Help (part 2)

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Horas Antes

                                                                          Scarlet

O meu sono durou umas 5 horas até eu ser acordada por várias mensagens. Sentada na cama esperando meu corpo despertar de vez. Pego o celular e dou uma olhada, são mensagens de Molly. Desbloqueio a tela para ler, mas o celular descarrega na hora. Com certeza ela já saiu para curtir com o estranho pelado do sofá. Ela sempre manda mensagens quando está entediada em algum encontro com alguém, e temos um código para essa situação, quando ela mandar mensagens, eu preciso ligar pra ela me passando por sua mãe que precisa de assistência urgente e as histórias sempre mudam, uma tinta de cabelo foi deixada por muitas horas e o cabelo caiu ou ela ficou trancada pra fora de casa e só Molly tem a chave reserva. Qualquer coisa para Molly ter que deixar o cara, plantado no lugar e ela sair as pressas porque ela não sabe dizer simplesmente que não vai rolar. E eu, bom, eu sempre ajudo, apesar de odiar mentir. Ando pela casa a procura do meu carregador, se eu deixar Molly esperando muito, ela mesma vai ter que arrumar uma desculpa e da última vez ela fez um cara chorar. Então, é melhor eu resolver logo esse problema. Procuro nas gavetas e estantes, e nada do carregador. Vou até o sofá e faço uma careta de nojo só de pensar em botar a mão nas almofadas, mas tenho que fazer. Pego as almofadas com as pontas dos dedos e enfim encontro o carregador que estava em baixo delas. Pego celular e coloco pra carregar enquanto vou procurar algum doce para comer. Eba! Chocolate, depois de alguns minutos procurando doces no quarto dela, consigo achar em sua gaveta de revistas. Ela vai me matar, ela ia ficar me devendo uma mesmo depois da ligação. Ah é! Preciso ligar pra ela. Vou até o celular, desbloqueio e procuro a barra de mensagens de Molly. 10 mensagens e 15 ligações perdidas? Alguma coisa está errada. Leio a primeira mensagem e típico.

''SCARR, acho que você vai ter que me salvar, o cara transa bem mas é muito drámatico, diz que nenhum relacionamento dele deu certo e espera que o nosso seja diferente??? ELE ACABOU DE ME CONHECER.''

Dou risada da primeira mensagem e continuo lendo as outras.

''Scar, me liga. O cara é muito estranho, não para de falar coisas estranhas.''

''Amiga, preciso de você, ME LIGA''

A próxima mensagem é em caixa alta.

''SCAR O CARA É LOUCO, ELE NÃO QUER ME DEIXAR IR EMBORA''

A próxima me faz derrubar o celular no chão.

''SCARR ME AJYDA ELE TA ME LEVKANDO PARA UM LIGAR ESTRABFGO, SOCORRRO''

Pego o celular do chão as pressas e ligo pra ela, toca por 9 vezes até aparecer na tela os minutos da ligação. Ela atendeu. Ouço uma respiração ofegante do outro lado da linha.

''Molly?'' Falo com a voz tremendo.

''SCARL..'' Escuto seu grito mas a ligação corta e eu escuto outra voz logo em seguida

''Se quer salvar sua amiga apareça no local indicado, sozinha e com o dinheiro em 1 hora. Não chame a polícia ou sua querida Molly vai acabar perdendo a fala e não vai ser de um jeito bom.'' A voz sinistra ecoa do outro lado e desliga no mesmo instante fazendo minhas pernas bambearem e eu caio no chão desajeitada. Antes que eu posso pensar no que fazer, outra mensagem chega de Molly.

''Brooklyn, 324 Greenpoint Ave. Galpão 16. (5.000 em dinheiro).''

Calma Scarlet, Pensa. O que eu vou fazer? Vou até la sozinha? Sim, não posso arriscar que algo aconteça com Molly. Preciso agir e rápido. Vou correndo até o quarto e  pego uma mochila antiga minha, troco de roupa rápido colocando uma calça jeans escura e uma camiseta de manga longa da mesma cor. Prendo o cabelo e chamo um Uber e coloco duas paradas. Saio pela porta e desço as escadas correndo até chegar a calçada em frente ao meu prédio. Um carro estaciona e eu checo a placa. É o meu Uber. Entro e vejo que é uma moça e sinto um alívio.  Peço para ela ir o mais rápido possível e ela assente e começa a acelerar o carro. Nesse meio tempo preciso pensar. Ir até lá, entregar o dinheiro, não reagir, pegar Molly e sair de lá. A mulher me avisa da primeira parada e eu abro a porta do carro.

''Não vou demorar'' digo e não espero a sua reposta e saio do carro. Avisto o caixa eletrônico e vou até ele. Consigo sacar o dinheiro em 5 minutos, coloco tudo na mochila e corro para o carro novamente. Entro e ela parte. No meio do caminho, vejo que a moça me olha pelo retrovisor, e eu sinto um suor frio descer pelo meu rosto.

''Ta tudo bem?'' Ela pergunta.

''Sim, sim.'' Torço para ela não ter notado a falha na minha voz. Ela me olha por mais uns segundos e volta o seu olhar para estrada. Não demora muito e o GPS diz que chegamos ao destino final. Olho para a moça uma última vez e desejo um bom trabalho e desço devagar do carro para não cair de cara no chão já que minhas pernas não param de tremer. A rua está quase totalmente vazia, a não ser por um cachorro deitado no meio dela e um morador de rua que sorri pra mim enquanto eu passo. Pego o celular para olhar novamente o endereço e olho ao redor procurando o galpão e encontro. A entrada é escura, e mais parece um túnel. Ando devagar e com cuidado para não ser ouvida. Alguém não deveria me esperar na porta? Está estranho. Em meio a escuridão do galpão consigo ver uma porta que por baixo da fresta parece estar claro dentro. Não posso entrar lá sozinha. O que eu vou fazer? Não posso chamar a polícia, não tenho ninguém. Só tenho Molly e eu não posso perdê-la. Meu celular vibra com outra mensagem e meus dedos trêmulos apertam a mensagem errada e vão para as mensagens antigas. Quando finalmente consigo ter o controle dos meus dedos para sair da mensagem, vejo o seu nome. Meus olhos piscam rapidamente e quando vejo já estou ligando para ele, eu sei, é loucura, eu nem o conheço, mas meus sentidos estão trabalhando por conta própria agora. Ele atende e eu congelo.

"Brandon?" Sussurro nervosa.

"Scarlet?" Escuto sua voz confusa antes de mãos me agarrarem por trás e meu nariz é tampado por um pano, sinto um cheiro forte, tento me debater e gritar mas falho, meu celular cai no chão, vou perdendo a consciência aos poucos e a pessoa começa me arrastar pra dentro da escuridão. Antes de me perder totalmente percebo que estou assustada, muito assustada, e não é com o que vai acontecer comigo e sim porque sei que consegui sussurrar algo antes do celular cair, e o que mais me aterroriza é a possibilidade dele ter escutado. O que ele vai pensar? Que sou louca? Ele vai ignorar? É melhor ele ignorar, não posso botar a vida dele em risco assim, ele não é nada meu. Já meio zonza, fecho os olhos. Brandon, será que você vai vir ao meu socorro? É ultima coisa que penso antes de apagar.

My SalvationOnde histórias criam vida. Descubra agora