Loira, cabelos longos, rosto cumprido e o mesmo sorriso da minha mãe. Não puxei muitas coisas do meu pai, há não ser apenas um olho. Sim, você não leu errado, eu possuo heterocromia. Tenho um olho verde, que veio da minha mãe, e o outro é castanho escuro, que veio do meu pai.
Vou começar te contando um pouco de quem eu fui. Desde pequena sempre tentei ser independente, fazia tudo para me virar sozinha. Minha mãe, dona de restaurante, me ensinou a cozinhar muito cedo e desde então sou muito boa nisso. Sobre independência, ainda me lembro do dia em que meu pai chegou em casa, eu tinha 14 anos, e estava jogando videogame com os amigos dele, vencendo-os, como se eu fosse uma profissional. Sempre tive isso dentro de mim. Vontade de vencer, vontade de ser melhor do que eu sei que posso ser, mas ao mesmo tempo também sempre senti uma coisa muito escura dentro de mim.
Eu nunca me importei muito com nada. Sempre me importei muito com minha família, isso é fato, mas com outras coisas, como amizades ou relacionamentos, tudo sempre foi muito superficial pra mim. Nunca tinha sentido nada a flor da pele, nunca me emocionava. Tive diversas melhores amigas, mas em algum ponto sempre me enjoava delas. Sei o que você deve estar pensando. Deve estar pensando que sou uma loira chata e esnobe. Talvez algumas pessoas ainda me etiquetem assim. É muito provável e sinceramente não me importo. Desde meus 12 anos percebi que minha mente era muito avançada pra minha verdadeira idade e isso definitivamente me ferrou. Ser maduro é bom, é importante, mas quando você tem idade pra isso. Ser maduro aos 12 anos, ainda mais sem necessitar, é completamente terrível. Você se torna esnobe, nada nunca te satisfaz ou é o suficiente e você se enjoa fácil das coisas.
Venho de uma cidade chamada Belfast, na Inglaterra, e meus pais sempre me colocaram pra estudar nas melhores escolas de lá, e no ensino médio não foi diferente, me colocaram em uma escola chamada St. Dominic. Meu ensino médio foi, basicamente, eu não me importando com as aulas, fazia o possível pra faltar, e quando não faltava dava algum jeito de ir embora, e quando precisava ficar, odiava tudo e a todos, e só fazia contato com quem poderia ser útil pra mim. Sempre fui muito inteligente, não posso negar, e até hoje não sei como consegui ter o melhor boletim do ano na escola, e ainda ganhei uma medalha por isso. Pra mim, isso é ironia do destino.
Minha mãe sempre percebeu esse comportamento "velho" demais pra minha idade e costumávamos conversar sobre isso. Ela me disse que sabia como era se sentir assim e que conviveu com isso durante anos na vida dela, e até cometeu erros por isso.
A maior parte das pessoas do colegial apenas se importavam em entrar em uma boa faculdade, ou fingiam se importar, pois sabiam que seus pais teriam dinheiro suficiente pra coloca-las dentro de uma das boas. Eu decidi que quero cursar psicologia. É a profissão da minha avó e ela sempre se deu bem nela, e talvez isso me ajude a entender o que passa na minha cabeça, e talvez há ajudar os outros a não passarem por tudo que eu já passei.
Minha mãe que que eu vá pra Universidade de Oxford, uma distância de 5h30 de viagem de avião do local que eu moro. Ela fala que lá é uma boa universidade e eu vou me dar bem pois é próxima de Londres, onde minha mãe ja morou e ela garante que há muitas oportunidades lá. Já meu pai quer que eu vá para a Queen's, que é uma renomada universidade aqui em Belfast e que fica apenas há 15 minutos da minha casa. Sei que meu pai não me quer longe, ele é um pouco distante e evita opinar na minha vida, mas eu estou do lado da minha mãe nessa, já passou da hora de eu abrir minhas asas e descobrir quem eu sou verdadeiramente.
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Tudo dentro de mim vai mudar
RomanceAnna sempre tentou ignorar o mundo e a maior parte das pessoas. Sempre se sentiu deslocada, mas quando entrou na faculdade, tudo mudou, dentro dela e principalmente fora. Seu coração vai conhecer novas sensações, assim como seu corpo. Embarque junto...