Capítulo 7: Nada a perder

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Hoje despertei naturalmente, sem a necessidade do meu barulhento despertador. São 6:00 da manhã. Ontem quando Mike e eu deitamos para ver o filme ainda era cedo, e acabei adormecendo e dormindo a noite inteira, acredito que seja por isso que consegui acordar tão cedo hoje facilmente. Olho em torno do gigante sofá, e Mike não está lá. Espero que ele não tenha se incomodado de termos adormecido juntos. Ele provavelmente deve ter acordado no meio da noite e ir dormido no quarto dele, e tudo bem. Ainda não sei como me sinto em relação ao Mike, ele é muito legal e bonito mas não quero confundir as coisas igual aconteceu com Thomas, não quero ficar magoada de novo. 

Estou usando a mesma roupa de ontem, pego minhas coisas e vou no banheiro para dar uma melhorada na minha cara. Lavo meu rosto, escovo os dentes e coloco uma regata preta e uma calça de moletom cinza (um clássico) e prendo meu cabelo em um coque meio bagunçado. Não sei se dizer se estou bonita ou não, estou natural, e ainda está muito cedo pra passar qualquer tipo de maquiagem. Me sinto a vontade em estar sem maquiagem na frente do Mike. Isso é uma coisa boa, não me sinto insegura perto dele.

Saio do banheiro e volto á sala. Nada do Mike ainda. Deixo minha mochila no canto e decido ir procurar pelo Mike em seu apartamento quase gigante. Passo pela primeira porta fechada e abro, um escritório. Nada de Mike. Passo por outra porta, um quarto bem arrumado, mas pequeno. Este deve ser o quarto de hóspedes, nada de Mike. Na frente deste quarto, outra porta, abro e  vejo um quarto enorme, cheio de fotos pelas paredes. Este deve ser o quarto de Mike. Acho que ele não dormiu aqui, pois a cama está perfeitamente arrumada, então acredito que dormimos a noite toda juntos no sofá. Que vergonha. - bato a mão na minha testa - e dou continuidade ao meu tour pelo apartamento do Mike. Chego á cozinha e vejo uma mesa de vidro toda arrumada para café da manhã. Frutas, geléias, xícaras e pratos, para dois. Reparo um bilhete do lado e o pego para ler.

"Fui comprar pão para o nosso café da manhã. Já que eu volto. Você estava linda dormindo. M"

Eu não tinha um espelho na minha frente, mas sabia que estava corada. Sei que ainda sou nova, mas nenhum menino me tratou com tanta gentileza assim antes. 

Escuto a porta abrir.

Mike: "Então a bela adormecida acordou!" - Observo um sorriso, enquanto ele vem em direção a cozinha onde eu estou.

Anna: "Sim! Dormimos tanto, e eu dormi tão bem. Mike, não precisava ter se preocupado com café da manhã pra mim. Não quero te atrapalhar aqui." - E dou um sorriso envergonhado.

Mike: "Ah, para com isso. Pra mim isso é um prazer. Estou feliz de você estar aqui, e sei que a faculdade acabou de começar, mas já cansei de tomar café da manhã naquela cafeteria ruim do campus. Vamos tomar um café da manhã de verdade." - Ele diz, me entregando uma xícara quentinha de capuccino.

Anna: "Sim, aquela cafeteria é horrível!" - Dou uma gargalhada. - "Mas se você tem essa cozinha linda, cheia de coisas gostosas pra tomar café da manhã, porque você está sempre lá pra tomar café?" -  Pergunto, curiosa.

Mike: "Gosto de estar lá cedo pra tomar café com você. - Ele fala com tranquilidade, enquanto dá um gole no seu capuccino, que está uma delicia.

Como uma fatia de pão integral com geléia, uma banana, e meu capuccino. Estou satisfeita e feliz por ter tomado um café da manhã gostoso. Pronta pra mais um dia, pronta pra procurar minha casa nova.

Mike: "Anna, gostaria de te fazer uma pergunta. Na verdade, isso de início foi sugestão da minha mãe. Como você pode ver, meu lar, é bem grande, e já tem algum tempo em que eu penso em procurar alguém pra dividir o apartamento. Eu estava esperando conhecer pessoas de confiança, antes de sugerir isso pra alguém. Se você não quiser, eu entendo, mas seria legal. Poderíamos tomar café da manhã todos os dias. Prometo comprar esse delicioso pão integral todos os dias. - Ele da risada - Mas sério, seria muito legal se pudéssemos ser colegas de apartamento. Você teria seu quarto, seu banheiro, e eu de forma alguma interromperia sua privacidade. Faz pouco tempo que me mudei, mas me sinto muito sozinho aqui também. Eu me diverti muito ontem com você, assistindo o filme e agora, tomando café da manhã também, gostaria que isso fosse algo frequente. 

Fico meio tonta de início. Será isso uma boa ideia? Trocar um colega de quarto homem, por outro? Entendo que aqui seria diferente. E que estamos falando de duas pessoas completamente diferentes. Aqui é grande, e eu teria meu próprio quarto e banheiro. Talvez. Vou pensar nisso.

Anna:"Eu gostei da ideia, Mike. Mas e as contas? Eu gostaria que, se caso isso acontecesse, fosse tudo 50/50. Aluguel, contas, quero dividir tudo meia a meio.

Vejo o Mike abrir um sorriso gigante. E também talvez eu esteja começando a sentir umas borboletinhas. 

Mike:"Bom, minha mãe comprou o apartamento, então não tem aluguel, apenas o condomínio e as contas comuns. Tenho certeza que o valor deve ser parecido com o que você paga no dormitório da faculdade."

Terminamos o café da manhã, e depois de estarmos devidamente arrumados, vamos para a universidade. Gosto de estar com o Mike e ter ele como colega de apartamento me parece uma boa ideia. 

Estamos um pouco atrasados pra aula, e decido matar a primeira aula pra ir na biblioteca pegar alguns livros. Mike se oferece pra ir comigo, eu agradeço, mas digo que não é necessário. Quero um tempo sozinha pra decidir se devo ir morar com Mike ou não.

Chegando na biblioteca, começo a procurar os livros que são de meu interesse. Chego na estante de psicologia e meu coração enche de alegria ao ver tantos livros de Freud, Schultz, e diversos outros escritores. Por um momento esqueço da bagunça que minha vida está e me lembro do porquê estou aqui, e isso me faz bem. Tenho tendência a "esquecer de quem eu sou", frequentemente, sem ninguém saber, claro. Estou feliz por estar aqui.

Mas como dizem, felicidade dura pouco e sinto dedos cutucando minhas costas.

Me viro, e é aquele fodido do Thomas.

Anna:"O que você quer agora?" - Digo, emburrada, e de braços cruzados.

Thomas:"Quero me desculpar. Vem comigo?"

Anna: "Ir onde, Thomas?"

Thomas:"No caminho eu te explico. Vamos?"

E mais uma vez, deixando minhas emoções acima das razões, eu vou com ele.

Anna: "Vamos." - Digo. Afinal, não tenho nada a perder. Além do meu coração, é claro.

Tudo dentro de mim vai mudarOnde histórias criam vida. Descubra agora