Capítulo 8: Confusão

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Chegamos em um local bem distante da universidade, uma espécie de parque abandonado. Observo que a natureza tomou conta do lugar, e há flores e mato em todo canto, o que torna o local relativamente belo.

Anna:"Porque você me trouxe aqui, em um local tão distante, Thomas?"

Thomas:"Bom.. Por nenhum motivo específico. Apenas acho aqui um local silencioso, pacífico, e te apresentar aqui é parte do meu pedido de desculpas. Passo o dia todo rodeado de pessoas vazias, que falam muito e não tem nada a dizer, e aqui é um local que me faz sentir em paz. E gostaria de dividir isso com você."

Anna:"Thomas.."

Thomas:" Sei que te tratei mal e fui muito ignorante após nossa noite. Mas é assim que estou acostumado a agir com todas garotas que eu costumo estar, eu só não esperava que tivéssemos uma conexão assim, que não sai da minha cabeça. Eu gosto de você, mas como eu te falei, eu tenho o hábito de derrubar as pessoas que estão perto de mim, você me parece uma pessoa legal, e não quero te magoar."

Fico sentida com as palavras dele. Não tenho mais raiva dele, apesar de tudo, e na verdade a única coisa que passa na minha cabeça é confusão. Estou confusa sobre meus sentimentos sobre Mike; sobre Thomas; confusa sobre a mudança, minha vida se tornou uma confusão.

Thomas:"No que você está pensando?"

Anna:"Acho que tenho muita coisa na cabeça no momento, mas fico grata por você ter me trazido aqui. Realmente é um belo lugar, quem saiba eu venha mais vezes aqui, pra pensar."

Thomas: "Você vai se mudar mesmo do dormitório? Eu não vejo necessidade pois não vou mais te atrapalhar, vou tentar ser o mais gentil possível, mas a decisão é sua."

Anna:"Bom.. Eu ainda não sei. O Mike sugeriu pra dividirmos o apartamento, e ele mora em um lugar bem grande, então estou considerando isso. Vai ser legal ter meu próprio quarto, meu próprio banheiro."

Thomas:"Vai ser? Então você já decidiu? Podemos ser bons amigos, Anna."

Anna: "Ainda não, mas é uma grande possibilidade. Não sei se daríamos certo como amigos, Thomas. Não sei se eu saberia lidar com isso, entende o que eu quero dizer? E você mesmo disse que o Mike é um cara legal e confiável."

Thomas:"Pois é, legal até demais - Ele revira os olhos - Quando estudamos juntos no ensino médio, antes de eu me tornar quem eu me tornei, eu tinha uma namorada, a Carol. Basicamente ela me trocou pra ficar com o Thomas. Ela era uma vagabunda, traiu ele algumas semanas depois, mas isso fodeu comigo. Acho que isso foi o começo de tudo. Não culpo o Mike. Ela seduziu ele, assim como fez comigo, e não guardo ressentimentos sobre ele. Eu apenas não consigo tratar as pessoas bem, não consigo criar uma conexão profunda com ninguém, há anos. E quando estávamos juntos, naquele domingo, eu senti alguma coisa. E isso me assustou muito, e eu fugi. Por mim, e por você. Acho que é melhor assim, você tem razão. Você deveria se mudar com o Mike."

Não gosto de ninguém me dizendo o que fazer, mas Thomas talvez esteja certo. Ele sentiu, e eu também senti.Thomas carrega um fardo muito grande do passado dele e não sei se estou disposta a dividir isso, a aprender a lidar com tudo que ele viveu, e com as cicatrizes que essas experiências causaram. Talvez seja melhor eu ir dividir o local com o Mike. Uma parte de mim queria que Thomas pedisse pra eu ficar, não vou mentir, mas não acho que isso seja bom pra mim. E está na hora de eu focar apenas em mim, e não apenas em um menino que conheço há uma semana.

