La vida y la arte

SIETE

Notas da autora: Oi, estamos de volta! Espero que estejam realmente apreciando essa linda história de amor, love u.
------------------------------

• CAMILA

Hoje já era mais um fim de tarde um tanto agitada, Sofia surgia saltitante quando desceu do grande ônibus escolar acenando para uma das crianças e correndo até mim logo em seguida. Sorri com todo o carinho da pequena e a apertei no abraço desejando que ela não crescesse nunca mais, a menina riu um pouco e se soltou puxando minha mão.

— Kaki, eu posso apertar os botões coloridos hoje? - Sofia perguntou-me sorridente e correndo para dentro da caixa metálica do nosso apartamento — Eu já sei que você aperta sempre o número três, eu adoro tanto essa caixa mágica!

— Você sabe o nosso andar já, por que não tenta hoje? - ri quando minha irmã deu pulinhos de alegria e apertou o botão — eu estava pensando que a talvez pudesse dizer como está se sentindo esses dias em que você está morando comigo.

Joguei a pergunta de uma vez para a menina e a vi sorrir novamente, vê-la tão animada me deixava um pouco menos aflita.

— Eu gosto de morar com você, Kaki! Nós tomamos sorvete depois da escola e isso é muito legal - a menina disse rindo e ouviu o último bip de aviso da cabine metálica — Chegamos!

Eu ri e segui a menina que saiu correndo até a porta do apartamento esperando que eu abrisse a porta rapidamente. Não estava entendendo toda a empolgação de Sofia, mas estava sendo legal conversar sempre com ela, mesmo que as conversas fossem um pouco mais infantis e terminassem em alguma guloseima. Eu já estava acostumada com crianças, trabalhando com elas o dia todo, no entanto ter de dedicar integralmente do meu tempo para cuidar bem de uma, mesmo que sendo minha irmã, me deixava o tempo todo pensando em tudo que eu poderia fazer para que nada desse errado, para que eu não decepcionasse a ela e tampouco aos meus pais que já estão preocupados o suficiente com suas únicas filhas longe de casa.

Por mais que eu me organizasse o máximo possível sempre sentia que faltava algo, que talvez eu ainda não estivesse dando o meu melhor para cumprir o papel de uma boa irmã, a ideia de deixa-la em tempo integral na escola talvez não fosse a melhor escolha, mantê-la tão longe o tempo tempo, mesmo que com o tempo ela ainda viesse a fazer bons amigos e a escola deixasse de ser um monstro, mas e os laços familiares? Como seriam criados? Neste momento meu conhecimento com crianças parecia até ser escasso em comparação às minhas atitudes com minha pequena irmã.

Eu só queria poder trazer meus pais para perto, para que eu pudesse parar de sentir-me sempre preocupada com a saúde dos dois, sem contar com a constante situação do nosso país natal estar sempre um verdadeiro caos, era sempre preocupante e por isso as ligações eram quase diárias como agora, Sofia sentada em nosso sofá enquanto balançava suas pequeninas pernas e, é claro, o telefone sob aos mãos na ligação de vídeo. Sua voz era animada e terna, mostrava a saudades dos nossos pais e de sua vida normal até ser trazida a esta nova realidade.

Eu queria que ela pudesse ter a oportunidade de ser criada em sua terra, com seus costumes hoje tão desprezados por outros países, sua língua nativa e, se fosse de sua vontade como a minha, sair de seu país em busca de algo melhor, de mais conhecimento, para conhecer coisas novas, porém o mundo de hoje era cruel de mais para permiti-la viver tal sonho. Mas graças ao universo Sofia tem a nossa família, tão grata a sua nacionalidade que não permitiria que ela perdesse a sua essência cubana, nosso pai com toda a certeza ficaria louco caso sua princesinha não soubesse nada sobre seu tão amado território latino.

— Venha, Mila! - a voz estridente e animada de minha irmã me despertou dos pensamentos distantes — Mama quer vê-la.

— Quero apenas ter certeza de que Sofia não esta lhe deixando com cabelos brancos antes do tempo, mi hija! - a voz terna de minha mãe soou baixa pelo telefone e apareci por de trás do enorme sofá, o suficiente para que aparecesse nós duas na imagem — Você está cada vez mais bela, cariño. Como andam as coisas por ai?