei meu namorado transando com a vizinha. Uau, minha vida é realmente muito doida!

E aliás, Matthew parecia um cara legal e me tratava bem, claramente tinha o típico jeito galanteador dos outros pais que passam pela galeria de Dinah. Era romântico, delicado e carinhoso,  mas depois de alguns meses começou a ficar distante e claramente tinha problemas com bebidas e talvez drogas, mas essa última era algo que eu não tinha certeza. Ele nunca chegou a me bater ou fazer algo que me machucasse, nada além das palavras nojentas e de puro horror que eram proferidas à mim.

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