My Salvation

Cake

Scarlet

Fiquei parada meia hora do lado de fora do prédio dele, criando coragem para entrar, agora que estou finalmente de frente para porta com o número 16, penso em desistir e voltar pra casa. Que ideia louca você teve, Scarlet. Penso e solto um grunhido baixo. Meu Deus tomara que ele não esteja em casa, rezo. Enrolo por mais alguns minutos e decido bater lentamente na porta. Dou duas batidas e a porta abre e um anjo lindo, todo de preto coberto de farinha branca sai por trás dela. Capto seu primeiro olhar confuso e surpreso antes de falar.

''Oi Brandon'' Digo dando um sorriso nervoso.

''Scarlet? O que está fazendo aqui?'' Ele diz claramente surpreso e com uma outra coisa que não consigo decifrar. Por um segundo perco toda a minha coragem vindo até aqui e fico encarando aqueles olhos dourados sem conseguir desviar. Ele retribui por alguns segundos e percebe o que faz e desvia o olhar sacudindo a cabeça, sorrio achando intrigante. Decido falar.

''Oi, eu estava passando por aqui e decidir visitar?'' Falo tentando fazer graça e ele levanta uma sobrancelha para mim.

'' Como sabe onde moro?'' Ele pergunta ainda a feição confusa. Dou um passo para frente.

''Posso entrar?'' Pergunto e ele hesita. ''Eu vou explicar porque estou aqui'' Digo torcendo para ele não fechar a porta na minha cara. Olho para ele que parece que está em um conflito interno. Ele solta um suspiro e abre mais a porta me dando passagem para entrar. Observo o apartamento pequeno enquanto ele fecha a porta atrás de mim. Me viro pra ele.

''Você mora sozinho?'' Pergunto incapaz de parar de ser curiosa. Ele me olha exasperado.

''Por que eu deveria responder se você ainda não respondeu nenhuma das minhas perguntas?'' Diz ele ríspido e eu abaixo o olhar sem graça. Touché. Vai Scarlet, para de enrolar.

''Certo, eu estou aqui porque queria agradecer por ter salvo eu e minha amiga e não ter falado nada do ocorrido com a polícia e por não ter me levado para o hospital. Eu sei que eu pareço uma doida varrida desde quando nos conhecemos, mas eu juro que essas coisas não costumam acontecer, tipo, ligar para um ''estranho'' no meio da noite para pedir ajuda. É só que seu numero estava lá e eu estava assustada, eu não pensei muito. Me desculpa por causar problemas para você, não foi minha intenção.'' Fico sem folego quando termino. Ótimo, estou aqui tagarelando, ele deve me achar muito esquisita. Encaro ele que está com uma expressão tensa no rosto.

''Você não me causou problemas'' É a única coisa que diz e eu fico confusa.

''Mas Molly disse que você não esperou eu acordar e saiu nervoso quando me deixou e casa, imagino que tenha tido problemas'' Explico e observo ele passando as mãos pelos cabelos grossos parecendo cansado ou aborrecido. Não sei interpretar suas reações, é um incógnito para mim.

''Como sabe onde moro?'' Ele repete a pergunta que fez minutos atrás evitando minha curiosidade. Respirei fundo antes de falar uma parte da minha vida para ele, ou de como costumava ser.

''Bom, é um longa história. Meu pai era policial, e desde criança eu sempre fui fissurada no emprego dele, e ele sempre gostou de me manter atualizada sobre alguns benefícios de ser a filha de um policial. Então fiz minhas pesquisas e acabei achando sua ficha criminal, não procurei com a intenção de achar uma, mas era minha única opção para conseguir descobrir onde você morava, juro que nem vi nada sobre o porquê foi preso, eu só procurei pelo seu nome e sobrenome e pulei logo para parte que estava o seu endereço.'' Termino e evito seu olhar por medo de sua reação.

''E como sabe meu sobrenome?'' Ele pergunta calmo como se eu não tivesse acabado de contar que invadi a vida dele e sua privacidade.

''Sua irmã me falou muito sobre você, ela te admira muito'' Digo e dou uma checada em seu rosto. Pela primeira vez sinto que ele desperta do transe em que está desde a minha entrada no apartamento.