Anna: "Tá tudo bem, Thommy. - Dou uma risada, pois nunca tinha chamado ele por um apelido carinhoso - Vamos esquecer e seguir em frente. É bem provável que eu me mude, mas não é por sua causa apenas. Ainda podemos ser bons colegas e nos encontrarmos na cafeteria, não é mesmo?"

Thomas: "Com certeza." - E vejo o brilho dos olhos dele desaparecerem, e um sorriso falso surge.

Não sei exatamente o que o Thomas quer de mim, ou como ele se sente, mas sei que ele está fazendo um esforço grande pra me proteger do que é que ele tenha se tornado. Eu sinto. E o que me deixa mais intrigada ainda é que isso só me faz ficar mais interessada por ele.

Thomas: "Acho que devemos ir. Está esfriando. Quer passar em algum lugar pra almoçar?"

Minha vontade é dizer que sim, mas sinceramente, acho melhor não. Preciso ligar pra minha mãe e tomar minha decisão, e sair com o Thomas agora só vai dificultar minha vida. Bons colegas. É isso que somos.

Bons. Colegas.

Anna: "Agradeço pelo convite, mas se você puder me deixar no dormitório já está ótimo. Preciso arrumar minhas coisas e pensar um pouco na vida."

E assim fomos. Percorremos todo caminho de volta em silêncio, dessa vez ouvindo "Breezeblocks" do ALT-J, que também é uma das minhas bandas favoritas. Acho engraçado como temos o mesmo gosto musical.

Chegando no dormitório, desço do carro do Thomas e decido fazer uma pergunta, que sai do meu coração, e não da minha mente. Eu, em sã consciência, não faria o que eu vou acabar de fazer.

Anna:"Posso ter seu número? Caso a gente não se veja mais.."

Com um sorriso sincero, ele tira um cartão do bolso. "Thomas Bay - Estagiário na Bay Company" e seu telefone escrito abaixo do nome.

Thomas: "Pode me mandar mensagem quando precisar. Tenho algumas coisas pra resollver pela cidade. Até logo, Anna."

Vejo meu bad-boy partindo e sinto uma pontada no coração. E se eu ficasse, e tentasse algo com Thommy? Acho melhor não. Como eu sempre digo, preciso focar em mim. Minha carreira. A época de jogar tudo pro alto já passou.

Chego ao dormitório e ligo pra minha mãe. Conto tudo pra ela, que é meu porto seguro, e como sempre, ela me diz pra seguir meu coração. Também diz que é uma boa ideia eu me mudar com o Mike, pois somos bons amigos e descrevi o apartamento pra ela de uma forma tão reluzente que ela ficou encantada. Contei do café da manhã que o Mike fez pra mim, mas não contei que fui ao lugar secreto com o Thommy. Amo minha mãe e confio nela, mas sei que ela diria pra eu ficar longe dele, que ele é problema. Não que eu já não saiba disso.

Depois de algumas horas, e todas as aulas matadas do dia, tomo minha decisão. Decido fazer minhas malas e mandar uma mensagem de texto para o Mike:

"Tomei minha decisão. Pode vir me buscar aqui no dormitório? Estou com muitas malas."

Em menos de um minuto, recebo a resposta:

"Estou muito feliz por isso. Chego em 5 minutos."

Pego minhas malas e observo meu quarto no dormitório, já sentindo uma estranha sensação de nostalgia. Meu lado já está vazio, enquanto o lado do Thommy continua exatamente igual ao do primeiro dia. Decido deixar um livro meu em cima da cama dele, "O grande Gastsby", meu livro favorito, como um presente de adeus.

Pego minhas coisas e saio pra encontrar Mike no estacionamento. E lá está ele, pronto pra me ajudar a por minhas malas no porta-malas, com seus olhos azuis e seu sorriso de modelo de capa de revista.

Sei que eu deveria estar feliz de estar partindo.

Mas não estou.

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⏰ Última atualização: Apr 19, 2020 ⏰

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